Duarte demorou muito para notar a presença de Lorena ao seu lado. Até agora, toda a atenção dele estava voltada para Domingos, sem espaço sequer para pensar em qualquer explicação. Agora que finalmente se acalmou, Duarte caminhou até Lorena. — Lorena, me desculpa... — A voz de Duarte soou rouca e carregada de impotência. — Eu queria te contar isso aos poucos, num momento certo. — Depois? — Lorena soltou uma risada amarga, enquanto lágrimas escorriam por seu rosto pálido. — Depois quando? Depois que a gente se casasse? Depois que eu tivesse um filho seu e você conseguisse me prender de vez? Duarte, você é desprezível! Você tem um filho! Um filho! E ainda teve a audácia de esconder isso de mim! No seu coração, o que eu sou para você? O que eu sou?! No fim, sua voz tremia de raiva, quase gritando. Nesse momento, uma enfermeira se aproximou e disse: — Por favor, falem mais baixo. Aqui é um hospital. Lorena pressionou o dedo indicador contra os lábios e mordeu a junta com fo
— Abram a porta! Abram essa porta para mim! — Lorena batia desesperadamente contra a porta, a voz já rouca de tanto gritar. Infelizmente, não houve nenhuma resposta. Foi então que Lorena percebeu o quão desprezível Duarte realmente era. Toda a gentileza de Duarte para com ela sempre esteve condicionada à sua obediência. Agora que Lorena havia descoberto seu segredo, ele nem sequer se dava ao trabalho de fingir mais. Sua verdadeira face, vil e cruel, estava completamente exposta. A governanta, ao vê-la chorando tanto, se aproximou para consolá-la: — Srta. Lorena, você brigou com o Sr. Duarte? Se for algo sério, tentem conversar com calma, não fique assim. Que tal comer alguma coisa primeiro? Já passa das oito horas. Lorena não queria que ninguém a visse naquele estado tão humilhante. Enxugou as lágrimas apressadamente e disse: — Nicole, estou bem. Pode ir para casa. Depois que Nicole saiu, Lorena espiou pelo olho mágico e viu Enrico e mais alguns capangas postados do lado
Lorena não disse nada o tempo todo, mas cada palavra sua era como uma lâmina cortante, se afundando dolorosamente no coração. Duarte avançou rapidamente até ela e agarrou seu pulso, puxando ela para perto de si. Seu olhar estava carregado de fúria ao dizer: — Repete isso para mim! — Eu disse... Você é imundo! — Lorena semicerrou os olhos, sua expressão repleta de desprezo e repulsa. — Eu preferia que você nunca tivesse me resgatado de País N. Para mim, tanto faz ter sido estuprada por aqueles homens ou ter dormido com você. Agora, não há mais nenhuma diferença! Cada palavra dela era uma lâmina afiada, perfurando impiedosamente o ponto mais sensível do coração de Duarte. Era a primeira vez que ele conhecia uma mulher tão cruel a ponto de dilacerar alguém apenas com palavras. Duarte nunca se considerou um homem bom. Ele gostava de Lorena, mas não suportava sua rebeldia constante. Ainda assim, ao encarar aqueles olhos frios e aquele rosto devastado, acabou soltando ela. Ma
Lorena manteve o tom desafiador e disse: — Pode usar todos os seus truques contra mim. No pior dos casos, eu morro nas suas mãos! Alguém como você... Duvido que nunca tenha matado ninguém. Duarte assentiu e respondeu: — Já que você mesma disse isso, então vamos ver! — Após falar, ele gritou em direção à porta: — Enrico, entre! Logo, Enrico entrou, mantendo a cabeça baixa, sem ousar levantar o olhar. Ele se curvou levemente e perguntou: — Chefe, o que deseja? Duarte ordenou: — A partir de agora, se a Srta. Lorena não comer, a mãe dela também não come! Quero ver quem aguenta mais tempo sem se alimentar, se a Sra. Lopes ou a Srta. Lorena. Lorena ergueu a cabeça, surpresa, seus olhos se arregalando enquanto encarava Duarte. — Você está sendo cruel demais! — Exclamou, furiosa. — Duarte, além de intimidar mulheres e idosos, você não sabe fazer mais nada, não é? Duarte se agachou diante dela, levantando a mão para acariciar lentamente o rosto de Lorena, que transbordava
— Não precisa. — Lorena recusou friamente. — Você não precisa me explicar nada, e eu também não me importo. Sr. Duarte, já não me interessa quantas mulheres ou quantos filhos você teve no passado. Isso não significa mais nada para mim! A frieza de Lorena caiu sobre Duarte como um balde de água gelada, extinguindo instantaneamente qualquer intenção que ele tivesse de se desculpar. — Certo, se você não quer ouvir minha explicação, então esqueça. — Duarte se levantou com o rosto fechado e declarou. — Mas se lembre, Lorena, você é minha mulher. Assim que resolvermos a situação de Domingos, vamos registrar nosso casamento. A partir desse momento, você será minha para o resto da vida. Lorena olhou para ele, atordoada, e balançou a cabeça. — Você enlouqueceu! Ela simplesmente não conseguia entender o que se passava na mente daquele homem. "Depois de tudo que descobri sobre ele, depois de tudo o que aconteceu entre nós, Duarte ainda quer se casar comigo?" Com um olhar gelado, ela
Na verdade, o que Duarte pensava era: "Natacha, Joaquim... essas pessoas estudaram tanto que ficaram burras. Se dá para resolver conversando, por que precisam brigar?" — Ah, certo, mano, fica com o Domingos no quarto hoje à noite. Ele anda tendo muitos pesadelos ultimamente, e eu não fico tranquila deixando ele sozinho no hospital. Natacha mudou o assunto para Domingos. Duarte não pensou muito e assentiu. — Certo, eu devia passar mais tempo com o Domingos. Natacha aproveitou para reforçar: — Pensa bem sobre a cirurgia também. Agora o Domingos finalmente conseguiu um doador de coração. Se perder essa chance, se sabe lá quanto tempo vai demorar para aparecer outra. Falar disso deixou o coração de Duarte pesado. Afinal, a cirurgia era extremamente arriscada. Agora, mais do que nunca, ele sentia que precisava aproveitar cada momento com Domingos. O tempo que pudessem ter juntos era precioso. Depois de convencer Duarte, quando chegou o fim do expediente, Natacha fez questã
Natacha olhou, surpresa, para as costas de Lorena, sentindo o coração tremer incontrolavelmente. “Meu Deus, o que a Lorena está dizendo? O que meu irmão fez com ela, afinal?” — Lorena... — Natacha chamou baixinho. O corpo de Lorena enrijeceu. Ela se virou para encarar Natacha. Ao se dar conta do que havia dito momentos antes, uma expressão fugaz de constrangimento e vergonha passou pelo rosto dela. Mas, no instante seguinte, seus olhos se encheram de fúria e se afiaram como lâminas ao dizer: — Você veio? Veio ajudar seu irmão a me convencer? Natacha respondeu, com culpa na voz: — Eu sei que, agora, no seu coração, eu e meu irmão somos iguais... dois mentirosos. — E não são? — Lorena a fitou, sem qualquer expressão, rebatendo com frieza. — Você não me ajudou a cair na armadilha dele? Não brincou comigo? Vocês acham que eu sou estúpida, não é? Foi divertido me enganar assim? Natacha se aproximou e se ajoelhou diante de Lorena, dizendo com pesar: — Lorena, me desculpa.
O olhar de Lorena para Natacha finalmente suavizou um pouco, deixando de ser carregado de hostilidade como no início. Lorena franziu as sobrancelhas, hesitante: — Agora, a porta desta casa está cheia de homens do Duarte. Eu não consigo sair. E mesmo que eu vá embora, minha mãe não escaparia da tortura dele. Natacha respondeu: — Não precisa se preocupar com a Sra. Lopes. Comigo e Joaquim aqui, meu irmão não vai ousar fazer nada contra ela. Me dá dois dias para pensar em um jeito de te tirar daqui. Lorena disse, cheia de gratidão: — Se você puder me ajudar, eu nunca vou esquecer sua bondade. Eu vou te retribuir. Natacha balançou a cabeça: — Você não precisa me retribuir. Isso é uma dívida que eu tenho com você! — Em seguida, acrescentou. — Ah, nesses dois dias, tenta agir conforme o que meu irmão quer. Deixa ele baixar a guarda. Assim vai ser mais fácil para eu te tirar daqui. A gente se fala pelo WhatsApp quando for a hora. Lorena respondeu apressada: — Não podemos u