Esther pegou o copo d'água e agradeceu com um aceno de cabeça, mas o gesto discreto não passou despercebido pelos presentes.— O marido de Esther é mesmo atencioso, sempre pensando na esposa! — Comentou uma das tias, com um sorriso cúmplice nos lábios, o que fez todos ao redor soltarem uma risadinha.Marcelo, segurando seu copo de bebida com uma elegância natural, devolveu o sorriso com um olhar afetuoso para Esther. — Minha esposa merece ser bem cuidada, né? Não tem como ser diferente. O ambiente se encheu de risadas e falas de aprovação.— Ah, se meu marido fosse metade do que você é, a gente não brigaria tanto! — Comentou uma das parentes, com um tom de brincadeira, arrancando mais gargalhadas da roda.— Hahahaha… — O riso alegre ressoava, e Esther, que sempre foi tão discreta, não conseguia evitar um leve rubor. Marcelo parecia confortável, lidando com os parentes dela como se os conhecesse há anos. Isso só fazia com que o respeito dos presentes por ele crescesse.Com um sorriso
— Não sou eu que estou inventando, é a realidade! — Paula bufou, gesticulando com as mãos enquanto falava, como se estivesse tentando colocar um ponto final na discussão. — Ouvi dizer que Esther já trabalhava como secretária antes mesmo de se formar. Quem está perto da água bebe primeiro, não é? Claro que ela conseguiu se casar com um homem rico! Ela é esperta, diferente de vocês. E Larissa? O que ela pode fazer agora? Nem trabalho arranjou ainda, e sua reputação já está manchada. Como ela vai ter uma vida boa no futuro? As palavras cortantes da avó atingiram Larissa como um soco no estômago. Seus olhos se encheram de lágrimas, e ela não conseguiu mais conter a dor que vinha tentando esconder. — Vó, eu ainda sou sua neta ou não? Como pode dizer que sou inferior à Esther? — Ela questionou, com a voz trêmula.Ao perceber que ninguém iria responder, Larissa se virou bruscamente e saiu correndo, as lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela precisava fugir daquele ambiente sufocante.— Lari! La
O quarto já estava arrumado, com tudo limpo e organizado. Mas, mesmo com o cuidado que Esther teve ao preparar o ambiente, ainda havia uma leve sensação de abandono no ar, acompanhada por um cheiro de mofo que revelava que a casa tinha ficado desocupada por algum tempo. Esther, tentando amenizar essa atmosfera pesada, abriu todas as janelas para deixar o ar fresco entrar e tirou os cobertores do armário para arejá-los.— Se você estiver cansado, pode deitar aqui um pouco. — Sugeriu ela, com um tom suave.Marcelo estava sentado no sofá, com os olhos fechados, o rosto pálido e o corpo levemente inclinado para frente. O cheiro de álcool que emanava dele era forte, e Esther podia perceber que ele estava mais quieto do que o habitual, uma indicação clara de que o cansaço estava vencendo.Ela lançou um olhar preocupado para ele antes de continuar a preparar o quarto, ajustando os travesseiros e esticando os lençóis, querendo que ele tivesse o máximo de conforto possível. — Entendi. — Murmu
De repente, uma voz fria e incisiva ecoou pelo quarto.— Você tem noção de que eu sou seu cunhado? — Marcelo perguntou, cada palavra carregada de uma frieza glacial.Larissa congelou instantaneamente. Quando levantou a cabeça e encontrou o olhar gelado de Marcelo, sentiu um calafrio percorrer sua espinha. O coração dela, que batia acelerado de excitação momentos antes, agora parecia afundar. Não havia no rosto dele o menor traço de desejo, algo comum em qualquer homem diante de uma mulher atraente. Em vez disso, ele a encarava com uma indiferença cortante, como se ela estivesse atuando sozinha em uma peça que ninguém assistia.Marcelo parecia impenetrável, uma muralha que Larissa não conseguiria transpor. Sua autoconfiança começou a vacilar, mas ela tentou manter a compostura, apertando as mãos para esconder o tremor que começava a se formar.— Claro que sei que você é meu cunhado. — Respondeu ela, tentando soar doce, mas sua voz saiu vacilante.Marcelo franziu ainda mais o cenho, seu
Por que Larissa decidiu focar sua atenção em Marcelo?Larissa saiu do quarto apressada, os olhos cheios de lágrimas e o cotovelo arranhado. Estava desesperada para fugir antes que Esther pudesse zombar dela. Esther, parada na porta do quarto, observou a prima sair, franzindo o cenho, perplexa com a cena que havia acabado de presenciar. Ela se virou lentamente para Marcelo, que ainda estava com uma expressão gelada.— Sua prima estava me seduzindo. Você não viu? — Disparou ele, irritado.Marcelo estava com os olhos semicerrados, os músculos tensos como se a raiva estivesse prestes a explodir de dentro dele. Sua voz era carregada de indignação, como se ele esperasse que Esther reagisse de alguma forma, mas ela permaneceu impassível, com uma calma que o desconcertava.— Vi, sim. — Respondeu Esther, com tranquilidade.A resposta fria e sem emoção de Esther fez Marcelo ficar ainda mais sombrio. Ele não conseguia entender a apatia dela, a maneira como ela lidava com a situação com uma indif
— Estou pensando no melhor para vocês! — Paula disse com seriedade, cruzando os braços com firmeza, seus olhos brilhando com uma convicção inabalável. — O Caio simplesmente não se compara ao Felipe! Dinheiro é o que importa, veja só como a Esther é admirada, todo mundo a elogia. Basta mencionar o nome dela e já se sabe o quanto ela é bem-sucedida. E sua filha? Mesmo que ela se case com um velho, se ele for rico, ela nunca vai ter que se preocupar na vida!— Ah, mãe! — Nora discordou, visivelmente irritada, balançando a cabeça com exasperação. — Eu não sou tão interesseira quanto você, que só pensa em dinheiro. Todo mundo me chama de mercenária, e agora eu sei por quê. Eu sou assim por sua causa, você me fez desse jeito e agora quer que minha filha siga o mesmo caminho!— Como pode falar assim? O que há de errado nisso? — Paula se enfureceu, seus lábios se contraindo numa linha fina de desaprovação.— Eu estou bem agora? Perdi meu marido e acabei assim. O que há de bom nisso? — Nora ret
Esther sabia que o envolvimento daquela mulher com o que havia acontecido era mais profundo do que qualquer um queria admitir. Depois de Nora despejar toda a sua amargura, Esther, mantendo um olhar firme, perguntou, com uma voz fria que cortava o ar: — Naquele dia, quando fui sequestrada pelo tio Caio, havia outra pessoa presente. Era uma mulher. Ela não queria ser reconhecida, então distorceu a voz. Eu já descobri que vocês me incriminaram, mas sei que havia alguém por trás disso. E eu suspeito que essa mulher esteja envolvida na morte do tio Caio, e a única maneira de descobrir quem fez isso é com a ajuda de vocês!— Que absurdo, isso é uma grande mentira! Não pode ser! — Gritou Nora, incrédula, tentando se convencer de que aquilo não passava de uma armadilha para livrar Esther de qualquer culpa.Mas Esther, com o coração apertado, percebeu que a dor de Nora era mais do que simples indignação. Ela era um escudo, uma defesa contra a verdade que Nora se recusava a enfrentar. — Pense
Após o tapa, Nicole não se esquivou, pelo contrário, lentamente virou o rosto de lado e voltou a encarar Esther com um olhar provocativo, os lábios se curvando em um sorriso debochado. — Esther, por que está tão nervosa, hein? Bater em alguém também é crime, sabia? — Provocou Nicole, sua voz carregada de uma calma perigosa.Esther, com os punhos ainda cerrados, sentiu o sangue fervendo em suas veias. Cada fibra do seu ser queria explodir, mas ela respirou fundo, tentando manter o controle. — Pelas coisas que você fez, você já deveria estar presa há anos! — Rebateu ela, o olhar fixo nos olhos de Nicole.Nicole, sem demonstrar um pingo de medo, apenas arqueou uma sobrancelha e soltou uma risada irônica. — Que coisas? — Retrucou ela, o tom cheio de falsa inocência. — Esther, não me acuse injustamente, eu não fiz nada! Só estou aqui a passeio, sabe?Antes que Esther pudesse responder, uma voz conhecida ecoou ao longe, cortando o ar tenso entre as duas. — Esther, o que você está fazendo