Joaquim e os outros não pegaram a rodovia; em vez disso, escolheram um atalho. Dessa forma, poderiam levar Lorena para Cidade D o mais rápido possível, evitando qualquer imprevisto de última hora. Assim que chegassem a Cidade D e Reginaldo a recebesse, certamente Duarte não teria mais o que fazer. No entanto, essa estrada secundária era tanto deserta quanto esburacada. Natacha, sacudida pelo caminho irregular, começou a sentir enjoo e reclamou com Joaquim: — Se soubesse que essa estrada era tão ruim, teríamos pegado a rodovia! Não está perigoso demais? Joaquim riu e respondeu: — Você ainda duvida da minha direção? Essa estrada é segura! Só é um pouco irregular, mas depois desse trecho, melhora. No instante seguinte, um farol intenso brilhou ao longe, ofuscando a visão de Joaquim. Ele instintivamente pisou no freio. O carro parou bruscamente, e, com o impacto, Natacha e Lorena foram violentamente arremessadas contra o banco traseiro. Joaquim percebeu na hora que al
— Não! — Natacha gritou. — Irmão, você não pode fazer isso! Eu te imploro, qualquer coisa, venha para cima de mim! Mas o punho de Enrico já havia atingido Joaquim. Natacha olhava para a cena diante de si, tomada pela dor. Seu marido estava sendo espancado por um grupo de capangas. Mesmo assim, Joaquim ainda conseguiu dizer a Natacha: — Não se preocupe, ele não vai me matar, ele não ousaria! O caos já havia se instalado. Foi então que Lorena saiu correndo do carro, gritando: — Parem! Eu imploro, parem com isso! Por causa da súplica de Lorena, os homens que batiam em Joaquim interromperam a agressão por um instante. O chão estava coberto de sangue. Joaquim tentou se apoiar para se levantar, mas seus ossos pareciam despedaçados. Ele simplesmente não conseguia. Duarte, parecendo um demônio saído do inferno, olhou para a garota que chorava desesperadamente diante dele e disse: — Lorena, então você finalmente decidiu aparecer. Lorena correu até Duarte e caiu de joel
As lágrimas de Lorena já haviam secado. Ela jazia impotente na cama, indiferente a qualquer palavra cruel que o homem ao seu lado proferisse para humilhá-la. Ela queria morrer. Mas, se morresse, o que seria de sua mãe? "Um louco como Duarte... Joaquim é cunhado dele, e ainda assim, Duarte foi capaz de mandar espancá-lo daquela forma. Se eu continuar desafiando ele, ele certamente continuará machucando as pessoas que mais amo." Só agora Lorena percebia que, no mundo, existiam coisas ainda mais aterrorizantes do que a própria morte. Depois de despejar sua fúria sobre ela, Duarte perdeu o interesse ao vê-la naquele estado apático. Sem mais paciência, abandonou ela na cama e seguiu para o banheiro. ... Em outro lugar. Joaquim foi levado às pressas para o hospital. Após os exames, se descobriu que várias de suas costelas haviam sido fraturadas. Natacha, tomada pela dor, não conseguia parar de chorar enquanto Joaquim era encaminhado para a sala de cirurgia. Mesmo com o melh
Manuel pensou por um instante antes de dizer: — Nessa situação, a única coisa que você pode fazer é processá-lo. Mas Duarte é seu irmão... Como você vai processá-lo? Vai acusá-lo de cárcere privado ou de agressão? Você precisa pensar bem, porque, se levar isso adiante e ele for condenado, seu irmão pode acabar na prisão. Natacha hesitou. Embora Duarte fosse realmente detestável, ele ainda era seu irmão de sangue. Tudo o que havia vivido desde a infância o tornara no homem que era hoje. Joaquim percebeu o dilema de Natacha e interveio: — Deixa isso pra lá... No fim das contas, Duarte ainda é tio das crianças. Não se esqueça de que minha mãe já está presa. E se seu irmão for preso também? O que vai ser da nossa família com dois criminosos? Se isso vazar, como nossos filhos vão encarar essa história no futuro? No fim, Natacha desistiu da ideia de denunciar e processar Duarte. Pela família. Pelas crianças. Depois que Rosana e Manuel partiram, Natacha parecia profundamente aba
Diante da ameaça de Natacha, Duarte não demonstrou a menor preocupação. Ele sorriu e disse: — Natacha, eu te conheço melhor do que ninguém. Mesmo que eu não aceitasse sua proposta, você jamais deixaria de salvar Domingos. Natacha ficou surpresa. Não esperava que Duarte a entendesse tão bem. Duarte continuou: — Eu não vim aqui para pedir desculpas. Vim para te avisar. Se não quer que seu marido se machuque ainda mais, então continue fugindo com Lorena! Mas da próxima vez... Joaquim sairá muito mais ferido do que agora! O coração de Natacha afundou. Com raiva, ela pegou os documentos sobre a mesa e os atirou com força contra Duarte! Ele não desviou. O impacto abriu um corte em sua têmpora, e o sangue começou a escorrer. Duarte sabia que, naquele momento, Natacha o odiava profundamente. Na verdade, parecia que o mundo inteiro o odiava. Ele mesmo não entendia como, de repente, havia perdido tudo o amor, a família... Mas desistir? Isso não fazia parte de seus planos. Na
Clube Nuvem. Naquele momento, Duarte estava lidando com os assuntos da família Moreira em Cidade Y. Seu tio Leandro vinha fazendo movimentos cada vez mais ousados e até já começara a enviar pessoas para Cidade M, o que exigia vigilância constante. Assim, além de se preocupar com Lorena e Domingos, Duarte ainda tinha uma pilha de problemas no trabalho para resolver. Foi nesse instante que Enrico entrou, com um tom de leve estranhamento na voz: — Chefe, a Srta. Lorena disse que quer um piano em casa. Ou então alguns livros. Ela falou que está entediada. Duarte ficou surpreso. Até então, Lorena vinha se trancando no quarto, passando dias inteiros sem dizer uma única palavra. Agora, ela estava fazendo pedidos? Ele olhou para Enrico, intrigado: — Foi ela mesma que disse isso? Enrico assentiu e comentou: — Sim! Também achei estranho. Agora há pouco, Nicole me ligou dizendo que a Srta. Lorena parecia outra pessoa hoje. Ela até se maquiou e se arrumou toda. Depois, foi at
Por causa do tom sarcástico de Lorena, Duarte ficou furioso. No entanto, foi difícil para Lorena finalmente falar com ele, e Duarte também não queria explodir e quebrar novamente essa frágil harmonia que mal havia se formado. Por isso, ele disse em um tom contido: — Toque! Lorena suspirou, sem escolha, e começou a tocar uma música no piano. À medida que seus dedos deslizavam pelas teclas, uma melodia suave e envolvente preencheu o ar, e, junto com ela, o coração de Lorena também foi se acalmando. Duarte olhou na direção dela. Onde sua visão alcançava, tudo que via era o perfil delicado e encantador de Lorena. Naquele momento, ela estava completamente imersa na música, sem a teimosia habitual que costumava exibir. O coração de Duarte tremeu e, pouco a pouco, foi se tornando mais suave. Ele teve uma vontade quase incontrolável de ir até ela e envolvê-la em seus braços, mas temia estragar aquele instante perfeito. Quando a música chegou ao fim, Duarte ainda não havia saí
Naquele momento, Lorena estava sentada na beira da cama, de costas para a porta, com o corpo tremendo levemente. Duarte supôs que ela estivesse chorando. Ele se aproximou e, de fato, viu as lágrimas escorrendo silenciosamente pelo rosto de Lorena. Aquilo o deixou ainda mais angustiado do que quando ela o xingava, tomada pela raiva. — Por que está chorando? — Duarte ergueu a mão e enxugou delicadamente a umidade no canto dos olhos dela. Seu tom, involuntariamente, se suavizou. — Você queria um piano, queria livros... Eu já não trouxe tudo para você? O que mais falta? Lorena respirou fundo, reunindo coragem. — Se você pretende me trancar aqui para sempre, então qual é a diferença disso para uma prisão? Duarte soltou uma risada baixa. — A diferença é enorme! Na prisão, tem que seguir regras, acordar cedo, dormir tarde e ainda trabalhar! Mas você... Passa os dias sendo servida pela Nicole, ganha tudo o que quer. Isso aqui é muito mais confortável do que uma cela! Lorena mor