Atendendo ao pedido de Luiza, Guilherme se aproximou dos policiais, seu tom impaciente:— Policiais, podemos conversar lá fora? Srta. Esther, por favor, saia daqui. Você não é bem-vinda!Esther lançou um olhar direto para Luiza, que agora parecia uma sombra da pessoa arrogante que havia sido no cais. A jovem estava frágil, deitada, tentando desesperadamente manter a pose de vítima. Esther, no entanto, soltou uma risada curta, fria, antes de responder, com as palavras repletas de sarcasmo:— Está com medo de mim, Luiza? Ou será que é o peso da sua consciência te atormentando? Acha que, só porque está deitada aí, fingindo ser a pobre vítima, eu não vou desmascarar você? Acha que eu não tenho como te enfrentar?Luiza, no fundo, ainda alimentava a esperança de que, sem provas concretas, pudesse escapar dessa situação. Afinal, ela estava visivelmente mais machucada que Esther, o que poderia funcionar a seu favor. Mas, ao mesmo tempo, havia um medo crescente em seu peito, um receio de que qu
Marcelo, com seu olhar penetrante, fitou Esther em silêncio. Desde o início, ele estava preocupado que ela pudesse sair prejudicada. Não importava se Esther havia empurrado Luiza ou não, ele sempre ficaria ao lado dela. Se a família Frota tentasse mandá-la para a prisão, Marcelo não hesitaria em usar todos os meios ao seu alcance para ameaçá-los e tirá-la de lá.Esther, no entanto, havia pedido que ele não dissesse nada. E, por isso, ele permaneceu calado durante todo o tempo, observando a situação se desenrolar. Quando percebeu que ela estava lidando com tudo sozinha, uma sensação de alívio o envolveu.O policial, depois de pegar o gravador das mãos de Esther, olhou com seriedade para Luiza e Maria.— Se isso for verdade, o que temos aqui é tentativa de homicídio. Mesmo que a vítima não tenha se machucado gravemente, você ainda vai ter que responder na justiça.Ao ouvir aquilo, Maria se sentiu injustiçada, acreditando que os policiais estavam do lado de Esther.— Seu policial, ainda n
— Srta. Luiza, por favor, nos acompanhe. — A voz firme do policial indicava que a paciência estava se esgotando.Ficava cada vez mais claro para todos que Luiza estava tentando evitar a responsabilidade pelo que havia feito, fingindo fragilidade. Mas, os policiais não estavam ali para fazer concessões emocionais. Seguiram o protocolo com rigor, sem se deixar influenciar pelas lágrimas ou súplicas.Vendo que Luiza não pretendia colaborar, os policiais decidiram tomar uma medida mais firme. Duas policiais mulheres se aproximaram da cama, pegando Luiza pelos braços com delicadeza, mas com firmeza, levantando-a da cama.— Eu não quero! Eu não vou para a delegacia! Mamãe, me ajuda! Não me deixa ir! — Luiza, completamente apavorada, tentava se soltar, mas as policiais não permitiram.Maria, em desespero, avançou para proteger a filha, tentando afastar as policiais.— Larguem a minha filha! Não toquem nela! — Sua voz soava entre lágrimas e fúria, o instinto maternal aflorando.No entanto, out
— Antigamente ele era um coitado, e agora também vai ser? — Disse Guilherme, o tom repleto de ironia. — Isso foi no passado, Maria. O Marcelo de hoje é o comandante do Grupo Mendes. Nós estamos no exterior, mas olha para essa cidade, todos aqui têm que considerar a opinião de Marcelo. Você já viu o Vitor se atrever a falar muito na frente dele?Maria, sem ter o que responder, voltou a chorar. Sua voz saiu trêmula e angustiada:— Então, o que vamos fazer? Vamos ficar de braços cruzados enquanto Luiza sofre? Eu preferia estar no lugar dela, preferia sofrer por ela!Para Maria, o sofrimento da filha era insuportável. Eles fariam de tudo para protegê-la, isso era certo. No entanto, Guilherme sabia que as coisas não eram tão simples. Por mais que amassem Luiza, havia muito mais em jogo. Ele não podia colocar em risco o Grupo Frota, havia muitas pessoas dependentes da empresa, pessoas que contavam com ele para sustentar suas famílias. Ele precisaria pensar em uma estratégia a longo prazo.En
Ao falar sobre isso, Esther sentiu uma certa conexão com Luiza. De alguma forma, elas eram parecidas. Ambas se apaixonaram por Marcelo porque ele as havia salvado. Mas, ao contrário de Luiza, Esther nunca foi tão impulsiva ou obcecada. Se Marcelo tivesse se casado com outra pessoa, provavelmente ela teria seguido em frente. Quem, afinal, gostaria de se amarrar a uma única possibilidade para sempre?Agora, pensando melhor, Esther se pegava refletindo, talvez se Marcelo não tivesse se casado com ela, as coisas teriam sido menos complicadas. Menos problemas, menos mágoas.— Naquela época, o resgate fazia parte de uma operação do exército, não tinha muito a ver comigo pessoalmente. — Marcelo disse, tentando se distanciar dos acontecimentos do passado. — Quem é que quer arriscar a vida por outra pessoa? Era o meu dever, a missão que eu tinha que cumprir. Se não fosse por isso, talvez eu nunca tivesse me alistado. E, sinceramente, muitas dessas coisas nem teriam acontecido.Marcelo estava, d
Assim que Marcelo abraçou ela por trás, o corpo de Esther enrijeceu por um momento. Mas, após alguns segundos, ela relaxou e, soltando a panela que estava usando para cozinhar, perguntou com tranquilidade:— O que foi? Está quase pronto, daqui a pouco vamos comer.Marcelo, no entanto, apertou ela ainda mais, enterrando o rosto em seus cabelos. O perfume suave dela imediatamente acalmou a inquietação que ele vinha sentindo.— Nada. — Disse ele, respirando fundo. — Só me sinto mais tranquilo quando estou com você.Os olhos de Esther, apesar do sorriso no rosto, mantinham um tom distante. Ela continuou mexendo a comida na panela com delicadeza.— A cozinha tem muita fumaça e cheiro de óleo. Não é um lugar para você. — Comentou ela com um tom suave.— Com você, qualquer lugar é bom. — Marcelo respondeu com sinceridade.Se fosse em outro momento, essas palavras teriam aquecido o coração de Esther, e ela provavelmente estaria eufórica por dentro. Mas agora, seu coração estava tão calmo quant
Ao ouvir o que Esther disse, Marcelo franziu as sobrancelhas, um gesto quase involuntário. Não conseguia evitar a sensação de que suas palavras carregavam uma certa ironia. Olhando para ela do outro lado da mesa, ele sentia que, apesar de estarem fisicamente tão próximos, havia uma distância emocional imensa entre eles. A mesa de jantar nem era tão grande, mas o espaço que parecia existir entre os dois era vasto demais. Ele respirou fundo, tentando dissipar essa estranha sensação, e disse com a voz firme:— Esther, senta mais perto de mim.Ela não hesitou. Puxou a cadeira e se aproximou dele. Com delicadeza, pegou um pouco de comida e colocou no prato dele, dizendo com um sorriso suave:— Por que você ainda não comeu? Não gostou do que eu fiz?Marcelo observou enquanto ela colocava a comida em seu prato. Ficou em silêncio por um instante, fitando Esther com um olhar pensativo, antes de pegar os talheres e, finalmente, responder:— Eu já te disse antes, não disse? Tudo o que você faz, e
Se continuasse sendo a assistente dele, sem dúvida ela seria a mulher perfeita para ele. Afinal, sempre foi assim, cumprindo seu papel ao lado de Marcelo, zelando pela sua vida e pela sua rotina. Mas Esther era ambiciosa, queria mais. Ela queria o que nunca teve: o amor dele.Contudo, continuar naquela situação só traria mais desgaste para ambos. Cada vez mais o relacionamento afundaria em ressentimentos, até que nem mesmo as memórias boas sobreviveriam.— Esther... — Marcelo chamou seu nome com uma emoção contida, o olhar fixo nela, embora o efeito da droga estivesse rapidamente tomando conta de seu corpo. Ele piscou algumas vezes, lutando para manter os olhos abertos. — Você... Vai me deixar... Para ir atrás do seu Enrico?Esther não respondeu de imediato. Em vez disso, tomou coragem. Sob o olhar penetrante de Marcelo, sua mão se ergueu suavemente até tocar o rosto dele, acariciando-o com delicadeza. Ela buscava, nas feições de Marcelo, qualquer traço que lembrasse o passado, qualque