MayaVictor jogou-me de frente para o sofá e mandou que eu ficasse de joelhos sobre o assento e apoiasse as mãos no encosto. De costas para ele, escutei-o caminhar em direção ao quarto e voltar em seguida. Ao se aproximar, pude ouvir o tilintar da fivela de um cinto. Sabia que seria mais uma vez severamente punida naquela noite. Fechei meus olhos os apertando e me preparei para a dor e ardência intensa que viria a seguir.— Peça-me perdão! — mandou alto e acertou na minha bunda a primeira cintada que me fez gritar. — Peça, Maya! Peça agora! — Bateu outra vez com mais força.Agarrei o estofado do encosto cravando minhas unhas no tecido macio de cor marrom e mordi meu lábio inferior. Não cederia a isso agora. Estava disposta a ver até onde iríamos com aquilo. Outra cintada veio acertando minhas costas e cintura, fazendo-me gritar ainda mais alto de dor. Ele agarrou meu cabelo e puxou minha cabeça para trás, para que o olhasse.— Fale! — gritou com seu rosto perto do meu. — Quero um pedid
MayaChegamos ao vestiário, trocamos nossas roupas por um robe de seda branca e fomos para a ala de massagens. Estávamos indo para a sala onde seríamos atendidas, quando olhei para dentro de um cômodo e vi a vadia ruiva da noite passada. Parei e segurei o braço da Aurora.— O que foi? — perguntou confusa.— É ela! A garota que provocou a confusão ontem à noite — disse olhando-a e Aurora seguiu meu olhar vendo o que eu encarava.— Eu a vi nos rondando por algumas vezes ontem. Do que será que ela tanto ri?A ruiva estava de pé conversando com outra mulher e as duas pareciam estar em uma conversa bem animada.— Não faço a mínima ideia.— Vamos chegar mais perto — falou puxando-me pela mão, para mais perto da porta, nos escondemos atrás da parede.— E quanto recebeu por isso? — Escutei a outra mulher lá dentro perguntar.— Cinco mil dólares. E se eu tivesse cobrado mais, ela teria pago. Acho que fui uma boba em perder essa oportunidade — respondeu a ruiva e riu.— Devia mesmo ter cobrado
Maya— Eliza? Tem certeza? — questionei-a.— Tenho. Não sei se é o nome dela ou não, mas foi como ela se apresentou.— Quando a viu?— Ontem pela manhã. Ela chegou a mim no bar do hotel e fez a proposta.— Ela está hospedada aqui?— Não sei! — respondeu impaciente. — Não perguntei e ela não falou. Apenas me mostrou uma foto de vocês dois e disse que eu devia provocar uma discórdia à noite no cassino. Em troca, ganharia cinco mil. E como combinado, o dinheiro está em minha conta hoje pela manhã.Eu estava com muita raiva. Meus ombros estavam tensos outra vez e minha respiração pesada. Eliza realmente não tinha limites. Ela nos perseguiu até em Vegas para nos infernizar. Por que é tão difícil para ela seguir em frente e nos deixar em paz?— Quem é Eliza? Ela está falando da ex-esposa do Victor? — perguntou Aurora.— A própria! — respondi entredentes.— Que filha da puta! — exclamou Aurora.Minha vontade era de procurá-la e lhe colocar para correr dali. Deus... até quando teremos essa to
MayaO cenário atrás de mim era uma representação do jardim do pecado e desta vez, ao invés de usar um vestido exclusivo e assinado por algum estilista famoso, fiquei apenas de calcinha e sutiã sem alça do mesmo tom que minha pele. Recostada de lado em uma chaise coberta por folhas secas, a fotógrafa ajeitou alguns metros de seda vermelha sobre meu corpo tapando minha intimidade e seios, enquanto o cabeleireiro terminava de arrumar meu cabelo com longos apliques volumosos com a ajuda de sua assistente. Em minha mão, colocaram uma maçã cenográfica tão linda e brilhante, que dava mesmo vontade de dar uma mordida sedenta.— Olhe para mim, Maya — pediu a fotógrafa, abaixada a alguns metros à minha frente apontando sua câmera para mim. — Quero que faça um carão de mulher poderosa, que manda no Jardim do Éden. — Riu.— Acho que seria um carão igual ao que você faz quando insiste em me desobedecer — falou Victor humorado ao canto, desconcentrando-me e me fazendo rir.Olhei-o e ele encarava-m
MayaTomamos café da manhã em uma cafeteria ali perto e depois seguimos para o Grand Canyon de helicóptero. O voo durou pouco mais de meia hora até lá. Sobrevoamos aquele lugar incrível, admirando do alto o Lago Mead. Era impossível não se apaixonar pela paisagem rochosa de tirar o fôlego. Aterrissamos as margens do Rio Colorado e um guia nos levou até Guano Piont. Para todos os lados que se olhava, se via as belas paredes do Canyon formadas pela natureza.— Preciso confessar algo... — falou Victor, abraçado a mim por trás.— O quê?— Já sobrevoei esse lugar por duas vezes, mas nunca parei para admirá-lo como estou fazendo com você, agora.— Está falando sério? — perguntei incrédula, virando-me para ele.— Estou! Sempre que viajo é a trabalho. Tirando minha primeira lua de mel, que foi na Rússia e durou três dias, nunca viajei por lazer.— Nunca?— Nunca!— Victor... Você tem dinheiro para ir a qualquer lugar do mundo e ficar por quanto tempo quiser. Ter uma conta bancária bilionária,
MayaEnquanto limpava toda a bagunça, remoía-me de ódio por aquela mulher. Tudo bem, eu entendia que Victor devia ser meticuloso com suas ações a respeito da Eliza, não só porque tinha receio de que seu filho o odiasse e ficasse a favor da mãe maluca, mas também porque temia que ela fizesse um escândalo com os documentos que ainda tinha sob seu domínio, que a qualquer momento poderia ir parar nas mãos da polícia. Ela havia se calado a respeito por enquanto, mas isso não significava que tinha esquecido ou desistido das ameaças. No entanto... minha espera por uma atitude dele com aquela mulher, havia se encerrado. Eu juro que tentei compreender a situação e atribuir sua perseguição a uma doença psicológica e entender que precisava de ajuda psiquiátrica, mas minha empatia havia se esgotado. Não dava mais para simplesmente esperar Victor agir no momento em que julgasse ser propenso. Eu sentia o desejo de vingança correr quente junto ao sangue em minhas veias. Estava mais do que decidida a
MayaSandy saiu e logo voltou com o vestido e um par de sandálias prata, com detalhes em cristais translúcidos nas tiras que transpassavam o dorso do pé. O modelo vermelho era ainda mais lindo e com toda certeza eu chamaria muito a atenção. Fui ao provador e com a ajuda de Sandy, vesti-o e calcei as sandálias. Ela prendeu meu cabelo em um coque baixo e colocou em meu pescoço um colar com um pingente deslumbrante de diamante em formato de gota, com pequenas pedrinhas de rubi em seu contorno.— Este é um modelo Sole com um diamante translúcido de dez quilates ao centro e pequenos rubis de quinze pontos, cada um. Combinou bem com o vestido, não acha?Era lindo, mas eu não podia me dar esse luxo.— É belíssimo, porém, hoje estou à procura somente do vestido. Eu já tinha um, mas houve um probleminha com ele.— Tudo bem. E quanto ao vestido, o que achou?— Eu amei! Vou ficar com ele e o par de sandálias — respondi, admirando-me pelo espelho.Depois de retirá-lo e vestir minhas roupas, fui a
MayaOlhei para Victor e ele sorriu com um lindo brilho nos olhos.— Estavam todos em dúvida de que nome escolher para a nova coleção, então... eu escolhi o seu.— Por quê?— Porque achei justo. Você é tão valiosa quanto qualquer uma dessas peças expostas aqui hoje. Nenhuma joia no mundo terá o valor que você tem. Na verdade, acho que o seu valor é inestimável, ao menos para mim! Você é rara, Maya! Acho que a pergunta certa seria: por que não nomear a nova coleção com seu nome?Sorri completamente apaixonada e emocionada. Nunca na vida esperei ouvir palavras assim de um homem. Mas Victor não era apenas um homem. Ele era O HOMEM da minha vida. E naquele momento, tive a certeza de que jamais outro tomaria meu coração como ele.— Eu adorei! — disse, controlando minha emoção.— Fico feliz por isso.Ele beijou carinhosamente minha testa e nós continuamos a andar, sempre parando para cumprimentar e conversar com algumas pessoas. De longe, avistei Aurora e Ferdinando. Ela estava linda em um