— Cunhada, obrigada por amar meu irmão, por aceitá-lo! — Disse Benedita, com um sorriso doce, ao mesmo tempo em que levantava as duas mãos para me entregar a xícara de chá. Seus olhos estavam repletos de lágrimas, brilhando como diamantes sob a luz suave.Nesse momento, meus olhos se umedeceram também, de forma inesperada.Mas, ao contrário da emoção, eu sorri e disse:— Olha só o que você está dizendo, como se seu irmão não fosse ninguém, como se ninguém mais o quisesse.Benedita fez uma careta, e eu peguei a xícara de chá que ela me oferecia. Ao dar o primeiro gole, um aroma fresco e limpo de flores se espalhou pela minha boca. A sensação era como um toque celestial.Nunca tinha experimentado algo tão puro e doce, sem igual.Era, sem dúvida, água do orvalho, a água dos céus, não era algo comum.— Cunhada, meu irmão não tem namorada, ele diz que tem medo de que a esposa não goste de mim, que me rejeite... — Benedita começou a falar, mas parou repentinamente, como se uma dor inesperada
Benedita me olhou com os olhos brilhando intensamente, quase como se estivesse esperando uma resposta.— Cunhada, você tem alguma solução? — Perguntou ela, com uma expressão de esperança que iluminava o ambiente.Eu fiquei em silêncio por alguns segundos, tentando encontrar as palavras.Soluções, eu tinha, sem dúvida. Mas, ao pensar no que George não se atreveu a fazer, eu me perguntava: seria eu capaz de arriscar?Se desse certo, seria maravilhoso. Mas, se falhasse, não seria apenas George quem me condenaria. Seria o peso da culpa e da tristeza que ele carregaria pela vida toda. Eu sabia que ele jamais me perdoaria. E o pior, o sofrimento dele seria insuportável.— Cunhada, você também não tem uma solução, né? — Benedita interpretou meu silêncio como uma resposta negativa.Ela abaixou os olhos, seu semblante carregado de uma melancolia profunda.— Meu irmão nem ao menos tenta, porque o risco é muito grande. Eu sei que, do jeito que estou, ninguém pode garantir nada.Ela suspirou, e en
Quando eu falei isso, Benedita ficou com a face pálida, e logo balançou a cabeça, segurando-me com força.— Cunhada, não é o que você está pensando! Meu irmão nunca gostou de outra garota, você é a primeira para ele.Vendo a expressão assustada dela, com os lábios quase sem cor, eu percebi que não podia assustá-la ainda mais. Ela tem problemas cardíacos, e não pode suportar sustos desse tipo.Levantei a mão e toquei levemente sua ponta do nariz.— Olha como você está nervosa. Eu sei, seu irmão já me disse que nunca teve namorada.Benedita assentiu com um sorriso tímido e completou:— Ele também nunca gostou de outra menina.Essa menina é realmente pura, sem uma mancha sequer. Se um dia ela começar a namorar, não vai aceitar nada que não seja genuíno. Mas, olhando para ela, me perguntei, no mundo de hoje, quantos ainda são tão puros como ela?De repente, uma preocupação me invadiu. E se ela se machucar quando começar a se apaixonar? Eu estava me preocupando demais, talvez. Mas essa meni
Benedita era a irmã dele, ou melhor, poderia ser chamada de sua filha adotiva, pois foi ele quem a criou. Esse vínculo era tão profundo que deveria ser o que fez o geralmente implacável George agir com tanto cuidado e cautela.Benedita me contou várias histórias engraçadas sobre ela e George, e também falou sobre esse pequeno quintal, que George construiu com suas próprias mãos, tijolo por tijolo.Ela disse que quando George estava por lá, ele pescava para ela e fazia peixe assado, que ele cozinhava muito deliciosa, uma habilidade que ele aperfeiçoou só para alimentá-la.Através das histórias que Benedita compartilhou, comecei a entender melhor George, e isso fez meu coração se apertar.Na verdade, todo seu comportamento peculiar e independente foi forjado pela responsabilidade e solidão.Benedita adormeceu enquanto falava, e eu olhei para seu rosto tranquilo, de repente senti uma vontade imensa de ligar para George, para contar a ele que eu iria cuidar dele, e não o deixaria sempre a
Benedita estava tão solitária que parecia querer me prender ali para sempre.Eu só tinha dois dias de folga, mas, para ficar com ela, acabei pedindo mais dois dias de folga para Edgar.Mas, como diz o ditado, "não há festa que nunca acabe". Eu sabia que, eventualmente, teria que partir.Ela me preparou chá de flores, feito com orvalho, e também me fez alguns pratos cozidos no vapor com pólen e pétalas, como se quisesse me dar tudo o que havia de melhor nela.Eu sabia o quanto ela gostava de mim, e essa afeição me trouxe uma responsabilidade que eu não sabia como lidar.— Cunhada, quando você tiver tempo, venha me ver. — Disse Benedita, sem me olhar.Era claro que ela estava segurando as lágrimas, não querendo que eu visse.Era o tipo de garota frágil por fora, mas forte por dentro.— Tá bom. — Respondi, também não conseguindo dizer mais nada, porque minha própria garganta estava apertada.Eu sentia o narizinho ardendo, e sabia que, se começasse a falar, as lágrimas viriam antes de eu c
Eu não fazia ideia do que ele queria que eu fizesse. Fiquei em silêncio, sem responder, mas ele continuou:— Meus pais não conseguem aceitar a Lídia agora, principalmente minha mãe. Será que você poderia falar algumas palavras boas sobre ela na frente da minha mãe?Essas palavras foram um golpe no meu coração!Eu realmente achava que Sebastião estava sendo mal-intencionado.Ele queria que eu defendesse Lídia? Se ele estivesse em pleno juízo, então estava achando que sou fácil de manipular.— Sr. Sebastião, se você quer que eu falo por ela, então posso garantir que não serão boas palavras. — Respondi, sem tentar ser bondade.— Carol...— Sebastião, eu não sou um anjo, não sou tão magnânima assim. E, além disso, eu não tenho nenhum vínculo com Lídia. Por que eu deveria falar bem dela? — Perguntei, com firmeza.Na hora, ele me perguntou:— Você está assim por causa de ciúmes?— Ha! — Dei uma risada seca, cheia de ironia. — Ah, então você queria saber se estou com ciúmes? Pois saiba que vo
Luana sempre foi a mais lúcida, mas também a mais cabeça-dura. Em algumas situações, ela parecia fazer julgamentos sem sequer tentar entender todas as possibilidades.Eu, por outro lado, sempre acreditei que cada pessoa tem seu próprio tempo e forma de lidar com as coisas. E, por mais que nossa amizade fosse profunda, eu sabia que não podia interferir em suas escolhas.Cada um tem seu próprio caminho, suas próprias conclusões. Mesmo que nos conhecêssemos tão bem, ainda éramos indivíduos com experiências e pensamentos distintos.Passei a noite na casa de Luana e só voltei para casa no dia seguinte, sem ter visto George.Quando a empregada lá de casa perguntou se eu tinha ido viajar com o meu namorado, pois já fazia alguns dias que não o via, foi que eu percebi que George ainda não tinha voltado.Apesar de Ana ter dito que ele estava ocupado, eu já sabia o suficiente para entender que George só ficava naquela casa porque eu estava lá.Quando eu estava presente, ele voltava todos os dias;
Sabia que, nessa visita à casa dele, Benedita certamente havia revelado tudo o que estava acontecendo.— Se você gostar desse lugar, quem sabe... — Ele começou, mas parou sem continuar a frase.Levantei uma sobrancelha, desconfiada, e perguntei:— Quem sabe o quê?A garganta de George se moveu, engolindo em seco, e então ele disse, com um tom mais baixo:— Quem sabe... talvez possa ir lá descansar, quando for mais velha.— Sozinha? — Não consegui evitar a resposta rápida, antes de refletir.Ele olhou para mim com um sorriso leve e respondeu sem hesitar:— Eu posso te acompanhar, se você quiser. — E, como sempre, George era direto e sem rodeios.Mas, nesse momento, eu me recuei. O futuro era imprevisível, e nem pensar em algo tão distante como a velhice. Quem poderia garantir o que viria?— Eu procurei especialistas para Benedita nessa área, me passe os registros médicos dela. — Mudei de assunto, de forma direta.Na noite anterior, eu ainda estava pensando que Luana era uma covarde. Mas