Em meio ao desespero, Esther começou a socar as costas do homem com todas as suas forças, gritando em pânico:— Quem é você? Me solta! Me solta agora!Mas ele ignorou seus gritos e seus socos, continuando a andar apressadamente como se nada tivesse acontecido. Esther estava tão apavorada que sequer conseguia pensar direito. Tudo o que passava por sua cabeça era a necessidade urgente de escapar.Ela tinha chegado àquele bairro fazia poucos dias e não fazia ideia se ali havia criminosos ou ladrões à espreita. O medo de ser ferida era real, e sua única prioridade era fugir daquela situação o mais rápido possível.No entanto, apesar de toda a força que colocava em seus golpes, o homem não revidava nem tentava machucá-la. Ele simplesmente a segurava firme, mas sem violência. Aquilo a fez parar por um instante e questionar. “Isso não é comportamento de um bandido…”Além disso, o fato de que ele não parecia se importar com os gritos altos que ela soltava era outro ponto estranho. Foi então q
— E o que você me diz sobre esse filho que está na sua barriga? — Marcelo praticamente rugiu, os olhos faiscando de raiva.Ao ouvir aquilo, os olhos de Esther se arregalaram, cheios de choque. Ela ficou completamente paralisada. Como ele tinha descoberto que ela estava grávida? Aquilo a pegou totalmente desprevenida, e sua mente começou a correr, buscando desesperadamente por uma explicação plausível.Vendo o olhar atônito dela, Marcelo não teve dúvidas. Aquilo só confirmava o que ele temia. Ele soltou uma risada fria e sarcástica, seus olhos escurecendo ainda mais.— Ficou sem palavras, não é? — Marcelo continuou, sua voz carregada de desprezo. — Eu, Marcelo, nunca fui traído na vida. Você é a primeira. Agora me diga, como eu deveria te punir por isso?As mãos dele estavam quentes e firmes, mas havia algo perigoso na forma como ele a segurava. Esther finalmente entendeu por que ele havia a encontrado após dias de silêncio. Marcelo sabia sobre a gravidez. O olhar dele parecia querer de
Esther deu um tapa no rosto de Marcelo.Ele não fez nenhum movimento para evitar, aceitando o golpe de frente. O estalo foi forte, e logo uma marca vermelha se formou em sua pele.Marcelo inclinou a cabeça para o lado, sentindo o rosto arder, mas logo voltou seu olhar frio e penetrante para Esther, como se a desafiasse a fazer mais.Esther ficou perplexa, olhando para a própria mão. O tapa foi tão forte que ela sentiu a dor irradiar pelos dedos. Nunca tinha imaginado que chegaria a esse ponto. Durante os sete anos em que estiveram juntos, por mais que tivessem discutido, ela nunca tinha levantado a mão contra ele.Aliás, ela imaginava que Marcelo, com todo seu orgulho e poder, nunca havia levado um tapa de ninguém em sua vida.— Esther... — O nome dela saiu da boca dele com uma fúria contida, o tom gélido de quem estava à beira de explodir.Esther, sentindo o peso da própria ação, rapidamente recuou e tentou se justificar, a mão ainda formigando:— Eu não fiz de propósito... Se você nã
Ele nunca imaginou que Esther chegaria ao ponto de usar até as táticas mais baixas para proteger algo que ele jamais permitiria. Até dopar ou manipular? E tudo isso para proteger uma criança que nem era dele!Ele só tinha um pedido. Um único pedido! Que ela tirasse a criança. Mas ela não estava disposta. Preferia carregar o filho de outro homem. Como ela podia ser tão ousada? Como ela ousava dizer aquelas coisas para ele, o desafiando daquela maneira?Marcelo finalmente soltou a mão dela, com um movimento brusco e cheio de desgosto. O olhar frio e penetrante que ele lançou para Esther deixou claro que sua paciência tinha chegado ao fim.— Esther, você vai se arrepender disso! — Disse ele, as palavras saindo duras e secas, como uma sentença de morte.Ele a encarou, ignorando o olhar desolado que ela lançava em sua direção. Os olhos de Esther estavam marejados, e uma única lágrima rolou por sua bochecha, caindo silenciosa, mas teimosa. Ela não iria ceder, mesmo que seu coração estivesse
Esther ficou em silêncio por alguns segundos, digerindo o que havia acabado de ouvir. Finalmente, ergueu o olhar para Anabela, confusa.— Você quer que eu entreviste o presidente do Grupo Mendes?Anabela, com um sorriso tranquilo, cruzou os braços enquanto se levantava da cadeira, respondendo com leveza:— Isso mesmo. Algum problema? Não é qualquer um que consegue uma entrevista com o Marcelo, você é a mais indicada para isso.Esther fechou o arquivo com firmeza e devolveu a pasta à mesa. Seu tom era controlado, mas havia uma tensão em suas palavras:— Está bem claro no meu currículo que eu saí do Grupo Mendes. Você quer que eu volte lá?Ela tinha deixado o Grupo Mendes sem sequer dar uma explicação formal. Sair assim já havia sido uma decisão difícil, e agora, voltar para lá? Voltar para encarar Marcelo? Era como admitir que ele tinha razão, como validar aquelas palavras amargas que ele havia dito: “Você vai se arrepender disso.”Anabela, no entanto, não parecia dar muita importância
Esther havia chegado à emissora há poucos dias. Já tinha conseguido gravar o nome de todos os colegas de trabalho, mas isso não significava que tinha tido a chance de conversar com todos eles. Como, por exemplo, Gabriela, que estava ali na sua frente. Nunca haviam trocado uma palavra até aquele momento.— Sim, foi o que ela disse. — Esther se abaixou para pegar os papéis que haviam caído no chão.Gabriela, no entanto, não gostou nem um pouco daquilo. Seu rosto se fechou e a insatisfação era visível no tom cortante de sua voz:— Por que a chefe te deu essa tarefa? Você mal chegou aqui, e já acha que pode pegar um trabalho desse calibre?Esther percebeu o veneno nas palavras de Gabriela e tentou manter a calma.— Para ser sincera, eu também acho que talvez eu não seja a melhor pessoa para isso. — Ela sabia como funcionava o ambiente competitivo. Provavelmente, essa tarefa era vista como algo valioso, quase como uma joia a ser disputada. Esther levantou o olhar para Gabriela e perguntou d
— Tudo bem. — Esther respondeu brevemente, sem muita emoção.Gabriela, ao notar a falta de reação dela, parecia pronta para dizer mais alguma coisa, mas logo mudou de ideia. Achar que Esther merecia tanta atenção seria perda de tempo. Voltou a adotar sua postura altiva, ajeitou os documentos debaixo do braço e, com passos firmes e precisos de seus saltos altos, saiu pisando duro.Eduarda, observando Gabriela se afastar, não resistiu e fez uma careta, zombando da atitude dela.Esther, que percebeu os pequenos gestos da colega, não pôde deixar de perguntar:— O que foi? Gabriela te incomodou de alguma maneira?Eduarda suspirou, como se estivesse aliviando uma frustração que já vinha guardando há tempos.— Ela incomodou muita gente aqui, não só eu. Sabe como é, todo mundo tem que engolir a raiva porque, afinal de contas, ela é a estrela da emissora!— Ela deve ter suas razões. Quem consegue bons resultados normalmente é porque sabe como lutar por isso, mesmo que precise ser agressiva às v
Gabriela pegou a garrafa térmica com um sorriso confiante estampado no rosto e disse animadamente:— Dessa vez eu tenho certeza que vai dar certo. Quando eu conseguir, vai ser promoção na certa! Aumento de salário, e o melhor: já saiu uma notícia interna de que a editora-chefe vai ser transferida. E quem tem o melhor desempenho aqui? Eu! Esse cargo vai ser meu! E quando eu estiver lá em cima, podem ter certeza de que não vou esquecer de vocês. Vou garantir que vocês cresçam junto comigo!— Nossa, isso é maravilhoso! Muito obrigada, Gabriela! — Disseram as duas assistentes, empolgadas.Elas sabiam que o futuro delas na emissora dependia diretamente do sucesso de Gabriela. Se ela conseguisse o cargo de editora-chefe, elas também seriam beneficiadas.Determinada, Gabriela não perdeu tempo e começou a ligar novamente para o Grupo Mendes. Foram várias tentativas, mas as respostas eram sempre as mesmas. Ela sabia que insistir apenas pelo telefone não daria resultado. A experiência a tinha en