MayaEliza olhou-me incrédula e cheia de ódio, revidando de imediato o tapa acertando minha face em cheio. Ela pulou em cima de mim tentando me atacar, mas eu a empurrei para trás fazendo-a bater de costas na parede. Senti meus braços arderem e vi neles arranhões feitos por ela que minavam sangue. Parti para cima dela agarrando seus cabelos e joguei-a no chão. Ela xingou-me e não conseguiu se levantar. Abaixei-me ao seu lado e a fiz olhar para mim segurando-a firme pelo queixo.— Olhe para mim! Você é mais louca do que pensei! Livrar-me de você, agora, é uma questão de honra! Estou farta das suas maluquices que sempre me machucam, ou a alguém perto de mim! Sei do que fez com Penny e do que armou na festa da fraternidade. Victor também já sabe de tudo! Ele a odeia tanto quanto eu. Saiba que, se ele ainda não fez nada com você para puni-la, foi pelo filho e não porque te ama! Esse sentimento ele nunca teve e nem terá por você! Porque ele ama a mim! Entendeu? A mim! — berrei, esperando q
VictorAquilo foi muito doloroso de se ouvir. Doeu fundo em meu peito e, pela primeira vez em anos, senti uma terrível vontade de chorar. Ela sentia tanta dor e tanta mágoa e eu me senti culpado por causar aquilo a ela.— Caleb não é mais uma criança, Victor. Quem sabe, esteja na hora dele conhecer a mãe que tem. Se esse é seu real motivo, medo que ele o odeie... não tenha. Aquela mulher é louca e precisa de ajuda! Cuide dela antes que a mesma tente fazer algo pior com alguém ou consigo mesma! Aí sim, seu filho irá odiá-lo para o resto da vida. — Ela secou sua lágrima e foi ao banheiro. — Preciso ficar sozinha — falou antes de entrar e fechar a porta atrás de si.Sentei-me nos pés da cama e apoiei meus cotovelos nos joelhos, afundando meu rosto em minhas mãos. Acreditei que em algum momento Eliza desistiria de infernizar nossas vidas e seguiria com a sua adiante, mas isso não aconteceu. Quando soube de tudo o que ela fez a Maya, tive vontade de agir com minhas próprias mãos, mas isso
VictorDois dias haviam se passado e eu procurei Eliza como agulha em um palheiro. Nem mesmo Caleb sabia da localização exata da mãe. Para ele, ela disse que estava em um SPA em Los Angeles com amigas, que procurei e me disseram que não a viam há meses. Eu a procurei em cada SPA da Califórnia e não a encontrei. Como da outra vez que aprontou comigo, ela sumiu da face da Terra. Eu e Maya nos falamos poucas vezes através de mensagens diretas e de poucas palavras nos últimos dias. Ela estava em Chicago com as amigas e eu já estava morrendo de saudade dela. Não só da sua presença, mas também do seu cheiro, sua voz, sua risada, seu beijo... Olhei as horas em meu relógio de pulso e passava das cinco da tarde. O que Maya estaria fazendo agora? Suspirei frustrado.— Quer saber... Já chega dessa distância — falei para mim mesmo, levantando-me da cadeira em meu escritório no centro da cidade.Saquei meu celular do bolso interno do paletó, a caminho do elevador, e busquei por Noberto em minha ag
MayaQuando cheguei, sua secretária liberou minha entrada para ir até ele, onde fotografava um ensaio para uma propaganda de perfumes com belas modelos morenas vestidas de anjo. Parei perto da porta e esperei pelo intervalo. Cumprimentei algumas pessoas conhecidas e de longe avistei Bash auxiliando Tyrone. Enfim, anunciaram a pausa para as modelos se trocarem e me aproximei.— Oi — disse ao Tyrone.— Ora, ora... Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo? — debochou, encarando-me com a sobrancelha arqueada e um olhar impaciente.— Desculpe-me, Tyrone, mas é que...— Desculpas? — perguntou e riu sarcástico, interrompendo-me. — Garota, você é mesmo muito sem noção, não é? Fiz coisas por você, que nenhum outro fotógrafo de renome faria e, em troca, o que recebi? Ao menos um “muito obrigada”? Não! Nem isso! — disse alto e enraivecido. — Você desapareceu sem ao menos me dar uma explicação. Onde mesmo estava? Ah, me lembrei. Viajando com o Matusalém rico e posando para outro fotógrafo. Eu vi s
MayaCaminhei até o elevador e parei diante das portas. Enquanto o esperava chegar, fechei meus olhos e respirei fundo tentando me acalmar. Minha vontade era de voltar até lá, xingar Sean e lhe acertar um soco no rosto. As portas se abriram e eu entrei. Quando elas começaram a se fechar, alguém colocou sua mão impedindo-as. Elas se abriram novamente e então Sean entrou com um largo sorriso no rosto, que me deixou ainda mais nervosa.— Vou pegar uma carona com você até o térreo.Eu o encarei com sangue nos olhos e respiração pesada.— Sabe, Maya... ao contrário de você, que conseguiu ótimos trabalhos caídos do céu, comigo foi bem diferente. Eu tive que ralar muito e dormir com muita gente para conseguir bons ensaios que me dessem um bom retorno. — Riu sem humor encarando-me parado do outro lado do elevador de braços cruzados.— Não estou interessada na sua história! — disse rude.— Okay, então, irei direto ao ponto. — Aproximou-se. — Eu não estou disposto a perder minha carreira por ca
MayaSentei-me em uma mesa ao canto, perto da janela, e pedi um café enquanto aguardava por ele. Não demorou muito e logo ele chegou.— Você está bem mesmo? — perguntou ele ao se sentar.— Estou sim.— Então... me conte o que aconteceu.— Você se lembra do que contei a você, sobre o que o Sean tentou fazer comigo em Los Angeles?— É claro que me lembro. Como eu poderia me esquecer. Ele tentou de novo?— Não. Ele fez pior... me ameaçou. Ele disse que, pelo bem da minha vida, eu devia ficar de bico fechado.— Você foi à polícia?— Não. Mas agora estou decidida a ir.— Onde ele fez as ameaças?— Na agência quando eu estive por lá alguns minutos.— Ele tocou em você?— Não.— Você precisa prestar queixa sobre o que ocorreu em Los Angeles e sobre as ameaças!— Eu sei. Vou ligar para o Victor e pedir que ele venha para cá. Quero que ele esteja comigo quando eu for fazer isso.— Okay. Mas até ele chegar, por favor, fique em casa! Não dê bobeira por aí.— Você está sabendo de mais alguma cois
Maya— Esse homem pode ser um assassino em série. E também pode ser quem matou a Bridget. Temos motivos para crer que ele tenha feito isso por engano, querendo ferir outra pessoa. No caso, você! — disse ele. — Eu sei que você o conhece, vejo isso em seu rosto.— Pode ser que você corra perigo.Ela abaixou a cabeça e fechou os olhos respirando fundo, antes de se sentar no sofá atrás dela.— Ele já foi à boate algumas vezes com Tyrone. Costumava servi-los na área VIP, mas achava que ele era gay, porque ele e o fotógrafo me pareciam... íntimos demais. Mas aí teve uma noite, na verdade, a primeira noite em que me apresentei no palco. Ele estava lá, sentado na primeira mesa encarando-me como se eu fosse um pedaço de carne. Aquilo me deixou nervosa. Ele sorria com malícia e jogava notas de dez dólares em cima do palco, aos meus pés.Ela ergueu sua cabeça e finalmente nos olhou.— Assim ele fez por mais de duas noites seguidas, até que... em uma madrugada, quando estava indo embora, ele me c
MayaAs duas me encararam tristes e deram a volta no balcão, abraçando-me em grupo.— Você será sempre nossa amiga, Maya — declarou Kim.— Vocês são minhas únicas amigas. Antes de Chicago, eu não tinha ninguém. Então conheci a Kim e meses depois você, Maya — confessou Sasha.— A gente te ama! — disseram as duas em uníssono.— Também amo muito vocês — declarei emocionada.Durante minha adolescência, Grace foi minha única amiga. Na faculdade, Penny foi a melhor delas e ainda era mesmo depois de tudo que aconteceu. Ali, em Chicago, encontrei duas pessoas maravilhosas que foram quem me ajudaram a começar uma vida incrível, cheia de novas experiências. Eu mal tinha onde dormir quando desci daquele ônibus e agora tinha tudo. Eu levaria dali não somente a amizade da Kim ou da Sasha, como também levaria comigo a amizade do Jack e da Maggie. Talvez, até mesmo, a do Allan. Ele também foi alguém fundamental e especial para os meus dias deprimentes e longe de casa serem melhores, mesmo que por po