MayaVoltamos para casa na tarde do dia seguinte. A semana fluiu normal, tudo conforme a rotina de cada um. Na quinta-feira, Victor chegou em casa avisando que iríamos na segunda-feira para a consulta no Canadá, em Toronto, com o cardiologista. Partimos para lá logo pela manhã. Caleb havia ido conosco, não ficaríamos muito, mas Victor não estava confiante de deixá-lo só.Victor foi submetido a centenas de exames. O médico disse que meu marido estava com a saúde estável. Quanto ao problema coronário, não se tinha muito o que fazer, não havia cura. Infelizmente, pela idade, Victor não era um candidato apto ao transplante de coração. Foi um banho de água fria. Ouvir aquilo foi horrível. Ele aconselhou Victor a viver bem sua vida, da forma mais saudável e sem esforços físicos exagerados, já que a qualquer momento seu quadro de saúde poderia agravar e lhe causar um infarto fatal.Voltamos para casa na quarta-feira pela manhã. Victor se trancou em seu escritório. Ele disse que precisava res
MayaEmbarcamos no dia seguinte logo pela manhã. Estava tão ansiosa, que não consegui conter o café da manhã em meu estômago.— Ainda nem está grávida e já está enjoando — brincou Victor, segurando meus cabelos enquanto eu vomitava os ovos mexidos com bacon que comi pela manhã antes de pegarmos o voo.A consulta estava marcada para as dez e nós estávamos alguns minutinhos atrasados. Depois de me recuperar e me recompor, seguimos para a clínica de mãos dadas. Lá encontramos alguns especialistas que me explicaram meticulosamente como tudo aconteceria. Eles perguntaram centenas de vezes se estava certa sobre a fertilização e em todas elas precisei certificá-los de que sim. Eles colheram meu sangue e a ginecologista me chamou para uma conversa em particular, somente eu e ela. Entramos em sua sala e sentamos uma de frente para outra na pequena salinha de estar ao canto do seu consultório.— Acho muito bonito a ligação entre você e Victor White. É visível a parceria e o amor de vocês. Isso
MayaChegamos à clínica meia hora antes da hora marcada. Depois de me preparar, entrei em uma sala acompanhada pelo Victor e logo a médica entrou nos desejando um bom-dia com entusiasmo.— Deite-se, por favor, e firma os pés aqui. — Mostrou-me onde.Deitei e fiz o que foi instruído. Estava tão nervosa que minhas mãos e pés suavam frio. Minha garganta estava seca e minha respiração ofegante. Victor posicionou-se ao meu lado e segurou minha mão direita com firmeza. A médica sentou-se aos meus pés e puxou uma mesinha em sua direção, com algumas coisas sobre ela.— Relaxe, querida. Será rápido — disse a ginecologista.Relaxei o máximo que pude fechando os olhos e respirei fundo. Senti um pequenino incômodo, como aquele que sentimos quando estamos fazendo a prevenção.— Prontinho — disse a médica colocando algo sobre a bandeja de alumínio e levantando-se em seguida.— É só isso? — perguntei.— É sim. Agora fique aqui por quinze minutos e depois pode ir para casa seguir com sua vida e rotin
MayaNo dia seguinte, a médica mandou uma mensagem com o endereço do hospital, nome do médico e horário da consulta. Saí de casa dizendo que iria à faculdade, mas pedi a Brice que me levasse até o hospital. Implorei a ele e o fiz prometer em nome da Penny, que ele não diria nada ao Victor. Desci do carro e entrei no hospital. Segui para o sétimo andar e me identifiquei na recepção. Logo o médico surgiu na sala de espera e chamou por meu nome.— É um prazer conhecê-la. Recebi sentenças de recomendação da Dra. Gilbert.— O prazer é meu. Obrigada por me atender, sem eu ao menos ter um horário marcado. — Sorri com simpatia.— Gilbert foi minha orientadora na faculdade. Não há nada que eu não faça por ela.Ele pediu que eu me trocasse e deitasse na maca. Assim eu fiz. Ele introduziu a cânula em mim e iniciou o ultrassom. Meu coração batia acelerado e eu tinha medo do que estava por vir. O médico estava sério e encarava a tela em completo silêncio. Ele finalizou sem dizer nada e retirou a c
MayaQuando cheguei em casa, já passava das nove da noite. Estava tudo em silêncio, escuro e calmo. Subi a escada depressa e entrei no quarto. Maya estava sentada sozinha na varanda. Ao me aproximar, ela olhou-me por cima do ombro. Então, vi que chorava.— O que aconteceu? — perguntei preocupado indo até ela.— Você chegou! — Levantou-se rapidamente e veio ao meu encontro, abraçando-me apertado.— Por favor... Fale o que está havendo? — Maya choramingava baixinho com o rosto enterrado em meu peito. Aquilo estava deixando-me angustiado. — Amor... Maya... Diga o que houve! — falei duro e alto.Ela afastou-se e me olhou com os olhos cheios de tristeza.— Desculpe-me — sussurrou. Lágrimas não paravam de banhar seu rosto.— Pelo quê? Querida... estou preocupado.— Não conseguimos. — Havia tanta dor em sua voz baixa.— Do que você... — interrompi-me, ao entender do que ela falava. Maya se referia a inseminação. — Eu sinto muito, amor. — Puxei-a para um abraço apertado.— Eu quem sinto muito
MayaAcordei e virei-me para o lado, mas não encontrei Victor. Espreguicei-me e levantei vestindo meu robe, antes de descer. Ao chegar à sala de estar, escutei barulhos vindos da cozinha. Sorri. Era sempre bom ter Victor em casa e receber seus cuidados. Não havia como não amar aquele homem. Pode não ter sido o cara perfeito no nosso começo, mas ele aprendeu a ser ao menos perfeito para mim.Caminhei até a cozinha e, ao me aproximar, logo senti o cheiro maravilhoso de ovos e bacon. Ao entrar, olhei em direção ao fogão e assustei-me paralisando. Não era Victor quem estava ali, era uma figura de cabelos raspados, alto, que vestia o seu robe. A figura preparava o café da manhã com calma, cantarolando em assobios. Olhei para a minha esquerda e à mesa estava Victor sentado com a cabeça caída para o lado, desacordado. Gritei com desespero. O sangue escorria da sua nuca melando o pescoço e encharcando a gola da camiseta de malha.— Veja só, você acordou — disse o homem.Sua voz era bastante f
MayaDesci a escada correndo e segui para a cozinha. Ao chegar lá, encontrei Victor caído no chão ao lado da cadeira onde estava. Corri até ele e ajoelhei-me ao seu lado. Chequei seus sinais vitais e eles estavam ainda mais fracos.— Amor... Por favor... Não morra!Olhei em direção a porta ao ver uma movimentação e vi Theo se levantar do gramado com dificuldade.— Theo! — gritei por ele, que olhou para dentro de casa em minha direção e veio até nós. — Temos que levá-lo para o hospital agora. Onde estão os outros?— Creio que mortos ou feridos. Vou chamar a emergência, é melhor.Assenti.— Chame a polícia também — pedi.Não demorou cinco minutos e os bombeiros, juntamente com a polícia, chegaram.— A senhora está bem? — perguntou um dos socorristas.— Sim. Mas meu marido não.— Vamos cuidar dele agora. Nos dê espaço, por favor.Assenti e me levantei afastando-me.— Maya! — gritou Caleb ao entrar na cozinha, correndo em minha direção.Abracei-o apertado e chorei ainda mais.— O que acon
Maya— Oi. Como você está? — Sentei-me ao seu lado na recepção, em frente a ala cirúrgica.— Ele ainda está na cirurgia. — Fungou e secou as lágrimas. — Ele é a melhor coisa que me aconteceu na vida, Maya. Ele é o único no mundo, além de você, é claro, que me amou como eu sou. Que me ama aceitando todo meu passado. Ele me apresentou a família dele, como: “A mulher da sua vida”. Não posso perdê-lo.— Você não vai. — Acariciei seus cabelos.— Olha. — Estendeu-me sua mão esquerda. — Ele me pediu em casamento há dois dias.— É lindo, Penny. Vocês ainda serão muito felizes juntos, irão construir uma história de amor juntos. Não perca a fé.Ela me abraçou e chorou ainda mais. Depois de alguns minutos, os médicos apareceram e disseram que a cirurgia havia sido um sucesso e que estava tudo bem. Logo ele seria levado ao quarto e ela poderia ir vê-lo.Mais calma, levei-a para comer alguma coisa. Sentadas na lanchonete do hospital, comemos com pouca conversa. Logo anoiteceu, e depois de visitar