MayaDepois de tomarmos o café da manhã, Victor deitou-se comigo no sofá de bambu à beira da piscina, sob a sombra dos coqueiros. Ficamos ali abraçados e em silêncio curtindo o feriado juntos. Ele acariciou meus cabelos, enquanto eu alisava seu peito por cima da sua camiseta preta. Ele estava vestido tão informal, mas ainda assim, esbanjava tanta sensualidade quanto se estivesse em um dos seus ternos caros de três peças. — Quando vamos contar aos seus pais? — perguntou quebrando nosso silêncio.— Eu não sei. Podemos... só esperar mais um pouco? — perguntei sentando-me ao seu lado. — Acho que meu pai não vai aceitar muito bem, eu vou tentar prepará-lo para a notícia.— Não há maneiras de você prepará-lo para uma notícia dessas.— Eu sei, mas... por favor? — pedi e ele concordou assentindo.Quando a noite chegou, embarcamos para Tulsa. Durante toda a viagem, Victor ficou trancado no minúsculo escritório, no fim da aeronave. Sentada sozinha durante todo o voo, eu me perguntava se era uma
MayaAcordei no dia seguinte, sentindo uma pequena irritação tomar conta de mim logo pelo primeiro minuto da manhã de sexta. Peguei meu celular e vi que o relógio marcava oito horas. Enquanto me arrumava, Victor mandou uma mensagem avisando que chegaria em vinte minutos para me buscar. Pronta, desci para a cozinha, encontrando meu pai servindo-se de uma caneca de café.— Bom dia, pai — desejei indo até ele e lhe dando um beijo no rosto.— Bom dia, querida — desejou animado. — Que horas você chegou? — perguntou entregando-me a caneca que havia acabado de servir.— Obrigada — agradeci a pegando de sua mão. — Tarde. Já era madrugada, na verdade.— Como foi a viagem? — perguntou sentando-se à mesa comigo.— Foi ótima — respondi sorrindo envergonhada, ao me lembrar da noite do baile de máscaras.— Que bom. Estamos indo para a última semana de tratamento da sua mãe — disse sorrindo feliz.— É. — Sorri de volta com alegria. Tudo o que mais desejava, era minha mãe de volta em casa.Meu celular
MayaVictor olhou-me surpreso e relaxou seu punho, segurando a minha mão. Acho que ele não esperava pelo convite.— Você tem certeza? — perguntou com a voz baixa.— Tenho sim — respondi sorrindo com convicção. — Eu adoraria que minha mãe o conhecesse primeiro.Victor sorriu e aproximou-se tomando meus lábios em um beijo lento. Eu o correspondi com saudade e carência. Noberto abriu a porta e nós descemos entrando no hospital. Subimos de elevador até o quarto andar e, quando as portas se abriram, eu respirei fundo pegando em sua mão e entrelaçando nossos dedos. Caminhamos em direção à porta do quarto e, ao chegar, bati de leve duas vezes e a abri sem esperar minha mãe dizer se eu podia ou não entrar.— Filha! — disse minha mãe toda sorridente ao me ver passar pela porta.— Oi, mãe. — Entrei e logo a vi substituir o sorriso por uma feição de espanto com olhos arregalados e seu frágil corpo tensionar.Olhei para trás para saber o que lhe deixara assim, mas não havia ninguém ali, somente Vi
MayaQuando paramos à frente do prédio, saltei logo do carro indo até à portaria. Uma mulher saía com seu cãozinho para passear, então aproveitei a porta aberta e entrei.— Oi, Chris — cumprimentei o porteiro que estava atrás do pequeno balcão de madeira do hall de entrada.— Oi, Maya. Há quanto tempo não a vejo por aqui.— Isso é verdade. — Sorri. — Sabe se a Grace está em casa? Eu liguei, mas ela não me atendeu. Só estou preocupada.— Ela subiu há quase uma hora.— Certo. Vou subir para vê-la.— Vai lá. Acho que não preciso te anunciar. — Riu.— Uma vida inteira de amizade tem seus privilégios — disse sentindo-me humorada, pela primeira vez no dia.Entrei no elevador e subi até o sexto andar. As portas se abriram e fui até o seu apartamento tocando a campainha, mas ela não atendeu. Toquei outra vez e então escutei barulhos vindo lá de dentro. Esperei mais um minuto e finalmente a porta foi aberta.— Maya — disse Grace surpresa ao me ver, amarrando as fitas que fechavam o robe de seda
Maya— Por que está gritando comigo? Qual é o seu problema? — gritei, esquecendo-me de que não estava sozinha em casa.— Fale baixo, querida. Senão volto para aí agora mesmo, só para lhe ensinar a me respeitar! — ameaçou-me.— Eu não estou desrespeitando você, Victor! Não devia ter te ligado. Queria apenas conversar e não brigar! — esbravejei encerrando a ligação sem nos despedirmos.Batidas soaram na porta do meu quarto e eu já sabia que era meu pai, mas não estava a fim de conversar e nem que ele me visse chorando.— Filha... está tudo bem? — perguntou preocupado.— Está. Eu vou dormir, pai. Boa noite! — gritei para que ele pudesse ouvir.— Boa noite, Maya.Meu celular vibrou e era o Victor quem estava me ligando. Desliguei meu celular, não estava a fim dele e nem de conversa com mais ninguém naquele momento. O que queria mesmo era socar um saco de pancadas e de gritar o mais alto que eu pudesse. Estava sentindo-me extremamente irritada e magoada com todos. Meu dia havia sido uma gra
MayaQuando entrei no quarto, passei de encantada a apaixonada pelo lugar. Coloquei a bolsa de academia que havia trazido com alguns pertences sobre a cama e sentei-me ao lado, olhando para as portas francesas de vidro e imaginando o quanto devia ser bela a vista do quarto ao amanhecer. Só fazia uma hora e quinze minutos que eu havia falado pela última vez com o Victor e ainda iria demorar um pouco para ele chegar. Tirei minhas botas de cano curto e deitei-me na cama sentindo-me finalmente mais calma.Relaxada sobre o colchão macio, acabei cochilando enquanto esperava por ele e fui despertada da melhor maneira possível, com beijos em meu pescoço e carícias nos meus cabelos. Abri meus olhos lentamente e meu campo de visão foram os olhos verdes do Victor, deitado ao meu lado. Sorri feliz em vê-lo e estendi minha mão para tocar seu rosto. Ele sorriu e aproximou-se beijando meus lábios e invadindo minha boca com sua língua. Seu beijo tinha gosto de chocolate e isso me deixou excitada. Ele
MayaVi Victor fechar os olhos e contrair sua mandíbula, claramente arrependido do que havia dito.— Minha mãe e mais quem, Victor? — Ele me soltou e afastou-se esfregando seu polegar em sua testa.— Eu não me lembro o nome dela. Ver a sua mãe hoje foi como ver um fantasma. — Ele virou-se para mim e olhou-me com pesar, apoiando suas mãos em seu quadril. — Quando a vi, no primeiro instante, tive dúvidas se seria ela, mas sua reação me mostrou que eu estava certo. Apesar da doença, ela não mudou tanto. Apenas envelheceu assim como eu.— Há quantos anos?— Maya...— Eu perguntei quando se conheceram? — gritei, atraindo um olhar furioso do Victor.— Há uns vinte e cinco anos.— O que houve? — Ele encarou-me com a respiração pesada, negando-se a dizer. — Victor... vocês... vocês tiveram alguma coisa? — perguntei com um fio de voz. — Vocês transaram? — Senti um nó se formar em minha garganta e as lágrimas voltarem a escorrer por meu rosto.— Claro que, não! Se quer saber mais, pergunte a ela
MayaCheguei a tempo de pegá-la em casa, antes de sair para o trabalho.— Maya? Oi! — disse surpresa ao me ver aproximar dela, que se preparava para entrar em seu carro, estacionado à frente da garagem. — Aconteceu alguma coisa? — perguntou preocupada.— Minha mãe está bem — disse para tranquilizá-la. — Mas quero falar com você a respeito de outra coisa.Sua feição preocupada deu lugar a uma que demonstrava que já esperava por isso.— Vem. Vamos entrar. — Caminhamos até a porta e entramos. — Sua mãe me ligou ontem. — Fechou a porta. — Você aceita um chá ou café? — perguntou caminhando em direção à cozinha.— Não. Estou bem.— Não parece bem. Está com os olhos fundos — disse servindo uma xícara de chá e pousou-a sobre o balcão à minha frente. — Por favor... sente-se e beba o chá. Vai te fazer bem — pediu educadamente.— Obrigada — agradeci e sentei-me no banco alto da ilha da cozinha, puxando a xícara de chá para mim. — Quando ela me contou, eu não acreditei. Achei que seria impossível