Lorena manteve o tom desafiador e disse: — Pode usar todos os seus truques contra mim. No pior dos casos, eu morro nas suas mãos! Alguém como você... Duvido que nunca tenha matado ninguém. Duarte assentiu e respondeu: — Já que você mesma disse isso, então vamos ver! — Após falar, ele gritou em direção à porta: — Enrico, entre! Logo, Enrico entrou, mantendo a cabeça baixa, sem ousar levantar o olhar. Ele se curvou levemente e perguntou: — Chefe, o que deseja? Duarte ordenou: — A partir de agora, se a Srta. Lorena não comer, a mãe dela também não come! Quero ver quem aguenta mais tempo sem se alimentar, se a Sra. Lopes ou a Srta. Lorena. Lorena ergueu a cabeça, surpresa, seus olhos se arregalando enquanto encarava Duarte. — Você está sendo cruel demais! — Exclamou, furiosa. — Duarte, além de intimidar mulheres e idosos, você não sabe fazer mais nada, não é? Duarte se agachou diante dela, levantando a mão para acariciar lentamente o rosto de Lorena, que transbordava
— Não precisa. — Lorena recusou friamente. — Você não precisa me explicar nada, e eu também não me importo. Sr. Duarte, já não me interessa quantas mulheres ou quantos filhos você teve no passado. Isso não significa mais nada para mim! A frieza de Lorena caiu sobre Duarte como um balde de água gelada, extinguindo instantaneamente qualquer intenção que ele tivesse de se desculpar. — Certo, se você não quer ouvir minha explicação, então esqueça. — Duarte se levantou com o rosto fechado e declarou. — Mas se lembre, Lorena, você é minha mulher. Assim que resolvermos a situação de Domingos, vamos registrar nosso casamento. A partir desse momento, você será minha para o resto da vida. Lorena olhou para ele, atordoada, e balançou a cabeça. — Você enlouqueceu! Ela simplesmente não conseguia entender o que se passava na mente daquele homem. "Depois de tudo que descobri sobre ele, depois de tudo o que aconteceu entre nós, Duarte ainda quer se casar comigo?" Com um olhar gelado, ela
Na verdade, o que Duarte pensava era: "Natacha, Joaquim... essas pessoas estudaram tanto que ficaram burras. Se dá para resolver conversando, por que precisam brigar?" — Ah, certo, mano, fica com o Domingos no quarto hoje à noite. Ele anda tendo muitos pesadelos ultimamente, e eu não fico tranquila deixando ele sozinho no hospital. Natacha mudou o assunto para Domingos. Duarte não pensou muito e assentiu. — Certo, eu devia passar mais tempo com o Domingos. Natacha aproveitou para reforçar: — Pensa bem sobre a cirurgia também. Agora o Domingos finalmente conseguiu um doador de coração. Se perder essa chance, se sabe lá quanto tempo vai demorar para aparecer outra. Falar disso deixou o coração de Duarte pesado. Afinal, a cirurgia era extremamente arriscada. Agora, mais do que nunca, ele sentia que precisava aproveitar cada momento com Domingos. O tempo que pudessem ter juntos era precioso. Depois de convencer Duarte, quando chegou o fim do expediente, Natacha fez questã
Natacha olhou, surpresa, para as costas de Lorena, sentindo o coração tremer incontrolavelmente. “Meu Deus, o que a Lorena está dizendo? O que meu irmão fez com ela, afinal?” — Lorena... — Natacha chamou baixinho. O corpo de Lorena enrijeceu. Ela se virou para encarar Natacha. Ao se dar conta do que havia dito momentos antes, uma expressão fugaz de constrangimento e vergonha passou pelo rosto dela. Mas, no instante seguinte, seus olhos se encheram de fúria e se afiaram como lâminas ao dizer: — Você veio? Veio ajudar seu irmão a me convencer? Natacha respondeu, com culpa na voz: — Eu sei que, agora, no seu coração, eu e meu irmão somos iguais... dois mentirosos. — E não são? — Lorena a fitou, sem qualquer expressão, rebatendo com frieza. — Você não me ajudou a cair na armadilha dele? Não brincou comigo? Vocês acham que eu sou estúpida, não é? Foi divertido me enganar assim? Natacha se aproximou e se ajoelhou diante de Lorena, dizendo com pesar: — Lorena, me desculpa.
O olhar de Lorena para Natacha finalmente suavizou um pouco, deixando de ser carregado de hostilidade como no início. Lorena franziu as sobrancelhas, hesitante: — Agora, a porta desta casa está cheia de homens do Duarte. Eu não consigo sair. E mesmo que eu vá embora, minha mãe não escaparia da tortura dele. Natacha respondeu: — Não precisa se preocupar com a Sra. Lopes. Comigo e Joaquim aqui, meu irmão não vai ousar fazer nada contra ela. Me dá dois dias para pensar em um jeito de te tirar daqui. Lorena disse, cheia de gratidão: — Se você puder me ajudar, eu nunca vou esquecer sua bondade. Eu vou te retribuir. Natacha balançou a cabeça: — Você não precisa me retribuir. Isso é uma dívida que eu tenho com você! — Em seguida, acrescentou. — Ah, nesses dois dias, tenta agir conforme o que meu irmão quer. Deixa ele baixar a guarda. Assim vai ser mais fácil para eu te tirar daqui. A gente se fala pelo WhatsApp quando for a hora. Lorena respondeu apressada: — Não podemos u
Duarte abaixou a cabeça e olhou para o rostinho radiante da mulher em seus braços. Ele sorriu levemente e disse: — Se você tivesse sido tão obediente antes, eu não teria feito isso com você. Lorena forçou um sorriso amargo, reprimindo a raiva e a humilhação que sentia no coração. Duarte então suavizou o tom de voz e continuou: — Naquele dia, quando voltei, minha intenção era pedir desculpas a você. Mas, antes disso, nenhuma mulher jamais havia me batido. Por isso, acabei não pedindo desculpas e ainda gritei com você. Eu sei que também errei. Naquele momento, pouco importava para Lorena se Duarte se desculpava ou tentava se justificar. Porque, no fundo, tudo o que Lorena queria era ir embora, fugir para bem longe de Duarte e reencontrar a si mesma, a pessoa que era antes de perder a memória. Assim, ela fingiu se reconciliar com ele. No entanto, quando Duarte a beijou, Lorena reagiu com um incômodo evidente, o corpo rígido, uma repulsa que não conseguia disfarçar. Mesmo
Na manhã seguinte, ao acordar, Lorena percebeu o novo celular sobre o criado-mudo e ficou um pouco surpresa. Duarte saiu do banheiro após se lavar e, com tranquilidade, explicou: — Antes, você não quebrou o celular? Mandei comprar um novo para você. O chip continua sendo o mesmo. E quanto aos seguranças na porta, já mandei todos embora. Lorena não esperava que Duarte realmente fosse cumprir sua palavra. Além disso, bastava que ela cedesse um pouco, e ele de fato retirava os seguranças. Por um instante, Lorena sentiu uma leve pontada de culpa, mas a sensação desapareceu tão rápido quanto veio. Ela não achava que tinha algo de que se arrepender. "Tudo isso aconteceu por causa de Duarte. Eu nunca pertenci a ele." Nesse momento, Duarte deu alguns passos à frente, se aproximando dela. Se Inclinando, apoiou as mãos ao lado do corpo de Lorena, envolvendo ela completamente em seus braços. Desconfortável e cheia de repulsa, Lorena tentou se esquivar, mas temia irritá-lo e ac
Natacha sempre sentia que tudo isso estava acontecendo de maneira fácil demais. Lorena afirmou com convicção: — Não. Seu irmão é uma pessoa impulsiva e de raciocínio simples, ele não vai perceber. Depois de desligar a ligação com Lorena, Natacha foi procurar Joaquim. Os dois começaram a planejar como ajudar Lorena a sair de Cidade M sem que Duarte descobrisse. — Avião está fora de questão. — Disse Joaquim. — Qualquer meio de transporte que envolva a compra de passagens pode ser rastreado. Seu irmão só precisa fazer uma pequena investigação para descobrir para onde Lorena foi. Natacha concordou: — Também acho. Se queremos garantir que meu irmão não descubra o paradeiro de Lorena, temos que aproveitar esses dias em que ele estará em Cidade Y e levá-la de carro para outra cidade. Quando ele voltar e perceber que Lorena sumiu, já será tarde demais para encontrá-la. Além disso, não podemos usar o nosso próprio carro. Precisamos de um veículo com uma placa que ele não conheça.