Duarte abaixou a cabeça e olhou para o rostinho radiante da mulher em seus braços. Ele sorriu levemente e disse: — Se você tivesse sido tão obediente antes, eu não teria feito isso com você. Lorena forçou um sorriso amargo, reprimindo a raiva e a humilhação que sentia no coração. Duarte então suavizou o tom de voz e continuou: — Naquele dia, quando voltei, minha intenção era pedir desculpas a você. Mas, antes disso, nenhuma mulher jamais havia me batido. Por isso, acabei não pedindo desculpas e ainda gritei com você. Eu sei que também errei. Naquele momento, pouco importava para Lorena se Duarte se desculpava ou tentava se justificar. Porque, no fundo, tudo o que Lorena queria era ir embora, fugir para bem longe de Duarte e reencontrar a si mesma, a pessoa que era antes de perder a memória. Assim, ela fingiu se reconciliar com ele. No entanto, quando Duarte a beijou, Lorena reagiu com um incômodo evidente, o corpo rígido, uma repulsa que não conseguia disfarçar. Mesmo
Na manhã seguinte, ao acordar, Lorena percebeu o novo celular sobre o criado-mudo e ficou um pouco surpresa. Duarte saiu do banheiro após se lavar e, com tranquilidade, explicou: — Antes, você não quebrou o celular? Mandei comprar um novo para você. O chip continua sendo o mesmo. E quanto aos seguranças na porta, já mandei todos embora. Lorena não esperava que Duarte realmente fosse cumprir sua palavra. Além disso, bastava que ela cedesse um pouco, e ele de fato retirava os seguranças. Por um instante, Lorena sentiu uma leve pontada de culpa, mas a sensação desapareceu tão rápido quanto veio. Ela não achava que tinha algo de que se arrepender. "Tudo isso aconteceu por causa de Duarte. Eu nunca pertenci a ele." Nesse momento, Duarte deu alguns passos à frente, se aproximando dela. Se Inclinando, apoiou as mãos ao lado do corpo de Lorena, envolvendo ela completamente em seus braços. Desconfortável e cheia de repulsa, Lorena tentou se esquivar, mas temia irritá-lo e ac
Natacha sempre sentia que tudo isso estava acontecendo de maneira fácil demais. Lorena afirmou com convicção: — Não. Seu irmão é uma pessoa impulsiva e de raciocínio simples, ele não vai perceber. Depois de desligar a ligação com Lorena, Natacha foi procurar Joaquim. Os dois começaram a planejar como ajudar Lorena a sair de Cidade M sem que Duarte descobrisse. — Avião está fora de questão. — Disse Joaquim. — Qualquer meio de transporte que envolva a compra de passagens pode ser rastreado. Seu irmão só precisa fazer uma pequena investigação para descobrir para onde Lorena foi. Natacha concordou: — Também acho. Se queremos garantir que meu irmão não descubra o paradeiro de Lorena, temos que aproveitar esses dias em que ele estará em Cidade Y e levá-la de carro para outra cidade. Quando ele voltar e perceber que Lorena sumiu, já será tarde demais para encontrá-la. Além disso, não podemos usar o nosso próprio carro. Precisamos de um veículo com uma placa que ele não conheça.
Joaquim e os outros não pegaram a rodovia; em vez disso, escolheram um atalho. Dessa forma, poderiam levar Lorena para Cidade D o mais rápido possível, evitando qualquer imprevisto de última hora. Assim que chegassem a Cidade D e Reginaldo a recebesse, certamente Duarte não teria mais o que fazer. No entanto, essa estrada secundária era tanto deserta quanto esburacada. Natacha, sacudida pelo caminho irregular, começou a sentir enjoo e reclamou com Joaquim: — Se soubesse que essa estrada era tão ruim, teríamos pegado a rodovia! Não está perigoso demais? Joaquim riu e respondeu: — Você ainda duvida da minha direção? Essa estrada é segura! Só é um pouco irregular, mas depois desse trecho, melhora. No instante seguinte, um farol intenso brilhou ao longe, ofuscando a visão de Joaquim. Ele instintivamente pisou no freio. O carro parou bruscamente, e, com o impacto, Natacha e Lorena foram violentamente arremessadas contra o banco traseiro. Joaquim percebeu na hora que al
— Não! — Natacha gritou. — Irmão, você não pode fazer isso! Eu te imploro, qualquer coisa, venha para cima de mim! Mas o punho de Enrico já havia atingido Joaquim. Natacha olhava para a cena diante de si, tomada pela dor. Seu marido estava sendo espancado por um grupo de capangas. Mesmo assim, Joaquim ainda conseguiu dizer a Natacha: — Não se preocupe, ele não vai me matar, ele não ousaria! O caos já havia se instalado. Foi então que Lorena saiu correndo do carro, gritando: — Parem! Eu imploro, parem com isso! Por causa da súplica de Lorena, os homens que batiam em Joaquim interromperam a agressão por um instante. O chão estava coberto de sangue. Joaquim tentou se apoiar para se levantar, mas seus ossos pareciam despedaçados. Ele simplesmente não conseguia. Duarte, parecendo um demônio saído do inferno, olhou para a garota que chorava desesperadamente diante dele e disse: — Lorena, então você finalmente decidiu aparecer. Lorena correu até Duarte e caiu de joel
As lágrimas de Lorena já haviam secado. Ela jazia impotente na cama, indiferente a qualquer palavra cruel que o homem ao seu lado proferisse para humilhá-la. Ela queria morrer. Mas, se morresse, o que seria de sua mãe? "Um louco como Duarte... Joaquim é cunhado dele, e ainda assim, Duarte foi capaz de mandar espancá-lo daquela forma. Se eu continuar desafiando ele, ele certamente continuará machucando as pessoas que mais amo." Só agora Lorena percebia que, no mundo, existiam coisas ainda mais aterrorizantes do que a própria morte. Depois de despejar sua fúria sobre ela, Duarte perdeu o interesse ao vê-la naquele estado apático. Sem mais paciência, abandonou ela na cama e seguiu para o banheiro. ... Em outro lugar. Joaquim foi levado às pressas para o hospital. Após os exames, se descobriu que várias de suas costelas haviam sido fraturadas. Natacha, tomada pela dor, não conseguia parar de chorar enquanto Joaquim era encaminhado para a sala de cirurgia. Mesmo com o melh
Manuel pensou por um instante antes de dizer: — Nessa situação, a única coisa que você pode fazer é processá-lo. Mas Duarte é seu irmão... Como você vai processá-lo? Vai acusá-lo de cárcere privado ou de agressão? Você precisa pensar bem, porque, se levar isso adiante e ele for condenado, seu irmão pode acabar na prisão. Natacha hesitou. Embora Duarte fosse realmente detestável, ele ainda era seu irmão de sangue. Tudo o que havia vivido desde a infância o tornara no homem que era hoje. Joaquim percebeu o dilema de Natacha e interveio: — Deixa isso pra lá... No fim das contas, Duarte ainda é tio das crianças. Não se esqueça de que minha mãe já está presa. E se seu irmão for preso também? O que vai ser da nossa família com dois criminosos? Se isso vazar, como nossos filhos vão encarar essa história no futuro? No fim, Natacha desistiu da ideia de denunciar e processar Duarte. Pela família. Pelas crianças. Depois que Rosana e Manuel partiram, Natacha parecia profundamente aba
Diante da ameaça de Natacha, Duarte não demonstrou a menor preocupação. Ele sorriu e disse: — Natacha, eu te conheço melhor do que ninguém. Mesmo que eu não aceitasse sua proposta, você jamais deixaria de salvar Domingos. Natacha ficou surpresa. Não esperava que Duarte a entendesse tão bem. Duarte continuou: — Eu não vim aqui para pedir desculpas. Vim para te avisar. Se não quer que seu marido se machuque ainda mais, então continue fugindo com Lorena! Mas da próxima vez... Joaquim sairá muito mais ferido do que agora! O coração de Natacha afundou. Com raiva, ela pegou os documentos sobre a mesa e os atirou com força contra Duarte! Ele não desviou. O impacto abriu um corte em sua têmpora, e o sangue começou a escorrer. Duarte sabia que, naquele momento, Natacha o odiava profundamente. Na verdade, parecia que o mundo inteiro o odiava. Ele mesmo não entendia como, de repente, havia perdido tudo o amor, a família... Mas desistir? Isso não fazia parte de seus planos. Na