MayaVoltamos para o apartamento e depois de um banho juntos e demorado, adormeci profundo agarrada a ele, acordando somente na manhã seguinte. Voei com Caleb e Victor até Houston e depois segui para Tulsa. Eu mal havia pisado meus pés no aeroporto quando Clarice me ligou pedindo que eu fosse até seu escritório com certa urgência. Preocupei-me. Elliot me levou até lá e subiu comigo esperando por mim na recepção.— Clarice. — Sorri ao me aproximar.— Maya! Que bom ver você, querida. Senti saudade. — Abraçou-me apertado, quase me sufocando. — Como tem passado? — Soltou-me.— Bem, na medida do possível. E você?— Não muito diferente de você. Venha. Vamos para o meu escritório. Onde está Victor, que não veio?— Em Houston com Caleb, mas ele vem no fim de semana.— Sente-se, Maya. Vamos conversar. O que tenho para tratar é sério.Sentei sentindo meus membros inferiores esquentar e meu rosto formigar. Algo em mim pediu-me para me preparar para o que viria a seguir.— Finalmente a investigaç
MayaLarry encarou o advogado nervoso, que apenas assentiu a ele negativamente. O juiz determinou o confisco do CRM de Larry e trinta e sete anos de prisão no presidio federal, além do confisco de todos os bens e uma multa simbólica a pagar no valor de dois milhões de reais, que foram designados ao meu pai. Foi ordenado também que o Estado abrisse uma investigação para apurar em quantos mais pacientes ele aplicou a droga não autorizada e se houve mais alguém envolvido no crime, incluindo o hospital.— Dinheiro nenhum paga a minha perda — disse meu pai entredentes para mim.— Mas ele irá te ajudar a seguir adiante. Quem sabe, até salvar vidas de pessoas que passam pelo que a mamãe passou. Pense positivamente, pai. Você pode fazer o bem com este dinheiro.Depois do julgamento, fomos todos almoçar no lago Green Pine onde Victor havia feito reservas. Ao entrar em casa, meu pai disse que se deitaria um pouco, precisava ficar sozinho e eu o entendia. Ele subiu a escada e Caleb foi direto pa
MayaA emergência chegou e prestou atendimento. Colocaram Victor na ambulância e o levaram para o hospital. Noberto apareceu e o acompanhou. Eu corri para me trocar indo logo atrás com Caleb e Elliot. Durante todo o caminho, eu pedia a Deus para que não o deixasse morrer e nem para que fosse algo grave. Meu coração estava pequeno no peito. Eu chorava com imenso desespero. Por Deus... Eu havia perdido há pouco minha mãe, não podia perder meu marido também. A gente ainda tinha muito para viver juntos. Não sei se aguentaria mais esta rasteira da vida.— Fique calma, Maya. Eu entendo que é difícil, mas você precisa se acalmar. Ele vai ficar bem. Meu pai é forte. — Caleb segurou minha mão.— Não posso ficar sem ele. Se eu o perder, Caleb... não sei por onde ou como recomeçar.— Vai ficar tudo bem. Acredite! Não vamos perdê-lo.O carro estacionou logo atrás da ambulância. Desci correndo e acompanhei a maca para dentro do hospital, Victor ainda estava desacordado com uma máscara de oxigênio.
MayaOs dias se passaram rápido. Victor recebeu alta e fomos para casa. Foi difícil segurá-lo longe do trabalho, mas consegui com a ajuda de Ferdinando e outros acionistas, que assumiram a presidência de alguns negócios temporariamente. Recebemos algumas visitas no decorrer da semana. Meu pai e ele estavam se dando bem cada dia mais. Enfim, descobriram algo em comum: o black jack.Victor e eu conversamos e decidimos que nos mudaríamos logo para Oklahoma. Assim faria meu retorno para a faculdade, ficaria perto do meu pai e estaríamos entre a minha cidade e a sua. Quando seu repouso passou, fomos até lá em busca de uma casa que seria nosso novo lar. Visitamos centenas de casas, mas nenhuma delas se parecia com o nosso cantinho onde seríamos felizes para todo o sempre.— Esta já é a quarta casa que vamos visitar hoje, Victor. Estamos aqui há cinco dias e ainda não achamos nada que nos agrade. Já considerou trocar de corretora? — perguntei impaciente, a caminho da próxima casa.— Você que
MayaA volta para o hotel foi feita em absoluto silêncio. Eu estava tensa e amargurada. Por que ele não quer um filho comigo? Preciso de motivos! Ao entrarmos na suíte, fui direto para o quarto, precisava de um banho e de um tempo sozinha. Estava enrolada na toalha com cabelos molhados e sentada à beirada da cama olhando para o nada, quando Victor entrou vindo até mim e dando um beijo em meu rosto.— Ferdinando e Aurora estão na cidade. Vamos jantar com eles.— Okay. — Levantei-me e segui para o closet.Victor veio atrás de mim e parou na porta.— O que tem de errado? Era para você estar feliz, achamos nossa casa.— Não tem nada de errado. — Não estava bem para confrontá-lo naquele momento. Aquela conversa geraria uma discussão e isso era tudo o que menos precisávamos naquela hora.— Não minta para mim. Eu conheço você, Maya. Fala o que te incomoda.Virei-me para ele.— Podemos falar sobre isso amanhã. Mas não hoje, está bem?— Claro.Ele deixou o closet e foi ao banheiro, enquanto eu
MayaVoltamos para a mesa e a sobremesa já havia sido servida. Depois que comemos, voltamos para casa. Victor e eu não trocamos uma palavra sequer no caminho todo. O clima estava pesado e tenso entre nós. Entramos na suíte e ele seguiu direto até o bar servindo-se de uma dose dupla de conhaque.— Você não vem dormir agora? — perguntei parada no meio da sala.— O que foi aquilo na mesa? — questionou em um supetão, virando-se para mim.— Quer mesmo saber o que foi aquilo? Estou puta da vida com você. Como pode dizer aquilo?— Sobre ter filhos? Mas é a verdade, Maya!— Não! É o seu desejo e não o meu. Victor... Eu quero ter filhos. Qual o problema de querer isso comigo?— Tenho sessenta anos, Maya! — gritou. — É difícil entender que não tenho mais idade para ser pai novamente?— Tem idade para namorar uma mulher de vinte e um anos, transar todos os dias, dominá-la, mas não tem idade para ser pai de um filho que terá comigo? A mulher que você diz todos os dias amar? Que amor é esse que vo
MayaAcompanhamo-la até a parte dos fundos.— Uau! Esse lugar é fantástico. Sua mãe teria adorado. É bem arborizado.— Sinto paz nesse lugar. Ainda há trezentos metros de área verde depois da cerca viva. Está vendo aquele canteiro ali? — Apontei à direita. — Vou plantar girassóis nele. — Olhei-o e ele sorriu com carinho para mim.— Então... O que acharam da reforma no deck? — perguntou Janet.— Ficou maravilhoso. Gostei da madeira mais clara.— Que bom. Fico contente. Venham. Vamos olhar dentro da casa. — Entramos. — Troquei toda a bancada da cozinha por mármore branco. Os elétricos da torre quente serão todos cromados. Charlotte está cuidando disse hoje, por isso ela não pôde vir. Agora quero mostrar a vocês o quarto de hóspedes aqui embaixo. — Caminhou à nossa frente em direção ao corredor.— Quarto de hóspedes aqui embaixo? — perguntei confusa. Aquele seria o único cômodo a não ser reformado.Ela andou até a última porta no corredor e abriu-a.— Entrem.Entrei e fiquei em pleno est
MayaDepois que Victor seguiu para Seattle, meu pai e eu voltamos para Tulsa. Os dias se passaram e Victor não voltou para casa, ele estava em Houston com Caleb. Nós nos falávamos pouco. A relação entre nós estava horrível. Frios um com o outro e isso estava acabando comigo. A separação não parava de ser cogitada em minha cabeça. A cada dia que passava, mais razão eu dava às implicâncias passadas do meu pai. Quem sabe, ele estivesse certo sobre os problemas de se namorar um homem muito mais velho. Estava vivendo uma batalha constante entre o amor e a razão. O amor gritava por socorro dizendo não conseguir viver sem ele. A razão dizia que, se eu quisesse uma família completa, teria que deixá-lo ir.Entrei em seu escritório e sentei-me em sua cadeira. Sobre a mesa, um porta-retratos com uma das milhares de fotos que tiramos no dia do nosso casamento. Nela estava eu em uma ponta, Victor ao meio e Caleb do outro lado. Nós sorríamos juntos para a câmera. Ele estava abraçando-me pela cintur