Sorri e devolvi o comentário dele:— Só falta você me dizer que a confundiu comigo.— Eu... — Sebastião começou a falar, mas interrompi.— Sebastião, parece que você nem me beijou tantas vezes assim, não é verdade?O rosto dele ficou completamente embaraçado.Namorávamos por mais de três anos. Sim, nós tínhamos dado as mãos e nos abraçado, mas beijos intensos entre um homem e uma mulher? Quase nenhum. Mesmo quando ele me beijava, era sempre algo leve: um beijo na mão, na bochecha, na testa. E, se chegava a beijar meus lábios, era sempre de forma rápida, quase sem contato.Minhas palavras o deixaram sem resposta, e ele começou a ficar visivelmente irritado. De repente, soltou-me e passou a mão pelos cabelos com força.— É, eu fui um idiota que, por um momento, perdeu a cabeça e a beijou. Mas foi só um impulso, não significa nada!— Ah, então, dormir com ela é que significaria alguma coisa? — Retruquei, sarcástica.Sebastião ficou descontrolado.— Você realmente pensa que sou tão baixo a
Na sala de sinuca.Quando Pedro chegou, viu Sebastião jogando sinuca furiosamente. Ficava claro que ele estava ali para descontar a raiva.Pedro não o interrompeu de imediato. Pegou um taco de sinuca e, aproximando-se, sugeriu com um sorriso:— Vamos jogar como de costume?Sebastião o ignorou, continuando a bater nas bolas de sinuca com força, mas sem precisão. Depois de errar várias tacadas seguidas, jogou o taco sobre a mesa e saiu a passos largos.Pedro colocou o taco de volta no suporte e foi atrás dele.— O que foi que a Carolina fez dessa vez? — Perguntou ele, já conhecendo a resposta.— Quem disse que tem a ver com ela? Não mencione o nome dela na minha frente. — Sebastião respondeu, furioso.Pedro riu.— Quem mais te deixaria nesse estado? É porque ela não te quer mais, né? E você não consegue aceitar isso.Pedro sempre ia direto ao ponto, e dessa vez não foi diferente.Sebastião virou-se bruscamente e agarrou a gola da camisa de Pedro.— Cala a boca!— O que foi que eu disse d
Olhei imediatamente para George e repreendi Ana:— Você tá falando besteira, tá sonolenta. O que é que você tá dizendo?— Eu não tô falando besteira! Só tô dizendo que vocês dois são uns viciados em trabalho. Eu acho que não vou aguentar muito mais. — Ana se jogou no banco do carro, exausta.— Vai aguentar sim, falta pouco. — Eu tinha checado o cronograma hoje e, pelo nosso ritmo atual, terminaríamos tudo em cerca de dez dias.— Quanto tempo falta? — Ana parecia que não queria aguentar nem mais um dia.Olhei para o espelho retrovisor, onde vi George, e respondi:— Uns dez dias, eu acho.— Dez dias... — Ana suspirou como se fosse o fim do mundo.Quando chegamos ao hotel, Ana já estava dormindo profundamente. Chamei por ela várias vezes, mas não consegui acordá-la. Por fim, aproximei minha boca do ouvido dela e brinquei:— Se você não levantar, vou pedir pro George te carregar.— Pode carregar. — Ana estendeu os braços, ainda meio grogue.Ri da situação e puxei-a para fora do carro:— Va
— Mano? O que você tá fazendo aqui?Mesmo já sabendo a resposta ao vê-lo com aquela roupa, fiz a pergunta por pura formalidade. A situação, para mim, era tão absurda que eu não consegui evitar a curiosidade. Só porque George estava trabalhando comigo, agora a família Martins inteira precisava se envolver?O mais estranho era que Miguel tinha passado os últimos anos no exterior. Ele não devia estar voltando para lá? E agora, de repente, ele estava no Grupo Martins? Será que ele tinha decidido ficar no país de vez?— Estou aqui pra trabalhar, gerente Carolina. A partir de agora, conto com você. — Disse Miguel, com um sorriso que não escondia a ironia, estendendo a mão.Mesmo ainda chocada, apertei a mão dele, tentando manter a compostura.— Seja bem-vindo, irmão...Minha voz vacilou. Não sabia como chamá-lo. Agora que ele fazia parte da equipe, nosso relacionamento era profissional, e chamá-lo de "irmão" parecia inadequado.— Pode continuar me chamando de irmão. — Miguel sorriu com aquel
Não dava pra esconder nada dele.Afastei-me do peito de George e, para quebrar o clima, falei:— Você passou dos limites. O Miguel é meu chefe, e você simplesmente saiu distribuindo trabalho pra ele?— Ele chegou depois. Não vou deixar ele nos mandar, né? — George respondeu, e eu não tive como retrucar.Por mais que Miguel fosse competente, ele não entendia o que estávamos fazendo no momento.— O quê? Você quer trabalhar com ele? — George perguntou de repente.— Claro que não! — Neguei prontamente, e ao olhar para ele, vi um sorriso rápido passar por seus lábios.Continuámos nosso trabalho como de costume. Miguel não voltou a se aproximar, mas Ana logo veio correndo em nossa direção:— Carolina, o que tá pegando? O chefe veio fiscalizar pessoalmente?— Isso mesmo. E ele vai trabalhar com você no teste da iluminação. — Respondi, vendo os olhos de Ana se arregalarem.— Ah, não, Carolina! Não faz isso comigo! Eu não quero trabalhar com o chefe. Você que devia ficar com ele. Se fizer algum
Obedeci e parei de me mexer, mas, sem querer, o abracei ainda mais forte.Foi nesse momento que percebi o som forte e ritmado do coração dele batendo bem perto do meu ouvido. Só então me dei conta de que estava deitada contra o peito de George.Mas, apesar disso, o medo de cair ainda era mais forte do que qualquer outra sensação. Apertei-o com mais força, como se só o contato com ele pudesse garantir que eu não estava me mexendo e que era apenas a plataforma que balançava.Depois de um tempo, o balanço parou. Mas eu ainda estava agarrada a George, até que ouvi a voz dele:— Parece que temos mais uma nova colega de trabalho.Confusa, me afastei um pouco e olhei para baixo. Quando vi o que ele estava falando, fiquei estática. Além de confusa, uma onda de raiva subiu pelo meu corpo, e eu rapidamente desci a plataforma.Ao chegar no chão, dei de cara com Lídia, exibindo seu sorriso falsamente doce.— Gerente Carolina.Eu não estava no clima para ser educada. Com a voz carregada de desagrad
— Chefe Sebastião, agora só estou sendo cruel nas palavras. Pode ser que eu acabe sendo ainda mais cruel nas ações. Se você está preocupado, então tire ela daqui. Ou então... — Olhei para Miguel e completei. — Posso arranjar alguém pra protegê-la 24 horas por dia?Sebastião, sem perceber minha intenção, respondeu:— Ótimo! Se você mesma cuidar dela, eu fico ainda mais tranquilo.— Isso não vai acontecer. Não estou com tempo sobrando. — Finalizei, desligando o telefone na cara dele.Lídia aproveitou a deixa para falar:— Gerente Carolina, você não precisa ser tão hostil comigo. Eu sei me cuidar.— Você tem pernas e braços funcionando e, pelo visto, a cabeça no lugar. Também acho que pode se virar. Mas, como dizem, é melhor prevenir do que remediar. — Minha resposta fez Ana apertar os lábios, claramente segurando uma risada.— O chefe Sebastião mencionou no telefone que vai colocar alguém pra te proteger 24 horas. Mas acho que nem precisa disso tudo, né? Afinal, enquanto você dorme, a ún
Um pirulito como prêmio? Ele achava que eu era uma criança?Estava prestes a chamá-lo de infantil, mas ele enfiou o doce na minha mão antes que eu pudesse falar algo. Depois, foi até a mesa e pegou uma garrafa de água, trazendo meu copo junto.George se sentou em um dos bancos de descanso e deu dois tapinhas no banco ao lado dele:— Vem, descansa um pouco.Eu não estava cansada. Na verdade, não tinha feito nada além de lidar com as confusões de hoje. Mas como George já estava sentado, acabei me sentando também. Sem ele, eu não conseguiria continuar o trabalho de qualquer forma.Enquanto me acomodava, percebi que ele estava, de fato, conduzindo o ritmo de tudo.— Você foi bem dura agora há pouco. — George comentou.Tomei um gole de água.— Fui? — Perguntei, sem dar muita atenção.— Foi, sim. Assustou todo mundo.A resposta de George me fez olhar para ele de lado. Ele assentiu com a cabeça, confirmando:— De verdade.Por algum motivo, aquele comentário vindo de George parecia até fofo. E