Obedeci e parei de me mexer, mas, sem querer, o abracei ainda mais forte.Foi nesse momento que percebi o som forte e ritmado do coração dele batendo bem perto do meu ouvido. Só então me dei conta de que estava deitada contra o peito de George.Mas, apesar disso, o medo de cair ainda era mais forte do que qualquer outra sensação. Apertei-o com mais força, como se só o contato com ele pudesse garantir que eu não estava me mexendo e que era apenas a plataforma que balançava.Depois de um tempo, o balanço parou. Mas eu ainda estava agarrada a George, até que ouvi a voz dele:— Parece que temos mais uma nova colega de trabalho.Confusa, me afastei um pouco e olhei para baixo. Quando vi o que ele estava falando, fiquei estática. Além de confusa, uma onda de raiva subiu pelo meu corpo, e eu rapidamente desci a plataforma.Ao chegar no chão, dei de cara com Lídia, exibindo seu sorriso falsamente doce.— Gerente Carolina.Eu não estava no clima para ser educada. Com a voz carregada de desagrad
— Chefe Sebastião, agora só estou sendo cruel nas palavras. Pode ser que eu acabe sendo ainda mais cruel nas ações. Se você está preocupado, então tire ela daqui. Ou então... — Olhei para Miguel e completei. — Posso arranjar alguém pra protegê-la 24 horas por dia?Sebastião, sem perceber minha intenção, respondeu:— Ótimo! Se você mesma cuidar dela, eu fico ainda mais tranquilo.— Isso não vai acontecer. Não estou com tempo sobrando. — Finalizei, desligando o telefone na cara dele.Lídia aproveitou a deixa para falar:— Gerente Carolina, você não precisa ser tão hostil comigo. Eu sei me cuidar.— Você tem pernas e braços funcionando e, pelo visto, a cabeça no lugar. Também acho que pode se virar. Mas, como dizem, é melhor prevenir do que remediar. — Minha resposta fez Ana apertar os lábios, claramente segurando uma risada.— O chefe Sebastião mencionou no telefone que vai colocar alguém pra te proteger 24 horas. Mas acho que nem precisa disso tudo, né? Afinal, enquanto você dorme, a ún
Um pirulito como prêmio? Ele achava que eu era uma criança?Estava prestes a chamá-lo de infantil, mas ele enfiou o doce na minha mão antes que eu pudesse falar algo. Depois, foi até a mesa e pegou uma garrafa de água, trazendo meu copo junto.George se sentou em um dos bancos de descanso e deu dois tapinhas no banco ao lado dele:— Vem, descansa um pouco.Eu não estava cansada. Na verdade, não tinha feito nada além de lidar com as confusões de hoje. Mas como George já estava sentado, acabei me sentando também. Sem ele, eu não conseguiria continuar o trabalho de qualquer forma.Enquanto me acomodava, percebi que ele estava, de fato, conduzindo o ritmo de tudo.— Você foi bem dura agora há pouco. — George comentou.Tomei um gole de água.— Fui? — Perguntei, sem dar muita atenção.— Foi, sim. Assustou todo mundo.A resposta de George me fez olhar para ele de lado. Ele assentiu com a cabeça, confirmando:— De verdade.Por algum motivo, aquele comentário vindo de George parecia até fofo. E
Eu não me mexi. George subiu plataforma elevatória e me chamou:— Venha, suba comigo.Eu segurava o pirulito na mão, olhando para ele, até que ele falou de novo:— Ainda tem um ajuste que precisa da sua avaliação.Ele disse isso da mesma forma de antes, quando me chamou para subir. Mas da outra vez, o que foi que eu vi?— George, estamos no horário de trabalho. Não use seu cargo para interesses pessoais nem tente me enganar. — Eu o adverti.Ele assentiu obediente, mas continuou parado ali, como se estivesse determinado a me esperar.Eu não tive escolha senão levantar e caminhar em sua direção. Quando estava prestes a subir na plataforma, ele estendeu a mão para me puxar, mas eu desviei.No entanto, assim que coloquei um pé na plataforma, ele balançou de repente. Instintivamente, estendi a mão e agarrei o braço dele.Senti meu rosto corar de vergonha imediatamente, enquanto ele olhava ao redor, murmurando:— Essa plataforma vai precisar de uma revisão... Como pode balançar assim do nada
Voltei para a empresa e, coincidentemente, Sebastião também estava lá.— Sr. Sebastião, aqui está minha carta de demissão. Já enviei o pedido de desligamento ao departamento de Recursos Humanos. — Disse, entregando a ele o documento que eu já tinha redigido há algum tempo.Sebastião pegou a carta, deu uma olhada rápida e a jogou na mesa, me encarando com desdém.— Carolina, você está ficando cada vez mais ridícula. Pare com esse drama!Ele achava que eu estava fazendo drama. Mas, desde que o conheci, nunca fiz nenhuma cena.No começo, quando morava na casa dele, eu era uma hóspede sem voz, sem direito de reclamar. Depois, quando me apaixonei por ele, não tive coragem de criar confusão.Antes do acidente dos meus pais, eu era o centro das atenções, a filha mimada. Ter pequenos ataques de raiva era normal. Mas, depois que entrei para a família Martins, essa palavra desapareceu do meu vocabulário.— Eu sou o tipo de pessoa que faz drama? Quando foi que eu fiz isso com você? — Perguntei ca
Sebastião apertou meu corpo com mais força:— Eu já expliquei, naquela vez eu estava bêbado. Foi um momento de confusão.— Se você errou uma vez, pode errar de novo. E você sabe, com certas coisas, pra mim, um erro basta. — Deixei clara minha posição mais uma vez.— Para de se fazer de santa! — Ele explodiu, xingando.Aquela atitude dele só me deixava ainda mais decepcionada. Será que eu estava fora de mim no passado para ter me apaixonado por um homem assim?— Carolina, você só quer me deixar. Está louca para sair por aí com qualquer homem. Não pense que eu não sei. — Ele continuava com suas acusações sem sentido.Eu estava exausta de discutir com ele:— Se é isso o que você pensa, então tudo bem. Eu sei que o que mais te machuca é o orgulho, que você não suporta ser traído. Por isso, sendo eu essa mulher desleal e infiel, por que não me solta logo? Me deixa ir embora, não seria melhor?Eu estava tentando me salvar, mas minhas palavras só o enfureceram mais. Sebastião inclinou-se, ten
— Então você bateu foi pouco! Devia ter quebrado a cabeça dele de vez, aquele idiota! Quando estava na cama com você, ele não te queria. Agora quer te forçar? Você fez muito bem em quebrar a cabeça dele! — Luana disparou, sem a menor compostura de uma médica respeitada.— Ele é o típico homem que não suporta perder. Sempre achou que eu nunca iria deixá-lo, e agora que percebeu que estou realmente indo embora, ficou louco. — Expliquei.Luana concordou prontamente e ainda acrescentou:— Ele só agora se deu conta de que te ama. E não pode suportar a ideia de você com outro homem.Claro. Ele fez de tudo para me impedir de trabalhar com George. Primeiro enviou Miguel para me vigiar, depois Lídia. Chegou ao ponto de atrapalhar meu trabalho no parque de diversões.Mas George prometeu que iria terminar o serviço. Tinha certeza de que ele iria cumprir.— Carol, se o Sebastião tentar alguma coisa de novo, você bate nele de novo. Toda vez que ele fizer isso, você o faz pagar até ele aprender. — L
— Sua demissão não tem validade. — Miguel disse com uma autoridade que transparecia sua posição de poder.Eu sabia que ele tinha esse direito, e mesmo que não tivesse, poderia facilmente fazer João intervir e invalidar a decisão de Sebastião. Mas eu não queria isso.Então, respondi, tentando cortá-lo:— Sebastião já concordou.Afinal, neste momento, Sebastião era o verdadeiro chefe do Grupo Martins, e Miguel ainda não era.Do outro lado da linha, Miguel ficou em silêncio por alguns segundos antes de perguntar:— Onde você está?Desde que me mudei, apenas Luana e George sabiam onde eu estava. Mas eu não podia garantir que Miguel não fosse capaz de adivinhar. Ele sempre esteve atento a mim, lembrando até do número do celular que eu raramente usava. Talvez ele conseguisse descobrir, mas não pretendia facilitar as coisas.— Miguel, o parque de diversões foi meu projeto nos últimos dois anos. Agora, o que falta, eu confio que você vai finalizar. — Respondi, tentando mudar de assunto.— Caro