— Não, Bernardo, eu não consigo! — Estrella levantou as mãos, recusando apressadamente. — Eu não sei fazer nada disso!Ela sabia que herdar o comando poderia ser algo bom, mas não era tão simples. O Faraó nunca faria isso sem segundas intenções. Seja para testar Bernardo ou para testá-la, ela não podia se deixar abalar naquele momento.Bernardo sorriu de canto.— Não sabe? Então aprenda. Você não está sempre se esforçando para aprender coisas novas?Os olhos do Faraó brilharam com uma intensidade cortante.— Não chamei vocês aqui para ouvir desculpas ou falsas modéstias. Vocês são irmãos. Devem apoiar um ao outro. Estrella, se não consegue se lembrar do passado, não tem problema. O que importa é o futuro. Durante o banquete, escolherei bons pares para vocês entre os melhores de Iurani.Não havia escolha.Estrella reprimiu a raiva durante todo o jantar. Quando finalmente acabou, ela voltou rapidamente para seu quarto. Assim que chegou, pensou em pedir a Ademir para chamar Gustavo. No en
Esther mordeu levemente o lábio, mas mesmo assim, deu alguns passos na direção de Bernardo.— O veneno de Marcelo... Você é filho do Faraó, tem influência. Será que você não poderia...— Eu não tenho influência nenhuma. Não consigo o antídoto. — Bernardo a interrompeu antes mesmo que terminasse a frase.Seu tom era frio e o olhar indiferente parecia feito de gelo. Esther percebeu que Bernardo queria forçá-la a procurar o Faraó pessoalmente.Mas só a ideia disso fazia seu coração pesar. O Faraó era cruel, sem escrúpulos. Se envolver com ele? Se Marcelo descobrisse, eles se tornariam inimigos automaticamente.Respirando fundo, Esther desabafou:— Nem eu nem Marcelo fizemos nada de errado. Por que é tão difícil? Por que as coisas precisam ser tão injustas?Para ela, o passado já tinha ficado para trás. Todos precisavam seguir em frente, mas parecia que Bernardo e o Faraó insistiam em mantê-la presa a algo que não existia mais.Bernardo analisou ela por um instante. Havia algo na urgência
Os olhos de Estrella carregavam uma mistura de expectativa e tensão.Bernardo deixou escapar um leve sorriso sarcástico.— Você quer resolver isso na base do não há amizade sem um bom confronto?— Sim. — Estrella apertou os punhos, tentando disfarçar o nervosismo.— Então resolva sozinha. — Bernardo deu de ombros, deixando claro que não ajudaria.Desde a primeira vez que viu Estrella, ele não simpatizou com ela. Seu comportamento, suas atitudes, tudo nele parecia rejeitar aquela irmã.Mesmo assim, algo no caso de Esther o deixava intrigado. A pulseira de contas verdes no pulso dela, por exemplo... Até agora, ele ainda não conseguia esquecer a leve alegria que sentiu ao vê-la. Bernardo até chegou a questionar se os testes de DNA haviam sido adulterados. Mas, com Vasco supervisionando todo o processo, era impossível que algo tivesse sido manipulado. Além disso, ninguém sabia que ele queria fazer um teste de DNA.Sem dizer mais nada, Bernardo se virou e saiu.Estrella ficou olhando para
Marcelo respirou fundo, tentando controlar a dor que sentia no peito. Sua mão acariciava o rosto de Esther com um cuidado misturado a um sofrimento quase insuportável.— Esther, eu sei que você não é uma pessoa qualquer. Mas as coisas mudam, nada é definitivo. Você ainda tem uma longa vida pela frente, sabia? O Gilberto será o seu maior aliado.Ele sabia que, com Gilberto e Rita ao lado dela, Esther estaria protegida. Mesmo assim, não conseguia deixar de pensar em como seria a vida dela sem ter ido para Iurani.Se tivesse ficado na capital, tudo seria mais seguro e mais confortável. Mas, ao mesmo tempo, sua vida seria vazia. Sem ele, sem filhos. Sem respostas para tantas coisas que só descobriu ali. E, pior, ela passaria a vida inteira carregando a culpa por Luiz.— Esther, eu te amo. Se pudesse, desejaria nunca ter te conhecido. — Marcelo segurou a mão dela com força, antes de beijar sua testa.As palavras eram doces, mas ao mesmo tempo cruéis. Ele não queria colocá-la em perigo, e er
Esther franziu a testa. O semblante de Marcelo não estava muito melhor.Naquele momento, a tensão em seus olhos era evidente. Ele encarava Bernardo com um olhar tão cortante quanto uma lâmina.Mas Bernardo, aparentemente imune à hostilidade, manteve o sorriso.— Lá fora, o caos reina. E vocês dois, aqui, trocando promessas eternas? Que desperdício de tempo. Por que não me contam logo onde está Geraldo?Ao mencionar Geraldo, o tom leve de Bernardo desapareceu. Sua expressão ficou fria como gelo, e um fogo parecia arder por trás de seus olhos. Bernardo podia ter um jeito cordial e refinado, mas, quando queria, sabia ser tão cruel quanto qualquer outro.Ele precisava encontrar Geraldo. Precisava entender o motivo daquela pulseira ter chegado às mãos de Esther. Precisava descobrir a verdade.Bernardo já havia passado pela esperança, mas agora... Agora parecia movido apenas por desconfiança e raiva.Esther se lembrou do momento em que Vasco a havia nocauteado. Provavelmente, durante esse te
Esther era a peça-chave. Ela não apenas tinha influência sobre Marcelo, mas também podia ser usada para atrair Geraldo.Bernardo, embora não quisesse diretamente confrontar Marcelo, sabia que seria prudente manter certa distância. Eles não eram amigos, mas também não eram inimigos. Manter uma desconfiança estratégica não faria mal.Esther analisou a situação. Seus dedos apertaram levemente. Ela não disse nada, mas seu gesto falava mais do que palavras.— Se você insiste tanto no contato dele, eu fico. Mas eles precisam sair daqui. — Marcelo colocou Esther atrás de si, como um escudo, deixando claro que não a deixaria sozinha.Bernardo, porém, não se dirigiu a Marcelo. Ele lançou um olhar direto para Esther.— Não foi você que estava perguntando sobre ele? Você não se importa com a saúde de Marcelo?Era um acordo tentador. Se Esther ficasse, Rita e Luiz poderiam ir embora. Marcelo, além de ficar em segurança, poderia até receber o antídoto para o veneno em seu corpo. Era uma troca difíc
A arma na mão de Esther não abalou Bernardo. Com um movimento rápido, ele agarrou o pulso dela e aplicou força. A pistola preta caiu no chão com um som seco.— Marcelo, sei que seus homens estão por perto. Vou deixar você sair, mas, se quiser Esther de volta, traga Geraldo em troca. — Bernardo apertou o pescoço de Esther, olhando diretamente para Marcelo.Era uma escolha difícil, mas manter Esther como refém era mais vantajoso do que manter todos ali.— Marcelo, vai embora! — Esther gritou, com todas as forças.Os olhos de Marcelo estavam fixos nela. A dor, o pesar e a resistência eram evidentes em sua expressão. Mas o som das explosões estava cada vez mais próximo, e um grande número de soldados irrompeu no local.Durval e André apareceram ao lado de Marcelo.— Capitão Marcelo, recebemos ordens superiores. Não podemos entrar em conflito direto com o Faraó.— Vai logo, Marcelo! — Esther gritou novamente, com ainda mais intensidade.Marcelo foi puxado pelos dois companheiros e forçado a
O telefone tocou por um bom tempo antes que Geraldo atendesse.— O que foi? — Ele respondeu com uma voz visivelmente fraca.— Esther está presa com o Faraó.Mal Marcelo terminou de falar, a voz de Geraldo se elevou bruscamente, soando quase estridente:— O quê?Logo em seguida, Geraldo parecia tomado pela raiva.— Marcelo, você não prometeu que protegeria Esther?Ele não mencionou, mas era óbvio que Rita também deveria estar com Esther.Marcelo não respondeu. Permaneceu em silêncio, com o rosto sério. Era como se um nó tivesse se formado em sua garganta, tornando impossível expressar o que sentia.Era verdade. Esther só estava naquela situação por sua incapacidade. Se ele fosse mais eficiente, Esther não teria sido envenenada, e o filho deles não estaria separado dela.— Bernardo disse que quer ver você.— Entendido. — Foi tudo o que Geraldo respondeu antes de desligar abruptamente. Ele não deu mais explicações, mas uma coisa era certa. Geraldo faria qualquer coisa para garantir a segu