Marcela Andrade
Logo após sair do escritório do meu chefe, que a ficha foi caindo aos poucos. Tínhamos transado dentro do banheiro, que loucura foi aquela? Não consegui raciocinar, me deixei levar, não posso dizer que estava arrependida porque não estava. Quinta-feira a noite cheguei no meu apartamento exausta. Não foi o serviço que me esgotou, sejamos francos, Bernardo era um cavalo, acabou comigo. Depois de preparar o jantar e tomar um longo banho, resolvi sentar de frente para tv, para afastar meus pensamentos dele.
— Não crie expectativas, Marcela, você o conhece bem, e sabe o quão cafajeste ele é.
Não tinha porquê alimentar uma ilusão, certo? Foi uma ótima transa e nada mais. Fiqu
Bernardo Fonsecaastrosa, no dia seguinte, durante o café da manhã, eu não conseguia tirar meus olhos dela. Meu coração inquieto e o desejo de agarrá-la por trás, ao vê-la de costas de frente para o fogão, mal conseguia conter-me.— Marcelinha, não precisa fazer ovos mexidos. — disse chamando sua atenção. Ela queria que eu me alimentasse bem, no entanto, o café dela estava esfriando sobre a mesa.— Não quero que passe mal durante o trabalho. — respondeu dando uma olhada rápida pra mim. — Bernardo, para de olhar pra minha bunda!Como assim ela percebeu? Cocei a cabeça e sorri. Não sabia que estava sendo
Marcela AndradeO que eu sempre desejei alcançar aconteceu quando menos esperei. De frente para o espelho mal conseguia reconhecer-me. O terninho cinza e a camiseta azul ficaram perfeitos. Toquei a fenda da minha saia e sorri, tudo parecia um sonho, entretanto, era real. Parte de mim estava extremamente satisfeita pela minha conquistar, mas, a outra, sofria ainda em silêncio. Quatro meses sem qualquer contato com Bernardo Fonseca, mesmo o tempo passando rápido, parecia ter sido ontem a última vez em que o vi saindo do meu apartamento. Uma semana depois, fui demitida sem qualquer justificativa, pensei que era o fim, no entanto, não era, após dois dias recebi uma ligação com uma proposta irrecusável para trabalhar em um bom escritório de advocacia. Eu seria louca se recusasse, certo? Aceitei e foi a melhor coisa que poderia ter acontec
Bernardo FonsecaNo momento em que reencontrei Marcela após quatro meses sofrendo, decidi ceder, ceder a tudo que sentia. Não foi nada fácil ficar longe dela, fiquei feito louco todo esse tempo sem saber notícias suas. Pensei que afastando-a de mim tudo que era confuso na minha cabeça voltasse ao normal, mas afinal de contas, qual normal? Eu não poderia voltar a ser o mesmo, mesmo que quisesse. A recuperação milagrosa da minha mãe tornou tudo um pouco menos pior, apenas ela sabia de tudo que se passava na minha cabeça e no coração. Ter declarado o que sentia para mulher que sequer pensei um dia sentir alguma coisa, aliviou minha angústia.— Marcelinha... — sussurrei, excitado com seu toque quente. Olhei em seus olhinhos um pouco antes de coloca-a se
Marcela AndradeAcordei no dia seguinte com uma dor de cabeça que mais parecia um desfile de carnaval. Saí um pouco tonta do quarto indo em direção ao banheiro. Um banho aliviaria as coisas pensei. Adentrei o banheiro já tirando minhas roupas. Liguei o chuveiro e entrei debaixo.— Nunca mais volto a beber... — resmunguei, apoiando a mão na parede.Caramba, não foi apenas o álcool que acabou comigo, Bernardo tinha deixado uma marca no meu seio. Eu senti vergonha do que tínhamos feito no escritório do salão de festas, por essa razão após sairmos de lá, evitei ao máximo qualquer contato com ele. Talita me confidenciou uma discussão entre família, mas não sabia detalh
Bernardo FonsecaEu sabia que o tal de Rafael estava enganando Marcela com aquele papo de ser gay, contudo, sequer pensei que ele fosse capaz de fazer o que fez com ela, chame de destino ou azar, minha chegada no momento exato em que ele socou seu rosto. Coloquei ele em seu devido lugar, um homem que bate em mulher é um covarde. Depois de Marcela e eu sairmos da delegacia, tomei uma decisão importante, ela precisava saber o que mudou minha vida para sempre. Próximos ao cemitério onde Laura estava sepultada sentia o nervosismo ganhar força. E se a mulher do meu lado desistisse de mim? Talvez ela enxergasse um cretino que sempre deixou claro que eu era. Mesmo com medo segui adiante, após alguns minutos estacionei e respirei fundo antes de sair do carro.— Você precisa saber a verdadeira razão
Marcela AndradeMuitas coisas perambulavam meus pensamentos, entre elas um jantar de última hora. Bernardo era imprevisível e cheio de surpresas. No cemitério me confidenciou um segredo que lhe trazia tanta dor. Coloquei sobre a cama o vestido que usaria para aquela noite, onde oficialmente seria apresentada como sua namorada. Escolhi um vestido branco um pouco acima dos joelhos, a renda dava um toque delicado ao vestido, nada extravagante. Usaria uma sandália baixa da mesma cor. Meu namorado era louco e acontece que eu também era. Parte do meu rosto estava um pouco inchado do soco que tinha levado de Rafael. O que a família dele pensaria ao me ver? Esperava passar uma boa impressão, apesar do inchaço nada discreto.A campainha tocou e eram ainda às sete da noite, o jantar seria às
Bernardo FonsecaCaleb após casar-se com Talita em pouco tempo tornaram-se pais de uma garotinha chamada Ana Vitória. Minha sobrinha diferente do pai não era nada bobinha, a pequena tinha personalidade forte. Cinco anos passaram-se, e ainda assim, tudo parecia ter sido ontem. Meus sentimentos por Marcela cresciam a cada dia mais. Ter uma esposa advogada e totalmente independente era meu orgulho, sim, ela tinha me laçado de vez. Namoramos durante quase dois anos e ficamos noivos em pouco tempo, apenas seis meses. Eu sentia-me preparado pra ser pai, planejamos tudo durante anos até finalmente tentarmos. Aguardava Marcela do lado de fora do banheiro com ansiedade. Nas últimas semanas ela começou a sentir alguns sintomas de gravidez, foi então que comprei alguns testes de gravidez.— Filho, po
Marcela Andrade Todas as manhãs queria passar longe dos espelhos, entretanto, era irremediável. Depois de escovar os dentes, fiquei amassando meu rosto na frente do espelho. Eu era uma mulher acima do peso, não preciso nem mencionar o quanto foi difícil e ainda era, ouvir tudo que ouvia e fingir que era normal, mas não era, nenhum ser humano deveria ser tratado como se fosse uma atração de circo, apenas por ser diferente do padrão de beleza determinado pela sociedade. — Com óculos? Ou sem? — murmurei, tocando no meu óculos de grau. Minha miopia foi mais uma razão pra ser insultada, tudo era motivo para zombarem de mim, isso foi piorando com o passar dos anos. Passei a sofrer desde cedo, nunca pouparam a língua afiada na época que eu era somente uma criança, mesmo sem entender direito me machucava muito, tantas vezes saí correndo para chorar escond