MayaVictor se aproximou de uma bancada e pegou um lenço de pano sobre ela, uma garrafa de uísque e despejou a bebida no pano azul. Ele veio até nós e colocou o pano encharcado próximo ao nariz de Penny.— Isso pode ajudar.— Vamos, Penny. Por favor, acorde.Ela resmungou e virou a cabeça para o outro lado.— Ela está fraca, acho que talvez não acorde. Precisamos levá-la daqui agora! Fique com ela. Eu já volto. Tranque a porta quando eu sair.Assenti.Victor saiu e eu corri para trancar a porta. Voltei até Penny e me ajoelhei novamente ao seu lado.— Me desculpe por ter demorado tanto. Nós tentamos tudo o que foi possível, mas aquele maldito estava irredutível. Desculpe você ter chegado a isso.— Não foi culpa sua — sussurrou fraca de olhos fechados. — Nada disso é culpa sua.— Você vai ficar bem agora. Vou cuidar de você. Ouviu? Você está livre!Ela não mais respondeu. Chequei seus batimentos e eles estavam fracos. Ela precisava de atendimento médico imediatamente.Uma batida na port
MayaA semana havia passado muito rápido. Penny havia recebido alta do hospital e iria se tratar em casa e consultar o médico em Oklahoma. Insisti para que ela viesse ficar comigo e Victor, mas Brice havia feito um convite irrecusável a ela para ficar com ele em seu apartamento.Eu já estava de volta a faculdade e na última semana do meu estágio. Ainda faltavam longos anos de estudo pela frente, mas eu não conseguia parar de sonhar em ter um bebê, a cada vez que entrava naquele quartinho lindo. Victor e eu não sabíamos se queríamos esperar eu terminar a faculdade para tentarmos a inseminação. E se ela não desse certo? Teríamos que partir para a adoção e sabíamos que a fila era imensa e a espera demorada.— Pensando em quê? — perguntou Victor ao sair do banheiro.— Não sei se quero esperar. — De imediato ele entendeu do que eu estava falando. — São mais dois anos de faculdade, o internato, a residência... É tempo demais, Victor. Talvez devêssemos tentar logo.Ele se deitou ao meu lado
MayaVictor encarava-me sério sentado na cama.— Você ligou para ela, não é? Falou sobre o leilão.Assenti.— Alguém precisava fazer alguma coisa, Victor, aquilo era cruel demais.— O que disse a ela?— A verdade. Tudo o que aconteceu. Tudo o que vi.Ele bufou e recostou na cabeceira.— Você é impossível, Maya.— O que eu fiz foi uma coisa boa. Ela já encontrou algumas pessoas e já tem nomes de outras. Mas eu estou fora disso agora. Ela só ligou para me agradecer e dizer que Penny a ajudou muito. — Deitei-me na cama. — Não fique bravo. Não falei nada antes, porque tive medo da sua reação.— Vamos dormir.Ele deitou-se de barriga para cima e puxou as cobertas para cobri-lo.— Nós estamos resguardados, ela disse que o que fizemos foi algo arriscado, mas ela entende nosso desespero. Seu nome provavelmente irá aparecer na lista de compradores, mas nada vai acontecer porque Marshall sabe da verdade.— Não quero mais falar sobre isso. Tudo o que aconteceu já se deu por encerrado para mim. F
MayaMais tarde, segui para o salão de beleza e fiz as unhas, pintando-as em um tom vermelho vibrante. Quando voltei para o hotel, com Noberto em meu encalço, já passavam das seis e meia.Victor não estava, ele havia dito que sairia com Elliot para resolver algumas coisas antes de voltar para se arrumar para a nossa noite tão ansiada. Segui para o banheiro e enchi a banheira com água quente. Antes de entrar, acrescentei sais de banho e pétalas de rosas à água. Entrei e liguei uma música no som integrado no teto do banheiro, usando meu celular. Estava cantando a música Pocketful of Sunshine, de Natasha Bendingfield, e relaxando no banho enquanto trocava mensagens com Grace, quando a porta do banheiro foi aberta e Victor surgiu. Ele sorriu e encostou-se ao batente da porta de braços cruzados.— Quer se juntar a mim?— Não, desta vez. Se apresse, não quero me atrasar. Já são sete horas. A roupa que usará esta noite está sobre a cama. Estarei na sala de jogos. — Saiu fechando a porta atrá
MayaAquele lugar era diferente de tudo que imaginei que seria ou de onde já estivemos em Seattle. Era grande, escuro e envolvente. Acho que as luzes e a música era o que trabalhava para provocar sensações estranhas em nossos corpos, como uma leve excitação.As pessoas pareciam não ligar, ou sequer enxergar meus seios de fora. Para elas era tudo natural. E depois, posso dizer que eu era a mulher mais coberta ali. Era uma casa de dominação exclusiva para homens dominantes.Victor tirou a guia do bolso interno do paletó e a prendeu em minha coleira. Ele saiu andando à frente, puxando-me. Eu o seguia sempre dois passos logo atrás dele, observando a minha volta atentamente. Havia de tudo ali. Desde mulheres nuas, a mulheres fantasiadas dos mais exóticos animais. Alguns homens submissos usavam com roupas feitas de látex, que as cobriam da cabeça aos pés, deixando somente as narinas, olhos, bocas e genitálias descobertos. Tudo aquilo era muito estranho e novo para mim. Quando eu achava que
MayaEle juntou meus cabelos nas mãos e os prendeu em um coque feito de qualquer jeito no alto da cabeça. Ele caminhou até as prateleiras à minha frente e voltou com um vidro de cor âmbar e um chicote de montaria, colocando-o sob a mesinha redonda de apoio ao meu lado esquerdo, antes de se aproximar com o vidro. Primeiro ele espalhou por minhas costas um óleo de aroma amendoado, que se aqueceu levemente quando esparramado sobre a superfície de minha pele. Com leveza, ele massageou meus ombros e beijou minha nuca deixando-me arrepiada.— Aprecio que seja uma mulher de coragem, mas me aborrece que você seja tão imprudente e desobediente, às vezes. Sabe o porquê será castigada, não é? Sabe que merece isso — falou ao meu ouvido.Respirei fundo e cheia de tensão. Victor mordeu meu ombro com certa força e se afastou apanhando o chicote ao lado. Ele deslizou por minhas costas a ponta de couro com tachinhas, até minha bunda. Sem aviso prévio, acertou-me uma chicotada forte em minhas nádegas,
MayaVoltamos para casa na tarde do dia seguinte. A semana fluiu normal, tudo conforme a rotina de cada um. Na quinta-feira, Victor chegou em casa avisando que iríamos na segunda-feira para a consulta no Canadá, em Toronto, com o cardiologista. Partimos para lá logo pela manhã. Caleb havia ido conosco, não ficaríamos muito, mas Victor não estava confiante de deixá-lo só.Victor foi submetido a centenas de exames. O médico disse que meu marido estava com a saúde estável. Quanto ao problema coronário, não se tinha muito o que fazer, não havia cura. Infelizmente, pela idade, Victor não era um candidato apto ao transplante de coração. Foi um banho de água fria. Ouvir aquilo foi horrível. Ele aconselhou Victor a viver bem sua vida, da forma mais saudável e sem esforços físicos exagerados, já que a qualquer momento seu quadro de saúde poderia agravar e lhe causar um infarto fatal.Voltamos para casa na quarta-feira pela manhã. Victor se trancou em seu escritório. Ele disse que precisava res
MayaEmbarcamos no dia seguinte logo pela manhã. Estava tão ansiosa, que não consegui conter o café da manhã em meu estômago.— Ainda nem está grávida e já está enjoando — brincou Victor, segurando meus cabelos enquanto eu vomitava os ovos mexidos com bacon que comi pela manhã antes de pegarmos o voo.A consulta estava marcada para as dez e nós estávamos alguns minutinhos atrasados. Depois de me recuperar e me recompor, seguimos para a clínica de mãos dadas. Lá encontramos alguns especialistas que me explicaram meticulosamente como tudo aconteceria. Eles perguntaram centenas de vezes se estava certa sobre a fertilização e em todas elas precisei certificá-los de que sim. Eles colheram meu sangue e a ginecologista me chamou para uma conversa em particular, somente eu e ela. Entramos em sua sala e sentamos uma de frente para outra na pequena salinha de estar ao canto do seu consultório.— Acho muito bonito a ligação entre você e Victor White. É visível a parceria e o amor de vocês. Isso