Assim que Poliana saiu, Marcelo lançou um olhar penetrante sobre Esther, os olhos negros refletindo uma intensidade sombria.— Onde você estava que acabou trazendo tanta coisa assim? — Perguntou ele, observando as sacolas transparentes que revelavam alguns alimentos embalados.— Fui visitar meus pais. — Respondeu Esther de forma tranquila.— E não encontrou o Luiz? — Marcelo continuou, com um tom neutro.A essa altura, já estava claro que ele não tinha mais nenhum traço da embriaguez que Gilberto havia mencionado. Poliana parecia ter uma capacidade notável de aprender e executar as coisas, algo que não passou despercebido para Marcelo.— Ele tem os compromissos dele. Nenhum de nós tem tanto tempo livre assim. — Respondeu Esther, pegando as sacolas e caminhando em direção à cozinha.Ela decidiu não prolongar a conversa. Se fosse para ficar mais tempo no Jardim dos Sonhos, preferia não criar mais atritos do que os já existentes. Depois de guardar tudo, voltou para a sala, onde Marcelo a
Esther tinha medo de que Marcelo pudesse ter alguma intenção a mais, então, rapidamente respondeu:— Tudo bem.Marcelo pareceu satisfeito com a resposta, mas logo comentou:— Você tem reclamado de problemas no estômago, mas parece que engordou, não?Esther ficou paralisada. Não era a primeira vez que ele fazia essa observação. Tentando desviar o assunto, ela disse:— Talvez seja porque eu não tenho dormido bem ultimamente. O rosto parece um pouco inchado... E problemas hormonais também podem causar ganho de peso...— Você contratou a Poliana para aliviar a carga de trabalho, e ainda assim está se sentindo pressionada? — Marcelo franziu o cenho, intrigado.— Acho que sou exigente demais, gosto das coisas feitas de forma perfeita. — Esther respondeu, tentando encontrar uma justificativa. Evitava a todo custo encarar Marcelo, temendo que ele percebesse algo a mais em seu comportamento.A expressão de Marcelo se fechou ainda mais, agora com um tom de insatisfação:— Pelo que estou entenden
Marcelo tomou um gole do café, sentindo o amargor com um leve toque adocicado. Aquela xícara de café preto, na intensidade certa, era algo que só Esther conseguia preparar tão bem.Esther hesitou por um instante, mas a ideia lhe pareceu atraente demais para ignorar.— Quando você vai terminar essa fase? Quanto tempo ainda? — Perguntou ela, hesitante.Eles estavam casados, mas fora os pais e alguns amigos mais próximos, ninguém sabia. Tirando a certidão de casamento, eles nem sequer tinham uma foto juntos, quem diria uma viagem de lua de mel. Se Marcelo realmente a levasse para a França, poderia ser o que mais se aproximaria de uma lua de mel para eles. Pelo menos assim, não carregaria o arrependimento de nunca ter tido esse momento.Marcelo ficou em silêncio por alguns segundos, antes de responder calmamente:— No máximo, uma semana.— Ótimo.Esse tempo ela conseguia esperar. E como no dia seguinte não precisaria ir à empresa, poderia aproveitar para ir a um hospital e fazer uma consul
Quando eles entraram na sala de estar, se depararam com Joana sentada no sofá, com uma expressão sombria e carregada.— Vocês causam todo esse burburinho na mídia e ainda estão assim, tão tranquilos? — Perguntou Joana, sua voz cheia de raiva.O nome de Marcelo estava em altas nas redes sociais depois que ele tomou a frente para defender Esther na festa do Grupo Ramos. O assunto ainda estava entre os tópicos mais comentados.Marcelo lançou um olhar para Esther, que imediatamente compreendeu o recado, mas, mesmo assim, se dirigiu a Joana com educação.— Mãe, o café da manhã está pronto. Se ainda não comeu, posso pedir para a empregada preparar algo para você.Na mansão, as empregadas sabiam seu papel. Como Esther não havia ido à cozinha, elas já haviam preparado o café da manhã no horário certo.Mas Joana nem sequer olhou para Esther, sua atenção estava toda voltada para Marcelo.— Marcelo, estou falando com você! — Disse Joana, experando por sua explicação.— Nosso casamento uma hora ou
Marcelo não queria continuar aquela conversa.— Esther já foi levar as coisas por você. Se precisar de algo mais, pode ligar. — Disse ele, deixando claro que preferia que Joana não aparecesse sem motivo.A reação de Marcelo deixou evidente o quanto ele queria manter distância da mãe. Joana percebeu isso e, internamente, decidiu que precisaria se esforçar ainda mais para fortalecer a ligação com Sofia. Talvez esse fosse o caminho para influenciar Marcelo.— Sou a matriarca da família Mendes, esposa do seu pai. — Disse Joana, sem paciência para discutir.Marcelo não deu atenção às palavras de Joana e simplesmente a deixou para trás....Esther foi ao hospital levar as vitaminas para Sofia. Assim que Sofia ouviu a porta se abrir, seu coração disparou. Ela esperava ver Marcelo, mas, ao se deparar com Esther, o sorriso que começava a surgir em seu rosto congelou.— Você? — Sofia deixou escapar, sem conseguir esconder a decepção.— Minha sogra não está se sentindo bem. Vim entregar as vitami
Aquela voz era tão familiar que fez o corpo de Esther ficar tenso num instante. Ela se obrigou a virar, tentando não demonstrar surpresa.Para seu alívio, viu que era Hugo Rocha, um colega de faculdade. Esther se lembrava bem dele. Há três meses, ela mesma havia conduzido a entrevista que garantiu a ele um lugar no departamento de tecnologia do Grupo Mendes. Além de serem ex-colegas, Hugo tinha se destacado pela competência e habilidades técnicas.— Que coincidência. — Esther respondeu, forçando um sorriso.Talvez fosse o desejo de manter o bebê que a fazia se sentir tão nervosa e culpada, como se estivesse escondendo algo.— Tirei o dia de folga hoje e decidi vir fazer um check-up no hospital. Não esperava te encontrar aqui. Ah, na próxima sexta-feira vai ter a festa de um mês do filho do nosso antigo colega, Alfredo. Você vai? — Perguntou Hugo, com um tom descontraído.João sempre foi um cara simples e de bom coração, vindo de uma região rural. Durante a época da faculdade, ele estav
Esther finalmente conseguiu ligar para Diana. A voz de Diana, ainda sonolenta, fez Esther se sentir um pouco culpada.— Desculpa te incomodar no seu descanso, Diana. Eu realmente sinto muito por isso. Mas estou a caminho de um shopping que fica perto da sua casa. Vou esperar você por lá.— Tudo bem. — Respondeu Diana, sem hesitar.Assim que Esther chegou ao shopping, procurou uma loja de chá, famosa pelas suas bebidas, e pediu duas xícaras. Ela escolheu uma mesa de cor creme, típica da decoração da loja, e se sentou para esperar.Diana não demorou muito para aparecer. De longe, ela avistou Esther sentada, segurando uma das xícaras de chá.— O que te deu na cabeça para me chamar hoje? E ainda por cima, escolher essa loja que virou febre na internet? Conta aí, o que você quer? — Diana brincou, lançando um olhar de reprovação fingida. Apesar do tom brincalhão, Diana puxou uma cadeira e se sentou em frente a Esther.— Nada demais. Só queria que você me acompanhasse em um passeio. E, além d
Diana não precisou de mais que um segundo para reconhecer a voz. Era Lara Reis, sua eterna concorrente. Se Diana organizava uma exposição de arte, Lara fazia o mesmo logo em seguida. Se Diana lançava uma nova coleção de design, Lara tratava de seguir a tendência. Em tudo o que Diana fazia, Lara estava lá, copiando e tentando superá-la. Para Diana, era claro que alguns vendedores se inclinavam para o lado que parecia mais vantajoso.Lara estava determinada a tomar a roupa que Diana segurava, mas Esther não ia permitir isso. Sem hesitar, ela tirou do bolso o cartão preto que Marcelo lhe havia dado.— Vou levar essa roupa. — Disse Esther, com um tom decidido.Esther puxou Diana para fora do provador, sem sequer precisar que ela experimentasse a peça. Estava claro que o objetivo era demonstrar superioridade sobre Lara.Ao ver o cartão preto, tanto a vendedora quanto Lara ficaram boquiabertas. A expressão de Lara mudou de imediato, tornando-se furiosa.— Você, uma simples secretária, ousa