MayaEnquanto limpava toda a bagunça, remoía-me de ódio por aquela mulher. Tudo bem, eu entendia que Victor devia ser meticuloso com suas ações a respeito da Eliza, não só porque tinha receio de que seu filho o odiasse e ficasse a favor da mãe maluca, mas também porque temia que ela fizesse um escândalo com os documentos que ainda tinha sob seu domínio, que a qualquer momento poderia ir parar nas mãos da polícia. Ela havia se calado a respeito por enquanto, mas isso não significava que tinha esquecido ou desistido das ameaças. No entanto... minha espera por uma atitude dele com aquela mulher, havia se encerrado. Eu juro que tentei compreender a situação e atribuir sua perseguição a uma doença psicológica e entender que precisava de ajuda psiquiátrica, mas minha empatia havia se esgotado. Não dava mais para simplesmente esperar Victor agir no momento em que julgasse ser propenso. Eu sentia o desejo de vingança correr quente junto ao sangue em minhas veias. Estava mais do que decidida a
MayaSandy saiu e logo voltou com o vestido e um par de sandálias prata, com detalhes em cristais translúcidos nas tiras que transpassavam o dorso do pé. O modelo vermelho era ainda mais lindo e com toda certeza eu chamaria muito a atenção. Fui ao provador e com a ajuda de Sandy, vesti-o e calcei as sandálias. Ela prendeu meu cabelo em um coque baixo e colocou em meu pescoço um colar com um pingente deslumbrante de diamante em formato de gota, com pequenas pedrinhas de rubi em seu contorno.— Este é um modelo Sole com um diamante translúcido de dez quilates ao centro e pequenos rubis de quinze pontos, cada um. Combinou bem com o vestido, não acha?Era lindo, mas eu não podia me dar esse luxo.— É belíssimo, porém, hoje estou à procura somente do vestido. Eu já tinha um, mas houve um probleminha com ele.— Tudo bem. E quanto ao vestido, o que achou?— Eu amei! Vou ficar com ele e o par de sandálias — respondi, admirando-me pelo espelho.Depois de retirá-lo e vestir minhas roupas, fui a
MayaOlhei para Victor e ele sorriu com um lindo brilho nos olhos.— Estavam todos em dúvida de que nome escolher para a nova coleção, então... eu escolhi o seu.— Por quê?— Porque achei justo. Você é tão valiosa quanto qualquer uma dessas peças expostas aqui hoje. Nenhuma joia no mundo terá o valor que você tem. Na verdade, acho que o seu valor é inestimável, ao menos para mim! Você é rara, Maya! Acho que a pergunta certa seria: por que não nomear a nova coleção com seu nome?Sorri completamente apaixonada e emocionada. Nunca na vida esperei ouvir palavras assim de um homem. Mas Victor não era apenas um homem. Ele era O HOMEM da minha vida. E naquele momento, tive a certeza de que jamais outro tomaria meu coração como ele.— Eu adorei! — disse, controlando minha emoção.— Fico feliz por isso.Ele beijou carinhosamente minha testa e nós continuamos a andar, sempre parando para cumprimentar e conversar com algumas pessoas. De longe, avistei Aurora e Ferdinando. Ela estava linda em um
MayaEliza olhou-me incrédula e cheia de ódio, revidando de imediato o tapa acertando minha face em cheio. Ela pulou em cima de mim tentando me atacar, mas eu a empurrei para trás fazendo-a bater de costas na parede. Senti meus braços arderem e vi neles arranhões feitos por ela que minavam sangue. Parti para cima dela agarrando seus cabelos e joguei-a no chão. Ela xingou-me e não conseguiu se levantar. Abaixei-me ao seu lado e a fiz olhar para mim segurando-a firme pelo queixo.— Olhe para mim! Você é mais louca do que pensei! Livrar-me de você, agora, é uma questão de honra! Estou farta das suas maluquices que sempre me machucam, ou a alguém perto de mim! Sei do que fez com Penny e do que armou na festa da fraternidade. Victor também já sabe de tudo! Ele a odeia tanto quanto eu. Saiba que, se ele ainda não fez nada com você para puni-la, foi pelo filho e não porque te ama! Esse sentimento ele nunca teve e nem terá por você! Porque ele ama a mim! Entendeu? A mim! — berrei, esperando q
VictorAquilo foi muito doloroso de se ouvir. Doeu fundo em meu peito e, pela primeira vez em anos, senti uma terrível vontade de chorar. Ela sentia tanta dor e tanta mágoa e eu me senti culpado por causar aquilo a ela.— Caleb não é mais uma criança, Victor. Quem sabe, esteja na hora dele conhecer a mãe que tem. Se esse é seu real motivo, medo que ele o odeie... não tenha. Aquela mulher é louca e precisa de ajuda! Cuide dela antes que a mesma tente fazer algo pior com alguém ou consigo mesma! Aí sim, seu filho irá odiá-lo para o resto da vida. — Ela secou sua lágrima e foi ao banheiro. — Preciso ficar sozinha — falou antes de entrar e fechar a porta atrás de si.Sentei-me nos pés da cama e apoiei meus cotovelos nos joelhos, afundando meu rosto em minhas mãos. Acreditei que em algum momento Eliza desistiria de infernizar nossas vidas e seguiria com a sua adiante, mas isso não aconteceu. Quando soube de tudo o que ela fez a Maya, tive vontade de agir com minhas próprias mãos, mas isso
VictorDois dias haviam se passado e eu procurei Eliza como agulha em um palheiro. Nem mesmo Caleb sabia da localização exata da mãe. Para ele, ela disse que estava em um SPA em Los Angeles com amigas, que procurei e me disseram que não a viam há meses. Eu a procurei em cada SPA da Califórnia e não a encontrei. Como da outra vez que aprontou comigo, ela sumiu da face da Terra. Eu e Maya nos falamos poucas vezes através de mensagens diretas e de poucas palavras nos últimos dias. Ela estava em Chicago com as amigas e eu já estava morrendo de saudade dela. Não só da sua presença, mas também do seu cheiro, sua voz, sua risada, seu beijo... Olhei as horas em meu relógio de pulso e passava das cinco da tarde. O que Maya estaria fazendo agora? Suspirei frustrado.— Quer saber... Já chega dessa distância — falei para mim mesmo, levantando-me da cadeira em meu escritório no centro da cidade.Saquei meu celular do bolso interno do paletó, a caminho do elevador, e busquei por Noberto em minha ag
MayaQuando cheguei, sua secretária liberou minha entrada para ir até ele, onde fotografava um ensaio para uma propaganda de perfumes com belas modelos morenas vestidas de anjo. Parei perto da porta e esperei pelo intervalo. Cumprimentei algumas pessoas conhecidas e de longe avistei Bash auxiliando Tyrone. Enfim, anunciaram a pausa para as modelos se trocarem e me aproximei.— Oi — disse ao Tyrone.— Ora, ora... Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo? — debochou, encarando-me com a sobrancelha arqueada e um olhar impaciente.— Desculpe-me, Tyrone, mas é que...— Desculpas? — perguntou e riu sarcástico, interrompendo-me. — Garota, você é mesmo muito sem noção, não é? Fiz coisas por você, que nenhum outro fotógrafo de renome faria e, em troca, o que recebi? Ao menos um “muito obrigada”? Não! Nem isso! — disse alto e enraivecido. — Você desapareceu sem ao menos me dar uma explicação. Onde mesmo estava? Ah, me lembrei. Viajando com o Matusalém rico e posando para outro fotógrafo. Eu vi s
MayaCaminhei até o elevador e parei diante das portas. Enquanto o esperava chegar, fechei meus olhos e respirei fundo tentando me acalmar. Minha vontade era de voltar até lá, xingar Sean e lhe acertar um soco no rosto. As portas se abriram e eu entrei. Quando elas começaram a se fechar, alguém colocou sua mão impedindo-as. Elas se abriram novamente e então Sean entrou com um largo sorriso no rosto, que me deixou ainda mais nervosa.— Vou pegar uma carona com você até o térreo.Eu o encarei com sangue nos olhos e respiração pesada.— Sabe, Maya... ao contrário de você, que conseguiu ótimos trabalhos caídos do céu, comigo foi bem diferente. Eu tive que ralar muito e dormir com muita gente para conseguir bons ensaios que me dessem um bom retorno. — Riu sem humor encarando-me parado do outro lado do elevador de braços cruzados.— Não estou interessada na sua história! — disse rude.— Okay, então, irei direto ao ponto. — Aproximou-se. — Eu não estou disposto a perder minha carreira por ca