A arma na mão de Esther não abalou Bernardo. Com um movimento rápido, ele agarrou o pulso dela e aplicou força. A pistola preta caiu no chão com um som seco.— Marcelo, sei que seus homens estão por perto. Vou deixar você sair, mas, se quiser Esther de volta, traga Geraldo em troca. — Bernardo apertou o pescoço de Esther, olhando diretamente para Marcelo.Era uma escolha difícil, mas manter Esther como refém era mais vantajoso do que manter todos ali.— Marcelo, vai embora! — Esther gritou, com todas as forças.Os olhos de Marcelo estavam fixos nela. A dor, o pesar e a resistência eram evidentes em sua expressão. Mas o som das explosões estava cada vez mais próximo, e um grande número de soldados irrompeu no local.Durval e André apareceram ao lado de Marcelo.— Capitão Marcelo, recebemos ordens superiores. Não podemos entrar em conflito direto com o Faraó.— Vai logo, Marcelo! — Esther gritou novamente, com ainda mais intensidade.Marcelo foi puxado pelos dois companheiros e forçado a
O telefone tocou por um bom tempo antes que Geraldo atendesse.— O que foi? — Ele respondeu com uma voz visivelmente fraca.— Esther está presa com o Faraó.Mal Marcelo terminou de falar, a voz de Geraldo se elevou bruscamente, soando quase estridente:— O quê?Logo em seguida, Geraldo parecia tomado pela raiva.— Marcelo, você não prometeu que protegeria Esther?Ele não mencionou, mas era óbvio que Rita também deveria estar com Esther.Marcelo não respondeu. Permaneceu em silêncio, com o rosto sério. Era como se um nó tivesse se formado em sua garganta, tornando impossível expressar o que sentia.Era verdade. Esther só estava naquela situação por sua incapacidade. Se ele fosse mais eficiente, Esther não teria sido envenenada, e o filho deles não estaria separado dela.— Bernardo disse que quer ver você.— Entendido. — Foi tudo o que Geraldo respondeu antes de desligar abruptamente. Ele não deu mais explicações, mas uma coisa era certa. Geraldo faria qualquer coisa para garantir a segu
Ela não era como eles, não podia saber o que se passava em suas mentes. Mas Esther tinha certeza de que essa situação estava longe de ser simples.Enquanto isso, Estrella apareceu na casa de Bernardo com algumas coisas em mãos.— Eu não preciso disso. — Bernardo disse, frio, ao notar o que ela tinha em mãos. — Pode levar de volta. Estrella, no entanto, continuou insistindo, com uma expressão quase esperançosa.— Bernardo, eu trouxe isso para Esther. Eu gostaria de vê-la.— Ela não precisa dessas coisas. — Bernardo respondeu com a mesma frieza.Ele sabia que, se Estrella realmente quisesse fazer amizade com Esther, nunca teria levado ela para lá. A intenção verdadeira de Estrella era outra. Por trás de suas ações, Bernardo via falsidade.— Bernardo, você não é ela. Eu sei o que está pensando, mas aqui, sob seu olhar, como eu poderia machucar ela? Não tem como. — Estrella tentou argumentar.Bernardo lançou um olhar gelado para ela, sem dizer mais nada. Em seguida, ele se virou e saiu, a
— Chame o médico militar. Quero que ele faça exames no meu corpo. — Disse Marcelo, com determinação.Se seus rins fossem compatíveis com os de Luiz, ele não hesitaria em doar um para salvar o amigo. Era sua forma de pagar a Luiz tudo o que ele havia feito por Esther.André olhou para ele, incrédulo.— Capitão Marcelo, tem certeza disso? O seu corpo...— Tenho. — Respondeu Marcelo, firme, sem dar espaço para discussão.O médico militar chegou rapidamente, mas explicou que, sem os equipamentos avançados de um hospital, seria impossível verificar a compatibilidade entre os dois.— Capitão Marcelo, com todo o respeito, no contexto atual, um sacrifício como esse pode ser desastroso. — Disse o médico, num tom sério. — Estamos em um momento crítico. Se você fizer isso agora, as nações menores aliadas de Iurani podem aproveitar a oportunidade para atacar. Isso colocaria nosso país numa posição delicada, ou reagimos e entramos em guerra, ou não fazemos nada e nos tornamos motivo de piada.Marce
Depois de um breve silêncio, Marcelo respondeu, com a voz rouca:— Esther é minha esposa.Não havia ali nenhuma intenção de marcar território. Era apenas uma declaração simples.Luiz havia perdido a memória, mas a única coisa que parecia estar gravada na mente dele era o nome de Esther. Marcelo já havia pensado no pior cenário. Se ele morresse, ele queria deixar Luiz e Esther juntos.No entanto, ele amava Esther profundamente. A ideia de entregá-la a Luiz o destruía por dentro.Luiz permaneceu calado, tentando em vão agarrar as lembranças que passavam rapidamente por sua mente. Tudo era um borrão. Ele não se lembrava de Esther, muito menos de Marcelo.As palavras de Marcelo o deixaram sem reação. Ele percebeu algo inquietante. Ele estava apaixonado por uma mulher casada. E, o mais impressionante, Marcelo não havia demonstrado nenhum sinal de raiva ou hostilidade.— Sei que você está confuso, mas não precisa ficar. Você conheceu Esther antes de mim. Era o vizinho dela, quase como um irm
— Tem certeza de que está me dando uma chance? — Esther soltou uma risada fria, olhando para Bernardo com os olhos congelantes.Bernardo não respondeu, apenas abriu um sorriso. Ele puxou uma cadeira e se sentou bem à frente de Esther.— Você não dizia que precisava encontrar Luiz, Rita, e até mesmo Marcelo? Agora, veja só, nem o Marcelo parece importar mais pra você.O tom sarcástico na voz de Bernardo era impossível de ignorar.— O que eu decido sobre Marcelo não é da sua conta. — Esther apertou os lábios e encarou Bernardo com seriedade. — Você já investigou tudo sobre mim. Tudo o que queria saber, eu já contei. Você prometeu me deixar ir embora.Era claro que Esther queria sair daquele lugar horrível. Não aguentava mais ficar ali.Bernardo observava Esther em silêncio. Ele tinha poucas lembranças de sua mãe, e apenas pela aparência não conseguia dizer se Esther se parecia com ela. Não havia fotos que comprovassem algo, e o próprio pai de Bernardo usava uma máscara constantemente, es
Bernardo continuava em silêncio, mas com um sorriso enigmático no rosto.Esther sabia muito bem que aquilo não era uma contradição, e sim uma tentativa de testá-la. Bernardo não tirava os olhos dela, avaliando cada movimento, cada reação.Mesmo assim, ela permaneceu firme, sem demonstrar fraqueza.— Esther, você é inteligente. Deve ter percebido certas coisas. Só quero saber uma coisa. Você é ou não a Estrella? — Bernardo deixou o sorriso desaparecer, assumindo uma expressão séria.Ele não queria mais rodeios. Havia apenas uma única resposta que lhe interessava naquele momento. O resto, para ele, era irrelevante.O coração de Esther apertou no peito.Ela sabia que muitas coisas não faziam sentido, mas sem provas concretas, preferia evitar o assunto. Mesmo depois de terem feito um teste que dizia que ela não era a Estrella, Bernardo ainda insistia.Ela achou aquilo ridículo.— Então, você está dizendo que a única forma de reconhecer sua irmã é com base em uma pulseira? — Disse ela, com
Bernardo confiava em sua intuição, mas Esther, por outro lado, não dava a mínima. Para ela, aquilo só fazia sua cabeça latejar de nervoso. Depois de tanto esforço para se convencer de que não tinha nenhuma ligação com o Faraó, Bernardo vinha agora com mais essa conversa.Ela não queria saber de teste nenhum!— Eu não vou fazer! — Disse Esther, com firmeza e visível repulsa.Mas, frente a Vasco, ela não tinha como resistir.Com uma mão, Vasco a segurou firmemente, enquanto com a outra manuseava a seringa com rapidez. Ele extraía uma amostra de sangue de seu pescoço, sem dar espaço para discussões.Esther levou a mão ao pescoço, tentando conter a dor e encarou Bernardo com um olhar frio, carregado de desprezo.— Você é mesmo digno de ser chamado de filho do Faraó! — Disparou ela, com a voz cheia de raiva.Ele era igual ao pai, cruel e insensível, sempre impondo sua vontade, sem se importar com os desejos dos outros.Bernardo deu um leve sorriso irônico, movendo os lábios devagar:— Se vo