Claro, se ele podia deixar cem milhões na conta dela, não ia se importar em desembolsar cinquenta milhões. Ele era um homem bom, realmente bom. Mas cada gesto de bondade dele era como uma bala disparada direto em seu coração, deixando-a dividida entre o apego e a dor. Caio, por outro lado, estava eufórico. Ele começou a rir, satisfeito com o desenrolar dos acontecimentos, e imediatamente recitou o número de sua conta bancária. — Isso mesmo, anota aí! — Disse ele, o sorriso largo e os olhos brilhando de expectativa, quase saboreando o gosto da vitória.Marcelo pegou o celular e fez uma ligação rápida, sem tirar os olhos de Caio. — Transfere cinquenta milhões para essa conta agora! — Ordenou ele, sua voz firme e controlada.A mulher, que estava escondida atrás deles, ficou apavorada ao ouvir a conversa. “Não, isso não pode acontecer! De jeito nenhum!” pensou ela, o coração disparando em seu peito. Ela precisava garantir que Esther desaparecesse de vez! Sem perder tempo, começou a pro
O carro de Caio explodiu de repente.O fogo subiu ao céu, envolvendo o carro em chamas que se espalhavam rapidamente. O veículo foi destruído em um instante, transformando-se em uma bola de fogo.Esther ficou parada no mesmo lugar, a pele clara do rosto refletindo o brilho das chamas. Seus olhos estavam arregalados, o horror estampado em sua expressão. A imagem do tio, com quem ela não era tão próxima, se formou em sua mente. Mas, independentemente disso, ele era seu tio de sangue. Ver alguém morrer na sua frente era algo para o qual ninguém estava preparado.Sua mente estava em branco, incapaz de processar a realidade do que tinha acabado de acontecer. As lágrimas começaram a escorrer silenciosamente por seu rosto, sem que ela sequer percebesse. O choque era tão grande que parecia que o tempo havia parado. Ela ficou ali, imóvel, por um tempo que pareceu uma eternidade, como se sua alma tivesse deixado seu corpo, transformando-a em uma espécie de zumbi. Quase sem consciência, deu um pa
Marcelo franziu a testa, sua preocupação evidente no olhar. Ele não estava convencido com a insistência de Esther em minimizar o que havia acontecido. — Você acabou de desmaiar, Esther. — Disse ele, a voz grave e insistente, seu olhar penetrante. — É melhor fazer um exame para garantir que está tudo bem.Esther sentiu um leve calafrio ao ouvir o tom firme de Marcelo, mas rapidamente disfarçou, apertando a roupa contra o corpo como se precisasse de uma barreira física entre eles. Ela desviou o olhar, fixando-o na mão dele, onde o sangue manchava a pele. — Acho que você precisa mais de um exame do que eu. — Respondeu ela, tentando manter a voz leve, mas sentindo o coração acelerar.Ela sabia que Marcelo estava desconfiado, que ele estava começando a juntar as peças, e isso a deixava nervosa. Por isso, rapidamente saiu da cama, numa tentativa desesperada de mudar de assunto. — Eu só tenho um pequeno corte no pescoço, é só fazer um curativo e tudo bem! — Disse ela, sua voz soando apress
Esther não via as coisas do jeito que Marcelo insinuava. Mesmo depois de ter dito aquelas palavras desdenhosas para Sofia, sua intenção era apenas se proteger, manter uma distância emocional que a ajudasse a enfrentar a situação.— Você sabe que eu tenho alguém que amo, não é? — Disse Esther, sua voz firme, bloqueando qualquer tentativa de Marcelo de argumentar. Essa frase foi como um muro entre eles. Marcelo sentiu uma pontada de dor ao ouvir essas palavras. Ele nunca havia visto esse homem, nunca soube nada sobre ele, e esse fato se tornou um enigma que ele não conseguia resolver. — Não precisa mencionar esse homem. — Disse ele, tentando esconder o ressentimento que sentia. — Quando o contrato expirar, eu vou te liberar. E mesmo que você não me entregue o acordo de divórcio, eu o entregarei a você!Marcelo e Esther estavam presos em um acordo que envolvia mais do que apenas um papel assinado, havia uma promessa de ações e a necessidade de manter as aparências até o final do contrat
Esther segurava a garrafa de leite ainda morna em suas mãos, sentindo o calor suave contra a pele. Ela tomou um gole hesitante, o líquido doce com um leve sabor de leite descia pela garganta, mas deixava um gosto amargo na boca. Seus pensamentos estavam embaralhados, uma mistura de alívio e desespero que ela tentava controlar.— Descanse um pouco. — Marcelo, já com o ferimento tratado, disse com um tom que misturava preocupação e determinação. — Eu cuido do que for preciso com a polícia.Ele queria poupá-la de mais estresse, percebendo o peso de tudo o que havia acontecido. O caso de sequestro era sério demais para deixar qualquer detalhe escapar, e ele sabia que teria que investigar a fundo, mesmo que isso significasse sacrificar seu próprio descanso. Esther, ainda meio atordoada, se deitou na cama do hospital, sentindo o corpo pesar mais do que o habitual. O leite em sua mão era uma âncora que a mantinha conectada à realidade, mas não afastava o medo que ainda rondava sua mente. Ela
— Essa Esther parecia tão boazinha quando era criança, mas olha só, cresceu e se tornou um monstro. Caio morreu por causa dela, e ele era seu tio! Que frieza! — Comentou alguém, com desprezo.— Não é mesmo? Tem gente que nasce pra ser ruim. O pobre do Caio morreu de forma tão horrível, vítima da própria sobrinha, e ninguém faz nada! Que pena! — Uma voz sussurrou, mas o tom cheio de veneno atravessou o ambiente como uma lâmina afiada.— A polícia não disse nada? Como é que uma pessoa morre assim e fica por isso mesmo? — Outro comentou, sacudindo a cabeça em reprovação, como se não conseguisse acreditar na injustiça.— Enterrar o homem e acabar com a história, é isso? Que absurdo! — Uma mulher de meia-idade falou, cruzando os braços com desdém.— Se for assim, é muita injustiça. Uma vida foi perdida, e agora a Esther vai ficar com todas as vantagens! — Um homem murmurou, balançando a cabeça.Esses comentários cortavam o ar como punhais, atingindo o coração de Isabela. Ela apertou os lábi
Essa situação virou mais um motivo de conversa entre eles. Ao invés de apenas culparem os outros, talvez estivessem apenas ressentidos. No fundo, o que incomodava era o fato de que, entre todos, a família de Esther era a que mais havia prosperado.Eram todos gente comum, sem grandes aspirações. A ideia de alguém da família se casar com um milionário era algo fora da realidade deles. Muitos nunca nem viram de perto uma mansão, quanto mais viver nesse tipo de luxo.A inveja falava mais alto. Afinal, todos eram da mesma família, carregavam o mesmo sobrenome, mas os destinos pareciam tão diferentes.— É isso mesmo! A família Moura não tem lugar para gente como vocês! — Disse um dos parentes, o rosto avermelhado de raiva, os olhos faiscando de ressentimento.Felipe já estava acostumado a essas conversas fiadas depois de tantos anos, mas o que ele não aceitava era que nem num momento de luto deixassem ele e Esther em paz. Ele respirou fundo, tentando manter a calma, mas a frustração estava e
O silêncio caiu imediatamente entre os presentes. Todos os olhares se voltaram na direção de onde vinha a voz. Vários carros estavam parados ali, e uma figura alta e imponente se aproximou.O homem, vestindo um terno preto com detalhes em cinza, tinha uma expressão fria e olhos profundos e severos. Sua presença era envolta em uma aura de distanciamento e autoridade, que intimidava qualquer um que tentasse se aproximar, mas ao mesmo tempo impunha respeito. As pessoas abriram caminho instintivamente, como se uma força invisível as empurrasse para o lado. Esther se virou, ligeiramente surpresa. “Ele veio também?”, pensou, sentindo a tensão em seu corpo diminuir ligeiramente. Ela soltou a mangueira que segurava, suas mãos ainda tremendo levemente pela adrenalina.Após alguns segundos de silêncio tenso, alguém gritou furioso, com a voz rouca e cheia de rancor: — Quem é você? A gente não precisa de intrometidos nos assuntos da família Moura! Marcelo lançou um olhar afiado ao homem que hav