Sem Pedro, Luana provavelmente nem se atreveria a sair de casa. Olhando assustada para Pedro, Luana estava visivelmente emocionada.— Pedro, liga para o senhor Santos. Quem ele pensa que é, quem ele pensa que é para te mandar para aquele lugar horrível?— O senhor Santos é o presidente da empresa. Pedro responde diretamente a ele, e o projeto no deserto é o foco principal do grupo neste ano. Como assim é um lugar horrível? — Afonso respondeu, confuso.Pedro estava de cara fechada, sem olhar para Luana.Obviamente, ele também sabia que Luana tinha passado dos limites desta vez.Segurando o pulso de Luana, Pedro abaixou a cabeça e saiu com ela. Hoje tinha sido realmente uma vergonha.— Pronto, pronto, acabou o show. Vamos voltar ao trabalho. — Afonso pediu para as pessoas que estavam assistindo se dispersarem.— Senhor Santos, está na hora de ir para o aeroporto.José fez um som afirmativo, sinalizando para que Afonso fosse pegar o carro. Levantando a mão, segurou o pulso de Carolina e a
No caminho para o aeroporto, Afonso estava a ligar para encomendar um presente valioso. Carolina não o impediu, afinal, poderia ser útil.— A adega de Lucas Vítor adquiriu uma garrafa de vinho tinto ano passado, com um valor de coleção bem alto, e o preço até que é razoável — comentou Afonso a José. José não disse nada e apenas olhou para Carolina.— Quanto... Quanto custa? — Carolina perguntou.— Mais de um milhão — Afonso sorriu.Carolina respirou fundo. — Acho que não deveríamos oferecer um presente tão caro. O projeto de cidade S foi aberto a licitação pelo André, e o Grupo de Santos já é um marco no setor. O fato de virmos discutir o projeto e nos encontrarmos com ele antes do tempo já é uma grande consideração. Em colaborações comerciais, a “consideração” deve ser medida: dar demais pode passar a impressão de insegurança.Afonso ficou um pouco surpreso. — Mas, só com caranguejos... é meio sem graça, não acha?— A mãe de André gosta de caranguejos. Agora não é a melhor época para
Afonso dirigia o carro e freou bruscamente no semáforo, se virando surpreendido para olhar para Carolina. Que ousadia ela tinha! José, por reflexo, estendeu o braço para proteger Carolina, franzindo as sobrancelhas com desagrado enquanto olhava para Afonso. — Sabe dirigir? — Sr. José, peço desculpa. — Afonso sabia quando recuar e seu tom ao pedir desculpas sempre era impecável. — Edner é um velho astuto da empresa. O Sr. José quer afastar ele, mas como está aqui há muitos anos, mandar ele embora pode causar um rebuliço, dar a impressão de que estamos descartando alguém após o usar. Então, mesmo com muitas provas contra Edner, não seria bom demitir ele diretamente, e o Sr. Santos tem segurado o assunto. Carolina assentiu, entendendo a situação. — Com uma pessoa assim, podemos o destruir com elogios. José olhou para Carolina, visivelmente interessado. — Ah, é? — Ele… ele tem orgulho, então vamos inflar o ego dele. Se a moral dele não condiz com o cargo, ele acabará se afundando.
Cidade A, prisão.- Ao sair, não olhe para trás, viva bem.Carolina se virou e se curvou, ficou tremendo no vento frio.Cinco anos.Quando foi presa, tinha apenas 21 anos.- Entre no carro.Ao lado da estrada, estacionava um Maybach preto, e a voz do homem era fria.Ele era o irmão de Carolina, a quem ela chamou de irmão por 21 anos, até descobrir subitamente que não tinha laços de sangue com ela.- Irmão... - Carolina disse com a voz rouca, olhando para baixo de forma desconfortável.- Não sou seu irmão, não me enoje. - Rui Silva ficou sério e verificou o relógio. - Você roubou vinte e um anos da vida de minha irmã, a fez sofrer abusos naquela casa, como ousa me chamar de irmão.Carolina mexeu os lábios rachados, mas não conseguiu dizer uma palavra.A Silva de Cidade A tinha apenas uma filha, Carolina, filha do empregada, enquanto a verdadeira herdeira da família Silva havia sido secretamente substituída pela filha do empregada.- Desculpe... - Carolina murmurou com a voz rouca após u
Houve um apagão diante de seus olhos quando Carolina foi forçada a entrar no carro, tremendo e desesperada, encolhida no canto.Ela não podia doar um rim. Ela ainda não podia morrer.- Carolina, como foram esses cinco anos na prisão? - Pedro olhou para a mulher encolhida no canto, já não foi mais a mulher orgulhosa e altiva de tantos anos atrás, uma complexidade inexprimível ecoava em seu coração.Carolina deu uma esquivada, talvez um reflexo da violência que sofreu na prisão, e, com medo, segurou a cabeça.- Perdeu a língua? - Pedro olhava com desgosto para a Carolina nesse estado, levantou a mão e segurou o queixo dela, o sangue escuro na testa contrastando fortemente com o rosto pálido.- Estou bem... - A voz de Carolina tremulava, o desespero e o ódio foram evidentes em seu olhar.Sob a interferência de Pedro, sua vida na prisão foi pior do que a morte.No dia em que foi liberta, a colega de cela que a intimidava há tanto tempo finalmente não aguentou e lhe contou a verdade, que fo
A repulsa nos olhos de Pedro cresceu com a menção do filho bastardo, e ele desejava que Carolina morresse.Naquela época, Carolina fazia sexo com outro homem, envergonhando a família Santos, e depois engravidou. Antes de entrar na prisão, deu à luz aquele bastardo.Carolina olhou desesperadamente para Pedro, como se nunca o tivesse conhecido. - A criança, a criança é inocente!- Inocente? Quando Luana foi trocada e levada para viver uma vida inferior em sua casa, ela também era inocente. - Ana gritou agudamente, dando a Carolina mais dois tapas.Se não fosse João intervir, ela teria continuado a bater em Carolina para aliviar sua raiva.Com a cabeça baixa, os olhos inchados e vermelhos, Carolina permitiu-se ser espancada.Vinte e um anos de criação, essa era a dívida que ela tinha que pagar.Respirando fundo, Carolina encheu os olhos de lágrimas, olhou para Pedro, sua voz fraca e determinada. - Vou doar...Desde que não mexam com seu filho, ela faria qualquer coisa.- Você é realmente
A água do balde não conseguiu deixar Carolina acorda, mas a febre repentinamente a acometeu.- O que está acontecendo? Rápido, vamos salvá-la! - Coincidentemente, um médico estava fazendo sua ronda e, ao ver a palidez de Carolina, fez uma avaliação preliminar. - Leve-a imediatamente para a sala de emergência!Pedro permaneceu parado, com os dedos dormentes, agarrando bruscamente a gola da camisa de Rui. - Você disse que ela estava fingindo?Rui também estava nervoso e, ao afastar a mão de Pedro, respondeu: - Como eu poderia saber? Ela é uma mestre em fingir, já ouviu a fábula do Lobo em Pele de Cordeiro?- Não se preocupe, ela não vai morrer. - Ana, exibia toda a sua aura de senhora rica, calçando saltos altos, afirmou com firmeza. - Doutor, já que ela concordou em doar um rim para a nossa Luana, por favor, aproveite para verificar se os rins dela são compatíveis.O médico franzia o cenho. - Primeiramente, vamos salvá-la.- Dr. Pinto, seu pai e o pai do nosso João são bons amigos, há c
Carolina fugir do hospital enfureceu completamente a família Silva e Pedro.- Eu sei, ela não vai devolver meu rim de bom grado. - Na cama do hospital, Luana acordou, com a voz embargada.Cada palavra de Luana transmitiu a todos que Carolina lhe deveu isso.Quando voltou para a família Silva, Luana Martins não concordou em mudar seu sobrenome, continuando a se chamar Luana Martins.Ela sabia que, apesar de tudo, a família Martins a havia criado por vinte e um anos.Que contraste irônico e marcante, Luana se tornou a verdadeira princesa gentil até os ossos, enquanto Carolina era a impostora maldosa e desprezível..Na verdade, Luana era muito astuta. Ela mantinha seu nome para provocar constantemente os membros da família Silva, mantendo-os sempre culpados e compensando sem escrúpulos as mais de duas décadas de ausência.- Luana, não chore, isso é o que ela te deve. - Rui franziu a testa, preocupado. - Ela não vai escapar!- Irmão... - Luana chorou, abraçando Rui. - Estou com medo, Carol