Marcelo podia ser gentil, mas também sabia ser cruel. No entanto, havia um detalhe que ele nunca mencionava: o divórcio.Esther tentou soltar sua mão, mas Marcelo a segurou ainda mais firme.— Esther, não faça isso. — Disse ele, com uma voz suave.— E por que eu não deveria? Se você pensa igual à sua mãe, posso devolver os dez milhões que vocês pagaram. — Retrucou Esther, sentindo o aperto no peito aumentar.— Esther, você não tem esse dinheiro. — Disse Marcelo, sem acreditar que ela tivesse tanto dinheiro.Enquanto isso, o carro seguia lentamente pela estrada. As portas estavam trancadas pelo controle central, e não havia como sair.— Eu sei que não tenho, mas posso ganhar. — A voz de Esther era rouca, mas determinada.— E como pretende fazer isso? Você acha que alguém vai te contratar depois que sair do Grupo Mendes? Quanto você planeja pagar por mês? — Perguntou Marcelo, soltando uma risada leve. Antes que Esther pudesse responder, Marcelo continuou, com um sorriso que beirava o deb
— Se eu não posso te contrariar, nem deixar a Michele chateada, e ainda assim tenho que agradar a sua mãe, o que sobra pra mim, Marcelo? E eu, onde fico nisso tudo? — Perguntou Esther, com um tom de desânimo.Marcelo estreitou os olhos, um toque de irritação surgindo em seu rosto.— Esther, não se esqueça de uma coisa, tá? — Ele olhou para ela intensamente. — Foi você quem disse ao meu avô que queria se casar comigo, lembra?As palavras de Marcelo trouxeram à mente de Esther dez milhões de reais e as ações que ele havia mencionado. De repente, sua cabeça começou a latejar, e o coração parecia ser esmagado por uma pressão invisível. Ela sentiu dificuldade em respirar, como se todo o ar ao seu redor estivesse ficando rarefeito.Sem forças para continuar a discussão, Esther fechou os olhos e se recostou no vidro frio da janela do carro, preferindo o silêncio. O cansaço mental e emocional era tão grande que parecia um peso físico sobre seus ombros.Marcelo observou a reação dela, e vendo q
Embora Michele fosse mais velha, ela ainda adorava ser chamada de “Srta. Michele”, como os mais jovens faziam. Marcelo, ao ver Michele levando Esther para longe, respirou fundo e decidiu seguir as regras do jogo. Colocou uma máscara metálica prateada no rosto, ajustando-a com um gesto rápido. Quando finalmente entrou no salão, Michele já havia levado Esther para o segundo andar.No segundo andar, o ambiente era mais reservado, com janelas que permitiam uma visão privilegiada do saguão abaixo, onde a festa estava no auge. As pessoas estavam elegantemente vestidas, e os jovens desfilavam suas melhores roupas e sorrisos.Esther, ao olhar ao redor, não conseguia entender o propósito daquela festa organizada por Michele.Michele, com um sorriso astuto e os olhos brilhando com uma certa intenção, empurrou um copo de suco na frente de Esther.— Beba um pouco, querida. Hoje à noite, quem sabe, posso te ajudar a testar o Marcelo, hein? — O tom de Michele era quase conspiratório, como se estive
Marcelo e Esther, mesmo em locais diferentes, foram imediatamente atraídos pela mesma voz. Ambos giraram a cabeça, procurando a origem daquele chamado.Lá estava ela, uma jovem alta, de pele clara e cabelos presos em um coque elegante, vestindo um longo vestido rosa que brilhava sob as luzes suaves do salão. Uma máscara prateada, semelhante à de Marcelo, cobria parcialmente seu rosto. Ela se aproximou dele, segurando a barra do vestido com delicadeza, para não tropeçar.O mais impressionante era que, quando a garota correu até Marcelo, a diferença de altura entre eles era bem evidente. Para reconhecer Marcelo de imediato, mesmo com a máscara, ela devia conhecê-lo muito bem!Marcelo, ao notar a semelhança das máscaras, franziu as sobrancelhas. — Quem é você? — Ele perguntou, intrigado.Ele estava certo de que a pessoa à sua frente não era Esther. Não fazia ideia do que Michele estava planejando. E ainda não sabia que Esther estava assistindo a tudo de perto.A jovem apenas sorriu, um s
Esther ficou surpresa por um momento, sem entender por que Marcelo reagiu de forma tão intensa.— Você está se sentindo melhor assim? — Perguntou ela, quebrando o silêncio.Marcelo olhou diretamente nos olhos dela, buscando qualquer indício de malícia, mas encontrou apenas sinceridade. Ele fechou os olhos, permitindo que um suspiro escapasse, e respondeu com uma voz rouca:— Sim, muito melhor.Ele sabia que ela estava mudando de assunto, e, embora tivesse uma série de perguntas na ponta da língua, decidiu deixá-las de lado, pelo menos por enquanto. Esther continuou massageando suas têmporas, apesar de suas mãos começarem a doer. Aos poucos, o som da respiração regular de Marcelo indicava que ele estava dormindo. Esther parou de massageá-lo e, com cuidado, pegou uma fina manta para cobrir ele.Quando saiu do escritório, ela quase colidiu com Poliana, que estava do lado de fora.— Esther. — Poliana a cumprimentou de imediato, um tanto surpresa ao vê-la ali.Esther tinha passado mais de
— Não é isso, Poliana. O cliente que ele vai encontrar hoje é muito importante. Apenas se concentre no seu trabalho aqui na empresa. — Explicou Esther com firmeza.Marcelo era uma pessoa naturalmente distante, sem muitas palavras. Se ele realmente não gostasse de alguém, e essa pessoa não fosse importante para seus interesses, ele simplesmente não permitiria que ela ficasse por perto. Esther, percebendo o silêncio de Poliana, tentou acalmar ela.— O que você precisa focar é no seu trabalho, Poliana. Sua prioridade deve ser fazer o seu trabalho da melhor forma possível, não se preocupar se ele gosta ou não de você. — Esther foi clara e direta, suas palavras eram incisivas. — Se ele não gosta de você, isso significa que você vai perder a vontade de trabalhar? — Você tem razão, eu estava sendo precipitada. Preciso me concentrar no que realmente importa. — Poliana respondeu, depois de refletir por um momento.— Vá trabalhar, então. — Disse Esther com um tom calmo, mas firme.Poliana volt
Ao ouvir as palavras de Isabela, Esther sentiu a respiração se tornar pesada, mas conseguiu disfarçar ao dizer:— Não estou grávida, mãe. É só que andei comendo coisas leves demais e queria variar um pouco o sabor.Na verdade, Esther estava escondendo a verdade. Recentemente, sua mãe havia questionado sobre seu casamento, e ela chegou a mencionar que estava pensando em se divorciar de Marcelo. Se Isabela descobrisse que ela estava grávida naquele momento tão delicado, certamente faria uma tempestade.Isabela suspirou de alívio ao ouvir a resposta da filha, mas ainda assim a aconselhou:— É melhor assim. Você tomou uma decisão e uma gravidez agora poderia complicar tudo.Antes que Isabela pudesse continuar, Felipe, percebendo o desconforto de Esther, deu um leve sinal com os olhos para que sua esposa mudasse de assunto.— Esther, coma um pouco mais. Quanto à questão dos filhos, vocês jovens podem resolver isso no tempo certo. — Disse Felipe, tentando tranquilizá-la.— Claro, pai. — Resp
Assim que Poliana saiu, Marcelo lançou um olhar penetrante sobre Esther, os olhos negros refletindo uma intensidade sombria.— Onde você estava que acabou trazendo tanta coisa assim? — Perguntou ele, observando as sacolas transparentes que revelavam alguns alimentos embalados.— Fui visitar meus pais. — Respondeu Esther de forma tranquila.— E não encontrou o Luiz? — Marcelo continuou, com um tom neutro.A essa altura, já estava claro que ele não tinha mais nenhum traço da embriaguez que Gilberto havia mencionado. Poliana parecia ter uma capacidade notável de aprender e executar as coisas, algo que não passou despercebido para Marcelo.— Ele tem os compromissos dele. Nenhum de nós tem tanto tempo livre assim. — Respondeu Esther, pegando as sacolas e caminhando em direção à cozinha.Ela decidiu não prolongar a conversa. Se fosse para ficar mais tempo no Jardim dos Sonhos, preferia não criar mais atritos do que os já existentes. Depois de guardar tudo, voltou para a sala, onde Marcelo a