Marcela Andrade
Acordei no dia seguinte com uma dor de cabeça que mais parecia um desfile de carnaval. Saí um pouco tonta do quarto indo em direção ao banheiro. Um banho aliviaria as coisas pensei. Adentrei o banheiro já tirando minhas roupas. Liguei o chuveiro e entrei debaixo.
— Nunca mais volto a beber... — resmunguei, apoiando a mão na parede.
Caramba, não foi apenas o álcool que acabou comigo, Bernardo tinha deixado uma marca no meu seio. Eu senti vergonha do que tínhamos feito no escritório do salão de festas, por essa razão após sairmos de lá, evitei ao máximo qualquer contato com ele. Talita me confidenciou uma discussão entre família, mas não sabia detalh
Bernardo FonsecaEu sabia que o tal de Rafael estava enganando Marcela com aquele papo de ser gay, contudo, sequer pensei que ele fosse capaz de fazer o que fez com ela, chame de destino ou azar, minha chegada no momento exato em que ele socou seu rosto. Coloquei ele em seu devido lugar, um homem que bate em mulher é um covarde. Depois de Marcela e eu sairmos da delegacia, tomei uma decisão importante, ela precisava saber o que mudou minha vida para sempre. Próximos ao cemitério onde Laura estava sepultada sentia o nervosismo ganhar força. E se a mulher do meu lado desistisse de mim? Talvez ela enxergasse um cretino que sempre deixou claro que eu era. Mesmo com medo segui adiante, após alguns minutos estacionei e respirei fundo antes de sair do carro.— Você precisa saber a verdadeira razão
Marcela AndradeMuitas coisas perambulavam meus pensamentos, entre elas um jantar de última hora. Bernardo era imprevisível e cheio de surpresas. No cemitério me confidenciou um segredo que lhe trazia tanta dor. Coloquei sobre a cama o vestido que usaria para aquela noite, onde oficialmente seria apresentada como sua namorada. Escolhi um vestido branco um pouco acima dos joelhos, a renda dava um toque delicado ao vestido, nada extravagante. Usaria uma sandália baixa da mesma cor. Meu namorado era louco e acontece que eu também era. Parte do meu rosto estava um pouco inchado do soco que tinha levado de Rafael. O que a família dele pensaria ao me ver? Esperava passar uma boa impressão, apesar do inchaço nada discreto.A campainha tocou e eram ainda às sete da noite, o jantar seria às
Bernardo FonsecaCaleb após casar-se com Talita em pouco tempo tornaram-se pais de uma garotinha chamada Ana Vitória. Minha sobrinha diferente do pai não era nada bobinha, a pequena tinha personalidade forte. Cinco anos passaram-se, e ainda assim, tudo parecia ter sido ontem. Meus sentimentos por Marcela cresciam a cada dia mais. Ter uma esposa advogada e totalmente independente era meu orgulho, sim, ela tinha me laçado de vez. Namoramos durante quase dois anos e ficamos noivos em pouco tempo, apenas seis meses. Eu sentia-me preparado pra ser pai, planejamos tudo durante anos até finalmente tentarmos. Aguardava Marcela do lado de fora do banheiro com ansiedade. Nas últimas semanas ela começou a sentir alguns sintomas de gravidez, foi então que comprei alguns testes de gravidez.— Filho, po
Marcela Andrade Todas as manhãs queria passar longe dos espelhos, entretanto, era irremediável. Depois de escovar os dentes, fiquei amassando meu rosto na frente do espelho. Eu era uma mulher acima do peso, não preciso nem mencionar o quanto foi difícil e ainda era, ouvir tudo que ouvia e fingir que era normal, mas não era, nenhum ser humano deveria ser tratado como se fosse uma atração de circo, apenas por ser diferente do padrão de beleza determinado pela sociedade. — Com óculos? Ou sem? — murmurei, tocando no meu óculos de grau. Minha miopia foi mais uma razão pra ser insultada, tudo era motivo para zombarem de mim, isso foi piorando com o passar dos anos. Passei a sofrer desde cedo, nunca pouparam a língua afiada na época que eu era somente uma criança, mesmo sem entender direito me machucava muito, tantas vezes saí correndo para chorar escond
Bernardo FonsecaAcreditei que fugindo de todos esqueceria o que me fez querer desaparecer, entretanto, isso não aconteceu. Retornar para o cargo de presidente de uma das maiores empresas de cosméticos do país era inevitável, prolonguei tempo de mais minhas supostas férias. Meu irmão caçula Caleb não conseguia mais dar conta de tudo sozinho. Nunca quis ser o pai do meu irmão, mas precisei assumir esse papel quando nosso pai foi assassinado. Enganei-me ao pensar que tudo pudesse voltar à normalidade porque após o velório do nosso pai, a nossa mãe nunca mais foi a mesma de antes, enlouquecerá, sequer se importava com os filhos.Lembro-me de um sábado aparentemente igual aos outros, mas que mudaria tudo. Não era o final de semana que pensei qu
Marcela AndradeEu sabia que a partir do momento que Bernardo Fonseca chegasse minha tormenta começaria. Quais as chances de dividirmos o mesmo elevador? Era impossível, certo? Afinal, usava o elevador de serviço! Como de costume peguei o elevador para iniciar a limpeza no quinto andar naquela manhã, então o vi no seu terno azul-marinho e com uma barba enorme que combinou perfeitamente na simetria de seu rosto. Beleza era algo que nunca lhe faltou, não era à toa sua fama de mulherengo, ele realmente era um homão da porra. Entrei em desespero ao perceber que ele estava vindo na minha direção. Esbugalhei os olhos, apertando diversos botões diferentes para que as portas do elevador fechassem rapidamente, no entanto, isso não aconteceu.— Merda... — resmunguei
Bernardo FonsecaPor que escolhi subir pelo elevador de serviço? Porque eu não queria ser incomodado por ninguém! Quando vi o elevador de serviço disponível apressei os passos e adentrei. Era pra ser um trajeto rápido, no entanto, não foi, e a companhia também não era das melhores. Marcela Andrade escolheu o pior momento para me enfrentar. Eu não esperava qualquer discussão com aquela mulher, mas ela me fez perder a razão.Ela era alguém que costumava aborrecer propositalmente pra passar o tempo, porque nem todos os dias conseguia tempo para transar no escritório por exemplo, então a gorda me divertia. O incidente no elevador era algo que não esqueceria tão cedo. Chorei na frente daquela mulher e ela achou que fosse de raiva, mas n&a
Marcela AndradeAcordei sentindo dores pelo corpo inteiro, não pensei que perderia a consciência. Quanto tempo fiquei desacordada? Com dificuldade sentei na cama. Olhei para o soro do meu lado direito e fiquei incomodada, conseguia sentir a agulha enfiada no meu braço. Eu estava realmente em um hospital? Quer dizer, nunca antes havia estado em um leito sozinha e tão elegante como aquele. Os atendimentos pelo sus nunca foram dos melhores, com certeza, era um hospital caro e eu não tinha dinheiro para pagar.— Merda! Preciso dá o fora desse lugar. — resmunguei, bastante preocupada. Mesmo sentindo muita dor levantei da cama e puxei o soro, tirando-o do gancho de suporte. Caminhei descalça pelo piso frio indo em direção à porta, faltava muito pouco para minha fuga desesperad