Capítulo 4
A água do balde não conseguiu deixar Carolina acorda, mas a febre repentinamente a acometeu.

- O que está acontecendo? Rápido, vamos salvá-la! - Coincidentemente, um médico estava fazendo sua ronda e, ao ver a palidez de Carolina, fez uma avaliação preliminar. - Leve-a imediatamente para a sala de emergência!

Pedro permaneceu parado, com os dedos dormentes, agarrando bruscamente a gola da camisa de Rui. - Você disse que ela estava fingindo?

Rui também estava nervoso e, ao afastar a mão de Pedro, respondeu: - Como eu poderia saber? Ela é uma mestre em fingir, já ouviu a fábula do Lobo em Pele de Cordeiro?

- Não se preocupe, ela não vai morrer. - Ana, exibia toda a sua aura de senhora rica, calçando saltos altos, afirmou com firmeza. - Doutor, já que ela concordou em doar um rim para a nossa Luana, por favor, aproveite para verificar se os rins dela são compatíveis.

O médico franzia o cenho. - Primeiramente, vamos salvá-la.

- Dr. Pinto, seu pai e o pai do nosso João são bons amigos, há coisas que eu não vou dizer tão claramente. - Ana falou com significado, claramente pedindo ao médico que não interferisse demais, que realizasse a cirurgia de transplante, considerando que todos concordaram e assinaram os acordos, mesmo se algo saísse errado, o médico e o hospital não teriam muita responsabilidade.

Carolina foi levada pelos funcionários da sala de emergência, enquanto Sebastião Pinto se levantou, arrumou seu jaleco branco e lançou um olhar para Pedro e Rui.

- Sra. Nunes, eu sou apenas um médico, curar e salvar vidas é minha missão, o resto não está dentro da minha responsabilidade.

- Você! - Rui ficou irritado e queria dizer algo, mas foi interrompido por Ana.

- Não se apresse, mais tarde peça ao seu pai para ligar para o pai dele, esses médicos, todos têm vaidade, há algumas coisas que não devem ser ditas abertamente. - Ana olhou para Pedro. - Pedro, Luana é sua noiva, você tem a responsabilidade de cuidar bem dela.

Pedro assentiu. "Tia, eu vou cuidar dela."

...

Na sala de emergência.

- Carolinha, você precisa resistir, não desista, seu irmão está lá fora te esperando, não tenha medo, não tenha medo de nada, seu irmão está aqui.

- Carolinha, seu irmão não vai te abandonar.

Sob a luz brilhante, a consciência de Carolina estava um pouco confusa.

Há cinco anos, ela quase morreu ao dar à luz prematuramente e sofrer uma hemorragia grave.

Ninguém se importou com sua vida ou morte, ironicamente, quem ficou ao lado de sua enfermaria para tranquilizá-la não foi Rui, mas seu irmão mais velho, Augusto Martins, com quem ela não teve contato por mais de vinte anos.

- Dr. Pinto, por favor, veja o estado da paciente. Ela está desnutrida há muito tempo, tem muitas feridas antigas e novas... ... devemos chamar a polícia? - Na sala de exames, a enfermeira perguntou com nervosismo.

Aquela mulher parecia ter sido vítima de abusos por um longo período.

- Não é necessário. - Sebastião franzia o cenho.

Ele sabia quem era Carolina Silva, a falsa jovem senhora da família Silva, que havia causado um escândalo em Cidade A há cinco anos. Sua desnutrição era compreensível após sair da prisão.

- E os familiares da paciente? - Sebastião olhou para Pedro, que estava fumando perto da área de fumantes.

- Ela não tem familiares. - Pedro respondeu em um tom grave.

- A paciente está muito fraca, com um ritmo cardíaco sinusal lento, o que pode ser devido à desnutrição crônica, não atende aos critérios para doação de rim. - Sebastião ignorou Pedro e tomou sua decisão.

-Sebastião Pinto, certo? Pedro jogou fora o cigarro e olhou friamente para o médico. -Ela já concordou em doar, você como médico, não se intrometa demais.

Sebastião fechou o prontuário, sua presença não perdia para a de Pedro, na verdade, era ainda mais imponente. -Você tem duas opções: leve-a para casa e cuide bem dela, melhore sua nutrição até que atinja o peso adequado, então faremos outro exame. A segunda opção é escolher um doador compatível da lista de voluntários que eu fornecerei e fazer o transplante o mais rápido possível.

Pedro franziu a testa. -Escolho a primeira opção.

Após dizer isso, Pedro saiu.

- Sebastião, o que essa mulher tem com eles? Por que eles estão tão determinados a pegar o rim dela? - A enfermeira sussurrou, sem entender.

Sebastião não disse nada, apenas balançou a cabeça, não querendo se envolver nas intrigas entre as famílias Santos e Silva.

...

No quarto.

Depois que saiu da sala de emergência, Carolina se apoiou na beira da cama enquanto recebia soro.

Quando os médicos saíram, Carolina aproveitou o momento em que o quarto estava vazio, puxou o cateter e escapou pela janela do banheiro.

Ela sabia que a família Silva e Pedro não a deixariam escapar, então precisava encontrar uma maneira de se salvar.

Mesmo que fosse pela vida de seu filho, ela tinha que sobreviver.

Há cinco anos, ela quase morreu no parto do seu filho...

Mesmo sem saber quem era o pai biológico da criança, o filho era inocente.

Carolina nunca culpou a criança, nunca sentiu ódio.

Ela sabia que aquele era a continuação de sua vida, sua motivação para sobreviver durante os cinco anos na prisão.

Ao sair do hospital, Carolina ligou de um telefone público.

- Finalmente decidiu me ligar? - Do outro lado da linha, uma voz masculina e grave respondeu. - Eu disse que se quisesse sobreviver, só teria um caminho: colaborar comigo. Se não fosse eu te protegendo todos esses anos, você teria morrido na prisão.

- Eu concordo em colaborar, tentarei me aproximar de José... - A voz de Carolina estava trêmula. - Mas não tenho certeza se José se interessará por mim.

Quem é José? O orgulho da família, um gênio nos negócios, o homem no topo da cadeia alimentar empresarial.

Um patamar inatingível para a atual Carolina.

- Não se preocupe, Pedro não vai deixar você escapar facilmente. Você terá muitas oportunidades de encontrar José, você precisa aproveitá-las.
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