Clube Nuvem. Naquele momento, Duarte estava lidando com os assuntos da família Moreira em Cidade Y. Seu tio Leandro vinha fazendo movimentos cada vez mais ousados e até já começara a enviar pessoas para Cidade M, o que exigia vigilância constante. Assim, além de se preocupar com Lorena e Domingos, Duarte ainda tinha uma pilha de problemas no trabalho para resolver. Foi nesse instante que Enrico entrou, com um tom de leve estranhamento na voz: — Chefe, a Srta. Lorena disse que quer um piano em casa. Ou então alguns livros. Ela falou que está entediada. Duarte ficou surpreso. Até então, Lorena vinha se trancando no quarto, passando dias inteiros sem dizer uma única palavra. Agora, ela estava fazendo pedidos? Ele olhou para Enrico, intrigado: — Foi ela mesma que disse isso? Enrico assentiu e comentou: — Sim! Também achei estranho. Agora há pouco, Nicole me ligou dizendo que a Srta. Lorena parecia outra pessoa hoje. Ela até se maquiou e se arrumou toda. Depois, foi at
Por causa do tom sarcástico de Lorena, Duarte ficou furioso. No entanto, foi difícil para Lorena finalmente falar com ele, e Duarte também não queria explodir e quebrar novamente essa frágil harmonia que mal havia se formado. Por isso, ele disse em um tom contido: — Toque! Lorena suspirou, sem escolha, e começou a tocar uma música no piano. À medida que seus dedos deslizavam pelas teclas, uma melodia suave e envolvente preencheu o ar, e, junto com ela, o coração de Lorena também foi se acalmando. Duarte olhou na direção dela. Onde sua visão alcançava, tudo que via era o perfil delicado e encantador de Lorena. Naquele momento, ela estava completamente imersa na música, sem a teimosia habitual que costumava exibir. O coração de Duarte tremeu e, pouco a pouco, foi se tornando mais suave. Ele teve uma vontade quase incontrolável de ir até ela e envolvê-la em seus braços, mas temia estragar aquele instante perfeito. Quando a música chegou ao fim, Duarte ainda não havia saí
Naquele momento, Lorena estava sentada na beira da cama, de costas para a porta, com o corpo tremendo levemente. Duarte supôs que ela estivesse chorando. Ele se aproximou e, de fato, viu as lágrimas escorrendo silenciosamente pelo rosto de Lorena. Aquilo o deixou ainda mais angustiado do que quando ela o xingava, tomada pela raiva. — Por que está chorando? — Duarte ergueu a mão e enxugou delicadamente a umidade no canto dos olhos dela. Seu tom, involuntariamente, se suavizou. — Você queria um piano, queria livros... Eu já não trouxe tudo para você? O que mais falta? Lorena respirou fundo, reunindo coragem. — Se você pretende me trancar aqui para sempre, então qual é a diferença disso para uma prisão? Duarte soltou uma risada baixa. — A diferença é enorme! Na prisão, tem que seguir regras, acordar cedo, dormir tarde e ainda trabalhar! Mas você... Passa os dias sendo servida pela Nicole, ganha tudo o que quer. Isso aqui é muito mais confortável do que uma cela! Lorena mor
Lorena olhava para a mãe, surpresa. Apesar de saber que a mente dela já não estava lúcida, naquele momento, os olhos de sua mãe eram tão puros e sinceros que a deixaram abalada. Lorena evitava encarar aqueles olhos, com medo de decepcioná-la. — Duarte, esse mentiroso! Ele me enganou e agora ainda quer enganar minha mãe! Mas a Sra. Lopes continuava segurando a mão de Lorena e perguntou: — Você ouviu o que eu disse? Lorena, por que não responde à mamãe? Sem alternativa, Lorena forçou um sorriso e disse: — Ouvi. Mais tarde, ela fez questão de perguntar ao médico e às enfermeiras. Todos disseram que viam Duarte no hospital com frequência. Ele praticamente ia lá todos os dias. Alguns até elogiaram Lorena, dizendo que ela tinha bom gosto e sabia escolher um marido. Com o coração pesado, Lorena deixou o hospital. Ao olhar para trás, viu que dois ou três dos homens de Duarte ainda a seguiam. Quando perceberam que ela não estava voltando para casa, um deles apressou o pa
Com essa interrupção, Lorena acabou esquecendo de perguntar sobre o irmão. Afinal, Natacha havia mencionado que seu irmão era seu grande benfeitor, e Lorena estava bastante curiosa a respeito. Joaquim olhou para Natacha com uma expressão de dúvida e perguntou: — Por que você trouxe o Domingos? Natacha suspirou e explicou: — Eu disse às crianças que você estava viajando a trabalho no exterior. Otília e Adriano acreditaram, mas Domingos não. Ele insistiu que queria ver você, não teve jeito... Então, aqui estamos. Ela realmente não esperava esse encontro inesperado com Lorena enquanto estava com Domingos. Lorena observou o menino. Seus traços lembravam muito os de Duarte. Mas Domingos estava magro demais, tão frágil que parecia até doente. Joaquim fez um gesto com a mão para o garoto e disse: — Que história é essa de ficar tão envergonhado? Vai se esconder atrás da sua tia agora? Vem aqui! Com um pouco de hesitação, Domingos finalmente saiu de trás de Natacha e se ap
Aquela cena fez Natacha sentir uma opressão sufocante. Lorena olhou para Natacha com um olhar cheio de compaixão e disse: — Me desculpe... — Você não tem nada pelo que se desculpar comigo. — Lorena sorriu levemente. — Quem me deve desculpas é Duarte, não você. Mesmo sendo irmã dele, eu jamais descontaria minha mágoa em você. Quanto mais Lorena dizia essas palavras, mais difícil era para Natacha suportar. — Mas você vive sob a vigilância constante do meu irmão... Quando esse tipo de vida vai acabar? — perguntou Natacha, angustiada. O olhar de Lorena refletiu um traço de melancolia, mas logo sua expressão se suavizou, e ela respondeu com indiferença: — A antiga Lorena talvez já tenha morrido no momento em que foi enganada e levada para País N. A mulher que sou agora foi salva por Duarte... Então, que seja. Vou considerar que estou em dívida com ele. Seja lá o que ele quiser fazer comigo, eu aceitarei. Pelo bem da minha mãe, eu preciso continuar vivendo. Natacha ficou prof
Domingos provavelmente nunca imaginou que Lorena não era aquela madrasta cruel que ele havia imaginado, mas sim uma mulher tão gentil e amável. Aos poucos, o olhar de Domingos deixou de ser tão cauteloso e tenso como no início. Natacha tinha a intenção de levar Domingos de volta para casa, afinal, ele era muito frágil e sua imunidade era baixa. Ficar fora por muito tempo poderia deixá-lo suscetível a infecções, e ela não queria correr esse risco. No entanto, Lorena a chamou repentinamente. Com uma expressão hesitante no rosto, ela falou em voz baixa: — Natacha, você pode me fazer um favor? Percebendo que Lorena precisava de algo, Natacha se abaixou e disse a Domingos: — Domingos, a tia precisa conversar mais um pouquinho com a sua tia Lorena. Que tal voltar para o quarto e brincar um pouco com o seu tio? — Tá bom. — Domingos assentiu obedientemente e voltou para o quarto. Somente então Natacha perguntou: — Lorena, o que você quer me dizer? Lorena pediu, quase num
- Sra. Camargo, parece que o Sr. Joaquim não vai voltar esta noite. Que tal você ir dormir primeiro? – Sugeriu Dora, com gentileza, olhando para a luz ainda acesa no quarto.Um traço de decepção cruzou os olhos de Natacha Gonçalves.Naquele momento, o som do motor do carro ecoou no quintal.Natacha, sem sequer colocar os chinelos, correu para a janela para dar uma olhada.Era realmente o carro esportivo prateado de Joaquim Camargo que entrava na garagem.Ela respirou fundo e olhou para o seu conjunto de lingerie sexy, seu coração batendo de forma descontrolada como um tambor.Dois anos de casamento, ele sempre dormia no quarto de hóspedes e nunca tocou ela.Natacha sabia que o casamento deles foi arranjado pelo avô Paulo e não era a vontade de Joaquim.Mas já se passaram dois anos, eles não podiam continuar assim para sempre, certo?Será que Joaquim achava que ela era apenas uma universitária sem diploma, que não sabia de nada?Será que ele achava que ela era muito passiva?Com esses p