Caio franziu a testa, suas sobrancelhas se unindo em uma linha dura enquanto continuava a fumar com irritação visível. — Não precisa falar assim, eu vou devolver o dinheiro, claro que vou! — Insistiu ele, tentando soar convincente. Ele deu uma última tragada no cigarro, como se buscasse coragem no tabaco. — Só preciso que você me empreste agora.— Eu não tenho dinheiro para te emprestar. — Esther respondeu, sua voz firme como uma rocha. — Se tem mais alguma coisa a dizer, fale agora, senão estou indo.Caio, vendo que ela realmente ia embora sem sequer olhar para trás, sentiu o sangue ferver. Jogou o cigarro no chão com raiva, esmagando-o com o pé como se estivesse esmagando sua própria impotência. — Esther, não me force a romper com você de vez. Se isso acontecer, vai ficar feio para todo mundo! — Ameaçou ele, sua voz carregada de ressentimento. Seus olhos escureceram, cheios de malícia.Mas Esther apenas entrou no carro e foi embora, ignorando completamente as ameaças. Ela conhecia
Gilberto soltou um suspiro, sem ter escolha a não ser desligar o telefone. O alívio, no entanto, foi passageiro, pois o telefone tocou novamente quase que imediatamente.— Sr. Marcelo, pode ser algo sério. — Gilberto alertou, seu tom levemente ansioso, embora tentasse manter a calma.Marcelo estava lendo o jornal do dia, as páginas ligeiramente amassadas sob seus dedos. Ele levantou os olhos com certa irritação quando o telefone tocou de novo. Ao ver que era Diana, uma ruga de preocupação se formou em sua testa. Ela nunca ligava para ele diretamente... Isso só podia ter a ver com a Esther.Lentamente, Marcelo fechou o jornal, a tensão em seus ombros aumentando. — Me dê o telefone. — Ordenou ele, estendendo a mão com uma calma que não refletia o turbilhão em seu peito.Gilberto, sentindo a mudança no ar, rapidamente entregou o aparelho. Assim que Marcelo atendeu, a voz aflita de Diana explodiu do outro lado da linha.— Marcelo, por que você não atende? Está mesmo disposto a deixar a Es
Marcelo rapidamente pegou o celular, os olhos fixos na tela, enquanto suas mãos tremiam ligeiramente com a adrenalina que corria por seu corpo. Ele acompanhava atentamente as imagens de segurança, sentindo o coração apertado a cada movimento que captava. As imagens mostravam o sequestrador tentando evitar ser filmado, movendo-se pelas sombras, mas acabou sendo capturado por uma das câmeras enquanto trocava de roupa em um ponto cego antes de sair.Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, finalmente conseguiram rastrear todos os movimentos do sequestrador e encontrar a localização.— Vamos agora! — Marcelo ordenou, sem hesitar, sua voz cortante como um chicote, enquanto já se movia na direção indicada. ...Enquanto isso, em um lugar sombrio e desconhecido, Esther estava completamente exausta. Seu corpo parecia pesado, como se estivesse preso em um estado de sono profundo do qual não conseguia despertar. Em meio a essa escuridão, uma voz distante e abafada invadia seus ouvidos.—
— Eu tenho dinheiro, não me machuque! — Esther exclamou, a voz trêmula de medo, enquanto sentia o suor escorrer pelo rosto e pelo corpo, deixando-a completamente encharcada. Seu peito subia e descia rapidamente enquanto tentava respirar, sentindo-se sufocada pelo pânico crescente.Conforme seus olhos começaram a focar, ela percebeu que estava em um quarto desordenado, sujo, com móveis velhos espalhados pelo chão. Tentou puxar as mãos, mas logo percebeu que estavam amarradas, os pulsos doendo pela força das cordas. Quando seu olhar se fixou na figura à sua frente, seu coração parou por um segundo. — Tio Caio... — Murmurou ela, a voz fraca, quase inaudível, enquanto seu rosto empalidecia.Caio a encarou friamente, os olhos duros como pedra. — Agora você me chama de tio? — Perguntou ele com desprezo, o tom ácido em sua voz revelando o ressentimento profundo que carregava. Esther sentiu um nó se formar em sua garganta. Ela nunca imaginou que ele pudesse ser tão cruel ao ponto de sequest
As palavras de Esther começaram a fazer sentido para Caio. Ele percebeu que aquela mulher era uma desconhecida, alguém que se aproximou dele apenas por interesse. Esther, por outro lado, era sua sobrinha, e por mais complicada que a situação fosse, os laços de sangue ainda pesavam. Ele se sentia encurralado, com a mente dividida entre o que era certo e o que parecia inevitável.Caio lançou um olhar desconfiado para a mulher, que imediatamente se agitou, perdendo a paciência e explodindo.— Ela está tentando nos dividir! — Exclamou a mulher. — Se não fosse pela minha ideia, você acha que a Esther entregaria o dinheiro de bom grado? Estamos nisso juntos! Apesar das palavras inflamadas da mulher, Caio sabia o que queria. Sua ganância e medo o guiavam. — Me dê a senha do cartão, e eu garanto que ela não vai te machucar. — Ordenou Caio, olhando para Esther com uma expressão endurecida.Esther, no entanto, não confiava nele nem por um segundo. Seus pensamentos eram um turbilhão de medo e d
Claro, se ele podia deixar cem milhões na conta dela, não ia se importar em desembolsar cinquenta milhões. Ele era um homem bom, realmente bom. Mas cada gesto de bondade dele era como uma bala disparada direto em seu coração, deixando-a dividida entre o apego e a dor. Caio, por outro lado, estava eufórico. Ele começou a rir, satisfeito com o desenrolar dos acontecimentos, e imediatamente recitou o número de sua conta bancária. — Isso mesmo, anota aí! — Disse ele, o sorriso largo e os olhos brilhando de expectativa, quase saboreando o gosto da vitória.Marcelo pegou o celular e fez uma ligação rápida, sem tirar os olhos de Caio. — Transfere cinquenta milhões para essa conta agora! — Ordenou ele, sua voz firme e controlada.A mulher, que estava escondida atrás deles, ficou apavorada ao ouvir a conversa. “Não, isso não pode acontecer! De jeito nenhum!” pensou ela, o coração disparando em seu peito. Ela precisava garantir que Esther desaparecesse de vez! Sem perder tempo, começou a pro
O carro de Caio explodiu de repente.O fogo subiu ao céu, envolvendo o carro em chamas que se espalhavam rapidamente. O veículo foi destruído em um instante, transformando-se em uma bola de fogo.Esther ficou parada no mesmo lugar, a pele clara do rosto refletindo o brilho das chamas. Seus olhos estavam arregalados, o horror estampado em sua expressão. A imagem do tio, com quem ela não era tão próxima, se formou em sua mente. Mas, independentemente disso, ele era seu tio de sangue. Ver alguém morrer na sua frente era algo para o qual ninguém estava preparado.Sua mente estava em branco, incapaz de processar a realidade do que tinha acabado de acontecer. As lágrimas começaram a escorrer silenciosamente por seu rosto, sem que ela sequer percebesse. O choque era tão grande que parecia que o tempo havia parado. Ela ficou ali, imóvel, por um tempo que pareceu uma eternidade, como se sua alma tivesse deixado seu corpo, transformando-a em uma espécie de zumbi. Quase sem consciência, deu um pa
Marcelo franziu a testa, sua preocupação evidente no olhar. Ele não estava convencido com a insistência de Esther em minimizar o que havia acontecido. — Você acabou de desmaiar, Esther. — Disse ele, a voz grave e insistente, seu olhar penetrante. — É melhor fazer um exame para garantir que está tudo bem.Esther sentiu um leve calafrio ao ouvir o tom firme de Marcelo, mas rapidamente disfarçou, apertando a roupa contra o corpo como se precisasse de uma barreira física entre eles. Ela desviou o olhar, fixando-o na mão dele, onde o sangue manchava a pele. — Acho que você precisa mais de um exame do que eu. — Respondeu ela, tentando manter a voz leve, mas sentindo o coração acelerar.Ela sabia que Marcelo estava desconfiado, que ele estava começando a juntar as peças, e isso a deixava nervosa. Por isso, rapidamente saiu da cama, numa tentativa desesperada de mudar de assunto. — Eu só tenho um pequeno corte no pescoço, é só fazer um curativo e tudo bem! — Disse ela, sua voz soando apress