Ademir mudou a expressão no mesmo instante.— Como você sabe disso? Quem te contou?Esther estreitou os olhos, fingindo mistério.— Sei de muita coisa. Você acha que sua chefe quer me matar por quê?Ademir hesitou, mas logo pareceu entender. Ele bufou e acusou:— Foi o Sr. Bernardo que te contou, né? Você é esperta mesmo, enganou até ele! — O tom dele ficou mais hostil, cheio de desprezo.— Por que você não fala da maldade da sua chefe? — Esther respondeu, o encarando.— Não fale dela! — Gritou Ademir, pressionando a lâmina contra o pescoço de Esther. — Está achando que pode falar o que quiser? Mais uma palavra e eu acabo com você!Esther engoliu em seco. A faca estava muito próxima, e ela sabia que qualquer movimento errado poderia ser fatal.Eles continuaram andando. Esther seguiu Ademir por entre as árvores. Ele parecia conhecer bem o caminho.— Você conhece bem essa floresta, né? Caminhou por aqui muitas vezes? — Perguntou Esther, tentando puxar conversa.Ademir revirou os olhos.—
— Que besteira é essa que você está falando! — Estrella exclamou, com o rosto ficando vermelho de raiva. Ela parecia nervosa. Olhou rapidamente para os seus empregados ao redor e, irritada, gritou. — Alguém, cala a boca dessa mulher! Tampem a boca dela!Depois, pensou em algo ainda mais cruel.— Não! Arranquem a língua dela! Quero que ela nunca mais consiga falar!Enquanto Estrella falava sobre maneiras de punir Esther, seu tom de voz traía sua insegurança. Esther percebeu. Quanto mais medo, mais alguém tenta esconder isso com ameaças. Se Bernardo não tivesse lhe contado tantas coisas, talvez Esther não tivesse coragem de provocá-la assim.Esther deixou escapar um riso frio.— Está com medo, né? — Estrella zombou. — Se ajoelhar e implorar agora, talvez eu deixe um corpo inteiro pra enterrar!— Você nem respondeu minha pergunta direito. Só quer que eu fique quieta. Parece que a sua consciência está pesada. Mesmo que você me mate, a verdade não muda! — Esther retrucou com firmeza, a desa
— Você ainda vai viver mais uns dias, dependendo da vontade da Srta. Estrella. — Ademir disse com frieza. — Melhor você se cuidar!Depois disso, ele e os outros saíram, deixando Esther sozinha.Apesar de ter sido levada para aquele lugar, ela não foi trancada. Podia andar livremente pelo espaço.Algumas mulheres passaram por ela. Esther tentou cumprimentá-las, mas elas não responderam. Caminhavam cabisbaixas, quietas, como se tivessem medo de tudo ao redor.Pareciam empregadas ou até mesmo escravas, como nos tempos antigos.Esther ainda não entendia o que aquele lugar era. Ela decidiu explorar o jardim. Caminhou até onde os homens tinham saído e descobriu que o espaço inteiro era cercado por altos muros com arame farpado e eletrificado.Sem chances de escapar.O jardim era tão grande que, andando ao longo do muro, levou cerca de vinte minutos para completar uma volta. Era impossível escalar ou encontrar uma saída.De repente, o som de algo quebrando chamou sua atenção. Logo depois, ouv
Luciana voltou correndo, ofegante e com o rosto pálido.Assim que a viram, os outros suspiraram aliviados.— Luciana! Onde você estava? Ficamos preocupados demais!— Onde está o capitão Marcelo? Preciso falar com ele agora! — Luciana estava com os olhos vermelhos de chorar e parecia extremamente aflita.— O capitão Marcelo ainda não voltou. E a Esther? Ela foi te procurar, mas só você voltou.— A Esther foi capturada! Temos que encontrar o capitão Marcelo! Só ele pode salvar a Esther! — Disse Luciana, andando de um lado para o outro, desesperada. — Onde ele está? Preciso avisar ele rápido!— Quando você desapareceu, a Esther mandou alguém avisar ele. Ele deve estar voltando em breve.Luciana não conseguia esconder a ansiedade enquanto esperava. Assim que ouviu o som de um carro, correu para fora.Marcelo desceu rapidamente do veículo com uma expressão séria e passos firmes.— Capitão Marcelo, a Esther foi levada! Você precisa salvar ela! — Gritou Luciana, correndo até ele.— Quem levou
— Você não é daqui, né? — Ivana riu, debochada. — Aqui todo mundo tem seu pedaço de terra e seus segredos. Escravos são só mais uma parte do negócio. Em vez de perguntar tanto, devia pensar em como vai sair viva daqui.Esther olhou em volta, tentando entender o ambiente hostil. Afinal, ela também estava ali como uma escrava. O lugar era enorme, cheio de pessoas submissas e assustadas. Era evidente que já tinham apanhado tanto que nem coragem tinham para reagir.— Então, é isso? Vocês fazem o que querem e ninguém sai vivo daqui? — Esther perguntou, encarando Ivana.Ivana deu de ombros, como se fosse óbvio.— Aqui é território do Faraó, não é? — Perguntou Esther, observando a reação da mulher.Ivana empalideceu na hora e se exaltou:— Quem é você pra falar do Faraó? Fique quieta! Se continuar, não vai sair daqui nem com a língua!Esther notou o medo na expressão de Ivana. Pelo jeito, o tal Faraó era alguém muito importante e temido.— Você já viu o Faraó? — Insistiu Esther, mantendo o to
Ivana olhou para o buraco da bala na parede e para o chicote quebrado no chão. Seu rosto perdeu a cor, e ela se encolheu, assustadíssima.— Rápido, coloquem os guardas em alerta! — Gritou Ivana, se escondendo atrás de todos, sem se importar com Esther. O pânico tomou conta de todos.Porém, o esperado não aconteceu. A tensão ficou no ar por alguns segundos, mas não houve mais tiros ou explosões. A maioria das pessoas ali já estava acostumada com a guerra e, ao verem uma arma disparando, automaticamente pensaram que o conflito tivesse recomeçado.Ivana, um pouco mais calma, espiou pela porta para ver o que estava acontecendo. Esther viu atrás de janela um homem alto e imponente entrando na sala. Ele estava com a expressão fechada, sem dizer uma palavra, e andava com uma postura firme, quase que bloqueando a visão de todos os outros na sala.Ivana engoliu em seco. Ela reconheceu imediatamente quem era.— Sr. Vasco... O que você está fazendo aqui? — Ela gaguejou, completamente surpresa.V
As pessoas também eram incentivadas a se envolver em brigas, a testar drogas e até a participar de experimentos cruéis. Esses experimentos eram tão terríveis que a dor que causavam parecia até pior que a morte. Quando Esther ouviu tudo isso, ela não pôde deixar de sentir uma angústia profunda. Esse lugar não deveria ser chamado de "campo de escravos". Deveria ser renomeado como "campo dos demônios".A garota deu uma risada amarga e falou:— Aqui, até os corpos depois de mortos são usados para experimentos.Ela começou a detalhar como os corpos eram aproveitados após a morte, e Esther, ao ouvir, sentiu o couro cabeludo formigar de horror. Se o lugar já parecia um inferno vivo, agora parecia um pesadelo sem fim....Do outro lado do complexo, em um ambiente completamente diferente, havia um quarto luxuoso. A cama era enorme, com um mobiliário elegante e adornos caros por todo lado. Estrella estava no centro do quarto, em sua mesa, onde havia joias caras e uma seleção de doces e bebidas
Um olhar de fúria cruzou os olhos de Estrella.Ela já havia trazido Esther para aquele lugar e não iria permitir que ela saísse viva.No entanto, pouco depois de o homem ir embora, alguém bateu na porta de seu quarto.— Entre. — Ela disse com frieza. Logo um homem alto entrou, carregando uma tigela de sopa de ginseng. Ele se aproximou de Estrella, com uma postura extremamente respeitosa.— Srta. Estrella, o Faraó mandou que eu trouxesse essa sopa para a senhora, para ajudar a repor suas energias.— Pode deixar aí, vou trocar de roupa e já como. — Estrella deu uma rápida olhada na sopa e se virou, deixando o homem a observar seu costas.Desde que chegou ali, ela havia recebido sopa de ginseng várias vezes, mas a verdade era que ela sempre acabava vomitando.O homem obedeceu e colocou a sopa sobre a mesa.— O Faraó pediu que eu ficasse aqui e visse a senhora beber tudo.Estrella não respondeu, mas, depois de trocar de roupa, foi até a mesa e pegou a tigela. O cheiro forte de frango mist