No caminho para o aeroporto, Afonso estava a ligar para encomendar um presente valioso. Carolina não o impediu, afinal, poderia ser útil.— A adega de Lucas Vítor adquiriu uma garrafa de vinho tinto ano passado, com um valor de coleção bem alto, e o preço até que é razoável — comentou Afonso a José. José não disse nada e apenas olhou para Carolina.— Quanto... Quanto custa? — Carolina perguntou.— Mais de um milhão — Afonso sorriu.Carolina respirou fundo. — Acho que não deveríamos oferecer um presente tão caro. O projeto de cidade S foi aberto a licitação pelo André, e o Grupo de Santos já é um marco no setor. O fato de virmos discutir o projeto e nos encontrarmos com ele antes do tempo já é uma grande consideração. Em colaborações comerciais, a “consideração” deve ser medida: dar demais pode passar a impressão de insegurança.Afonso ficou um pouco surpreso. — Mas, só com caranguejos... é meio sem graça, não acha?— A mãe de André gosta de caranguejos. Agora não é a melhor época para
Afonso dirigia o carro e freou bruscamente no semáforo, se virando surpreendido para olhar para Carolina. Que ousadia ela tinha! José, por reflexo, estendeu o braço para proteger Carolina, franzindo as sobrancelhas com desagrado enquanto olhava para Afonso. — Sabe dirigir? — Sr. José, peço desculpa. — Afonso sabia quando recuar e seu tom ao pedir desculpas sempre era impecável. — Edner é um velho astuto da empresa. O Sr. José quer afastar ele, mas como está aqui há muitos anos, mandar ele embora pode causar um rebuliço, dar a impressão de que estamos descartando alguém após o usar. Então, mesmo com muitas provas contra Edner, não seria bom demitir ele diretamente, e o Sr. Santos tem segurado o assunto. Carolina assentiu, entendendo a situação. — Com uma pessoa assim, podemos o destruir com elogios. José olhou para Carolina, visivelmente interessado. — Ah, é? — Ele… ele tem orgulho, então vamos inflar o ego dele. Se a moral dele não condiz com o cargo, ele acabará se afundando.
Sofia ficou parada por um momento, abaixou a cabeça e murmurou em voz baixa:— Você disse que ia se responsabilizar por mim... O senhor Santos já concordou com o casamento entre nossas famílias. Hoje, a mídia já está cobrindo isso. Os jornalistas entrevistaram o senhor Santos, e ele confirmou. Na perpetiva de Sofia, isso já estava mais do que certo. O casamento entre ela e José era uma vantagem, sem desvantagens para ninguém. Além disso, José não tinha motivo para recusar. Afinal, Ricardo já havia dado seu consentimento e até confirmado publicamente.Se José recusasse ou negasse, isso seria como um tapa na cara de Ricardo, seu próprio pai. José não estava em uma posição segura dentro do Grupo Santos, sua posição era instável, e o que ele tinha poderia facilmente ser tomado por Lídia e Pedro. Somente um casamento de conveniência garantiria a estabilidade de José dentro do Grupo Santos e solidificaria seu valor no mercado.Portanto, se José não fosse tolo, não negaria.Carolina segurava
José abriu os olhos e suspirou.— Tem tanto medo de mim?Carolina abaixou a cabeça e se encolheu em direção à janela.— Estamos no avião, quer sair? — José percebeu que já começava a gostar de provocar Carolina.Carolina olhou para José encolhidamente e depois deu uma olhadela rápida para Afonso e Sofia.Afonso estava sentado ao lado de Sofia, lançando a Carolina um olhar ressentido.Carolina respirou fundo, limpou a garganta e perguntou:— Sr. José, ainda deseja reservar um quarto para a Srta. Sofia?— Não me importo. — José murmurou, fechando os olhos novamente para descansar.Carolina não se atreveu a dizer mais nada, a presença de José estava carregada de tensão.O voo de Cidade A para Cidade S durava pouco mais de três horas. Carolina não fechou os olhos em nenhum momento, se mantendo no canto com cuidado e olhando José de esguelha. O homem era realmente bonito.Tanto a aparência quanto o físico, e a própria aura que emanava.Ele nem precisava falar. Só o fato de estar ali, descan
— José, eu ouvi dizer que Lídia e Pedro chegaram com antecedência em Cidade S. André comentou que o assistente deles mandou um presente no valor de três milhões. Eu sei que você não quer perder este projeto para o Pedro, afinal... — Sofia suspirou, com uma expressão de preocupação por José. — Carolinha, o que você preparou de presente para o presidente Pereira?Sofia queria ver Carolina passar vergonha. Se o presente dela tivesse menos valor e elegância que o de Pedro e Lídia, seria alvo de risadas com certeza.— Caranguejo... caranguejo-da-china. — Respondeu Carolina em tom baixinho.— O quê? — Sofia sabia que Carolina provavelmente escolheria algo simples e não muito caro, mas ao ouvir “caranguejo-da-china” achou que tinha entendido errado.— Caranguejo-da-china... — Carolina repetiu.Sofia ficou muda por um instante antes de cobrir a boca e rir alto.— Carolina, você está falando sério?Depois de rir de Carolina, Sofia se virou para José.— José, caranguejo-da-china? Que tipo de pre
Sofia estava visivelmente incomodada, com os dedos bem apertados.— Dessa vez viemos às pressas e não preparei um verdadeiro presente. As caranguejeiras que Carolina enviou antecipadamente foram recebidas pela mãe do Sr. André? Ela gostou? — José perguntou calmamente, com aquele ar frio e distante de sempre.Assim que ouviu José a chamar, Carolina ficou completamente sem jeito e se aproximou, um tanto desconcertada:— Presidente Pereira, há quanto tempo não o vejo.André parou por um instante, e o sorriso em seu rosto foi aos poucos se transformando em uma expressão de surpresa:— Carolina?Carolina esboçou um sorriso tímido.Sofia também ficou perplexa. Carolina conhecia o André?— Conhece a Carolina?— A Carolina também é minha colega de universidade, uma prodigiosa aluna do curso de Finanças. Ela entrou como a primeira colocada, e eu, como presidente do conselho estudantil, fiz questão de receber ela pessoalmente. — Explicou André, visivelmente satisfeito com o encontro. — E realmen
— Eu e o Sr. André também tivemos uma conexão imediata. Fico feliz em pegar uma carona com você. — José disse sorrindo, abrindo ele mesmo a porta do passageiro da frente para André.— ... — André ficou preplexo, pensando como José já parecia estar tomando conta da situação.Carolina lançou um olhar furtivo a José. Era apenas impressão sua, ou ele parecia sorrir como uma raposa astuta?André, ainda atordoado com o gesto de José ao abrir a porta, automaticamente entrou no banco do passageiro. Em seguida, José fechou a porta e abriu a porta de trás, indicando com o olhar que Carolina entraria.Com uma expressão de perplexidade evidente, Carolina olhou para seu chefe, que quase parecia o anfitrião da situação. Quando José lhe lançou outro olhar indicando para que entrasse, agora mais firme, ela sentiu uma ponta de ameaça e, sem opção, subiu no carro, se encolhendo automaticamente no canto do assento.Sofia ficou aflita, querendo dizer algo, mas José já havia entrado e fechado a porta, sem
Sofia se sentou ao lado de Carolina, segurando sua mão com carinho. — André, não precisa perguntar mais. Carolina levou muito a sério a reforma na prisão, e depois que saiu, tem trabalhado com empenho, mudando sua vida e se esforçando muito. Só de olhar, já dá uma sensação de pena.André ficou chocado, sem saber nada sobre o tempo que Carolina passou presa.Carolina apertou os dedos e retirou sua mão de forma discreta, sem dizer nada.O que Sofia disse era verdade, ela não sabia como explicar.— Carolina, agora que saiu, deve se esforçar. Se deseja algo, deve o conquistar com suas próprias habilidades e trabalho, e não mais como antes. Nada cai do céu. Você já desfrutou de vinte anos de uma vida confortável sem esforço, mas essa fase sempre cobra seu preço. — Sofia suspirou, em um tom de “estou dizendo isso para o seu bem.” — Aqui não há estranhos, estamos todos entre amigos. Eu realmente gosto de você.Carolina ficou em silêncio, sem dizer nada.André, segurando seu copo de bebida, ol