O rosto de Esther ficou sério. Ela não recuou. Pelo contrário, deu alguns passos à frente com determinação. Parou e, com a voz firme, disse:— Apareçam! Eu sei que vocês estão por aqui!De trás de uma árvore, surgiu Luciana. Seu rosto estava pálido, as mãos amarradas e os olhos vermelhos de tanto chorar. Ela tentava se soltar, mas seus esforços eram em vão.Luciana tentou gritar, mas algo tampava sua boca.Logo atrás dela, apareceu um homem com uma expressão sombria. Ele segurava uma faca encostada no pescoço da garota.— Esperei muito por você. — A voz dele era fria. — Se não quer que ela morra, fique quieta e venha até aqui. Nada de gritar.Esther observou a situação com cuidado. Depois de alguns segundos, ela sorriu, mas seu tom era irônico.— Vocês realmente se esforçaram para me atrair até aqui. Se queriam tanto me encontrar, era só falar. Não precisava de tudo isso.— Dentro da aldeia? — O homem deu uma risada seca. — Lá seria impossível pegar você. Tivemos que usar outras estrat
Ademir mudou a expressão no mesmo instante.— Como você sabe disso? Quem te contou?Esther estreitou os olhos, fingindo mistério.— Sei de muita coisa. Você acha que sua chefe quer me matar por quê?Ademir hesitou, mas logo pareceu entender. Ele bufou e acusou:— Foi o Sr. Bernardo que te contou, né? Você é esperta mesmo, enganou até ele! — O tom dele ficou mais hostil, cheio de desprezo.— Por que você não fala da maldade da sua chefe? — Esther respondeu, o encarando.— Não fale dela! — Gritou Ademir, pressionando a lâmina contra o pescoço de Esther. — Está achando que pode falar o que quiser? Mais uma palavra e eu acabo com você!Esther engoliu em seco. A faca estava muito próxima, e ela sabia que qualquer movimento errado poderia ser fatal.Eles continuaram andando. Esther seguiu Ademir por entre as árvores. Ele parecia conhecer bem o caminho.— Você conhece bem essa floresta, né? Caminhou por aqui muitas vezes? — Perguntou Esther, tentando puxar conversa.Ademir revirou os olhos.—
— Que besteira é essa que você está falando! — Estrella exclamou, com o rosto ficando vermelho de raiva. Ela parecia nervosa. Olhou rapidamente para os seus empregados ao redor e, irritada, gritou. — Alguém, cala a boca dessa mulher! Tampem a boca dela!Depois, pensou em algo ainda mais cruel.— Não! Arranquem a língua dela! Quero que ela nunca mais consiga falar!Enquanto Estrella falava sobre maneiras de punir Esther, seu tom de voz traía sua insegurança. Esther percebeu. Quanto mais medo, mais alguém tenta esconder isso com ameaças. Se Bernardo não tivesse lhe contado tantas coisas, talvez Esther não tivesse coragem de provocá-la assim.Esther deixou escapar um riso frio.— Está com medo, né? — Estrella zombou. — Se ajoelhar e implorar agora, talvez eu deixe um corpo inteiro pra enterrar!— Você nem respondeu minha pergunta direito. Só quer que eu fique quieta. Parece que a sua consciência está pesada. Mesmo que você me mate, a verdade não muda! — Esther retrucou com firmeza, a desa
— Você ainda vai viver mais uns dias, dependendo da vontade da Srta. Estrella. — Ademir disse com frieza. — Melhor você se cuidar!Depois disso, ele e os outros saíram, deixando Esther sozinha.Apesar de ter sido levada para aquele lugar, ela não foi trancada. Podia andar livremente pelo espaço.Algumas mulheres passaram por ela. Esther tentou cumprimentá-las, mas elas não responderam. Caminhavam cabisbaixas, quietas, como se tivessem medo de tudo ao redor.Pareciam empregadas ou até mesmo escravas, como nos tempos antigos.Esther ainda não entendia o que aquele lugar era. Ela decidiu explorar o jardim. Caminhou até onde os homens tinham saído e descobriu que o espaço inteiro era cercado por altos muros com arame farpado e eletrificado.Sem chances de escapar.O jardim era tão grande que, andando ao longo do muro, levou cerca de vinte minutos para completar uma volta. Era impossível escalar ou encontrar uma saída.De repente, o som de algo quebrando chamou sua atenção. Logo depois, ouv
No hotel, tudo estava uma bagunça.Esther Moura acordou com uma dor intensa pelo corpo.Ela massageou a testa, pronta para se levantar, e olhou para a figura alta deitada ao lado dela.Um rosto exageradamente bonito, com traços definidos e olhos profundos.Ele ainda dormia profundamente, sem sinal de despertar.Esther se sentou, o cobertor deslizou, revelando seus ombros brancos e sensuais, marcados por algumas manchas.Ela desceu da cama, e no lençol havia marcas claras de sangue.Ao ver a hora, percebeu que estava quase na hora de ir para o trabalho. Pegou o tailleur que estava jogado no chão e vestiu.As meias-calças estavam rasgadas por ele.Ela as amassou e jogou no lixo, calçando os sapatos de salto alto.Ao mesmo tempo, alguém bateu na porta.Esther já estava vestida e pronta, parecendo novamente a secretária eficiente, pegou sua bolsa e foi em direção à saída.Quem entrou foi uma jovem de aparência pura e inocente.Ela quem tinha chamado.Exatamente o tipo que Marcelo Mendes go
Ao ouvir as suas palavras, Esther ficou surpresa e quase torceu o tornozelo. Perdendo o equilíbrio, ela se apoiou nele. Marcelo sentiu seu corpo inclinar e segurou sua cintura. O calor do toque trouxe de volta as lembranças da noite passada, quando ele a tomou com intensidade.Esther tentou se acalmar e levantou a cabeça para encarar ele. Seus olhos profundos eram sérios, com um misto de questionamento e dúvida, como se estivessem prestes a desvendar seus segredos. O coração de Esther batia acelerado. Ela não ousava sustentar o olhar dele por mais um segundo e, instintivamente, abaixou a cabeça.Quando ele pensou que a mulher que estava com ele ontem era aquela que acabou de ver, ficou furioso. Se soubesse que era ela, o destino dela não seria muito diferente.Mas ela não podia aceitar isso. Se Marcelo soubesse que era ela, será que o casamento deles poderia durar um pouco mais?Ela não teve coragem de olhar nos olhos dele: - Por que está perguntando isso?Apenas ela própria sabi
Ela levantou a cabeça e viu Sofia com um avental, segurando uma concha.Quando viu Esther, seu sorriso vacilou por um instante, mas logo voltou a ser acolhedor: - É uma amiga da tia? Acabei de fazer uma sopa, entre e se sente.Sua postura era tranquila, com uma atitude totalmente de dona da casa.Parecia que Esther era a visitante de longe.De fato, em breve ela seria uma estranha.Esther franziu a testa, se sentindo extremamente desconfortável.Quando se casou com Marcelo, fez um anúncio para toda a cidade. Sofia até enviou uma carta de felicitações. Então não tinha como ela não saber que ela era a esposa do Marcelo.Vendo que Esther não se mexia na porta, Sofia logo se aproximou e segurou sua mão: - Quem vem é sempre bem-vindo. Não seja tímida, entre.Quando ela se aproximou, o ar trouxe um leve aroma de jasmim, o mesmo perfume que Marcelo tinha dado a Esther no aniversário do ano passado, exatamente igual.Esther sentiu a garganta doer e a respiração ficar pesada, como se tivesse
- A Esther parece que não está muito bem hoje, ela não quis vir entregar os documentos, então só eu vim. - Sofia colocou sua mão queimada na frente dele. - Marcelo, você também não precisa culpar a Esther, acho que não foi de propósito, não atrasou nada, né.Os documentos da empresa acabaram indo parar nas mãos erradas, e esta foi a primeira vez que Esther fez algo assim.Marcelo estava com o semblante fechado, mas diante de Sofia ele conteve a raiva, apenas ajustou a gravata e falou num tom neutro: - Não tem problema. - Mudando de assunto, ele continuou. - Já que está aqui, que tal sentar um pouco?Ouvindo ele dizer isso, Sofia se sentiu um pouco animada. Pelo menos ele a aceitava, não a detestava.- Você não ia ter uma reunião? Não vou te atrapalhar?Marcelo então fez uma ligação: - A reunião foi adiada em meia hora.Sofia sorriu de canto, antes de vir, ela estava preocupada se ele guardava rancor por ela ter partido sem avisar, mas as coisas não pareciam tão ruins quanto imaginava