Maya— Esse homem pode ser um assassino em série. E também pode ser quem matou a Bridget. Temos motivos para crer que ele tenha feito isso por engano, querendo ferir outra pessoa. No caso, você! — disse ele. — Eu sei que você o conhece, vejo isso em seu rosto.— Pode ser que você corra perigo.Ela abaixou a cabeça e fechou os olhos respirando fundo, antes de se sentar no sofá atrás dela.— Ele já foi à boate algumas vezes com Tyrone. Costumava servi-los na área VIP, mas achava que ele era gay, porque ele e o fotógrafo me pareciam... íntimos demais. Mas aí teve uma noite, na verdade, a primeira noite em que me apresentei no palco. Ele estava lá, sentado na primeira mesa encarando-me como se eu fosse um pedaço de carne. Aquilo me deixou nervosa. Ele sorria com malícia e jogava notas de dez dólares em cima do palco, aos meus pés.Ela ergueu sua cabeça e finalmente nos olhou.— Assim ele fez por mais de duas noites seguidas, até que... em uma madrugada, quando estava indo embora, ele me c
MayaAs duas me encararam tristes e deram a volta no balcão, abraçando-me em grupo.— Você será sempre nossa amiga, Maya — declarou Kim.— Vocês são minhas únicas amigas. Antes de Chicago, eu não tinha ninguém. Então conheci a Kim e meses depois você, Maya — confessou Sasha.— A gente te ama! — disseram as duas em uníssono.— Também amo muito vocês — declarei emocionada.Durante minha adolescência, Grace foi minha única amiga. Na faculdade, Penny foi a melhor delas e ainda era mesmo depois de tudo que aconteceu. Ali, em Chicago, encontrei duas pessoas maravilhosas que foram quem me ajudaram a começar uma vida incrível, cheia de novas experiências. Eu mal tinha onde dormir quando desci daquele ônibus e agora tinha tudo. Eu levaria dali não somente a amizade da Kim ou da Sasha, como também levaria comigo a amizade do Jack e da Maggie. Talvez, até mesmo, a do Allan. Ele também foi alguém fundamental e especial para os meus dias deprimentes e longe de casa serem melhores, mesmo que por po
Victor— O lugar parece estar bem agitado. Tem certeza de que vai descer aqui? — perguntou Noberto.— Tenho sim.Abri a porta e desci do carro. Por fora, o pub parecia grande e havia uma fila de jovens para entrar. Caminhei até o segurança que fazia a ronda na portaria e tirei uma nota de cem dólares no bolso.— Preciso mesmo pegar a fila? — perguntei a ele, lhe mostrando discretamente o dinheiro.— Entra aí.O segurança retirou a corrente que obstruía a passagem e ao passar por ele, lhe entreguei o dinheiro em um aperto de mãos. Lá dentro, o ambiente não parecia ser tão grande, o lugar estava abarrotado de gente que chegava a estar abafado e quente. Parado na entrada, eu olhei ao meu redor à procura da Maya. Por que ela não me disse que estava vindo para este lugar? De repente, vi Sasha acenar. Aproximei-me dela, que estava na companhia de uma garota loira.— Oi. Como vai? — cumprimentou ela, estendendo-me sua mão.— Sasha... estou bem e vocês?— Ótima! — disse otimista. — Esta é a K
VictorJack se afastou e foi falar com o homem que estava na portaria. Ele fez algumas perguntas e lhe mostrou uma foto da Maya pelo meu celular. Ele disse não tê-la visto sair, mas se lembrava dela quando chegou com as amigas mais cedo. Allan o chamou e Jack entrou depois de devolver meu aparelho.— O senhor está bem? — perguntou Noberto.— Mas é claro que não! Estou à beira de um infarto. — E sentia estar mesmo.— Tem minha palavra de que iremos encontrá-la! — disse com firmeza, colocando sua mão em meu ombro.Jack apareceu na porta e fez um sinal para entrarmos com ele no pub. Ele nos levou até a minúscula sala de segurança do local, onde havia duas telas de quatorze polegadas sobre uma mesa gasta, ligadas às duas câmeras em tempo real.— Isso foi o que descobrimos na câmera dos fundos — disse ele e olhou-me com tamanha tensão e preocupação.Meu coração apertou e disparou acelerado no peito, ao assistir as imagens. Maya foi arrastada pela saída de emergência por um homem grande que
MayaAcordei com uma enorme dor de cabeça e ao abrir os olhos, tudo girou a minha volta. Demorou alguns segundos até meus olhos fixarem e a tontura passar. Eu não sabia onde estava ou como tinha ido parar naquele lugar. Aos poucos fui me recordando de tudo e um enorme desespero bateu em mim. Tentei me mexer, mas não consegui. Foi então que percebi que estava amarrada pelos pés e as mãos em uma cadeira de ferro. Olhei ao meu redor e me desesperei ainda mais. Eu estava em um lugar sujo, velho e abandonado. A fraca iluminação dali vinha de algumas poucas luminárias de LED espalhadas pelo chão ao meu redor. Tentei me soltar, mas foi em vão, as cordas apenas apertaram mais meus punhos e tornozelos. Meus olhos marejaram e meu coração parecia que iria sair pela boca a qualquer instante.— Veja só quem acordou. Foi até rápido — falou uma voz masculina à minha frente e riu debochado.Olhei, mas nada vi, estava escuro. Então a sombra de um homem grande e alto, foi saindo da penumbra e vindo em
MayaOs dois interromperam o beijo e Tyrone virou-se para mim.— Já sabe o que tem que fazer, não é? Ela quer me separar de você. Não permita! — disse Sean.— Você vai parar? Algum dia vai parar, para que eu pare também? — perguntou Tyrone de costas para ele, encarando-me com frieza.— Eu prometo que ela será a última.— Você sempre promete isso, mas ela nunca é a última — retrucou Tyrone com a voz embargada.— Quando sairmos daqui... vou contar para todo mundo que amo você. Chega de nos esconder, amor.Tyrone o olhou sobre o ombro e sorriu contente ajeitando nas mãos o cabo de aço para me estrangular. Meu coração parecia que ia explodir no peito. Lágrimas e mais lágrimas desciam em abundância por meu rosto, deixando minha visão turva. Tyrone me encarou novamente e Sean se afastou com os braços cruzados no peito. Meu corpo todo tremia e minha respiração mal entrava nos pulmões. Eu estava completamente aterrorizada! Em uma tentativa inútil, eu me debati tentando livrar-me das amarraçõe
MayaDepois de conversarmos e contar a elas tudo o que aconteceu, fui para o meu quarto com Victor. Ele entrou, tirou seu paletó e a gravata, e sentou-se em minha cama jogando-se para trás. De olhos fechados, ele respirou fundo algumas vezes e passou a mão por seu peito, como se o massageasse. Aquele ato me preocupou.— Você está bem? — perguntei, sentando-me ao seu lado.— Estou.— Tem certeza? Não parece.— Só estou exausto, querida. Voei de Houston até aqui depois de um dia de trabalho e quando chego, descubro que você foi sequestrada por um serial killer. Foi um dia conturbado, mas não se preocupe. Fora isso... está tudo bem agora.— Desculpe-me, amor. — Deitei ao seu lado e o abracei. — Vamos voltar para casa amanhã e tudo será como antes. Quero deletar essa noite horrível da minha memória.— Eu também quero — revelou acariciando meus cabelos. — Por alguns instantes, o medo de te perder foi real e imenso. Cheguei até mesmo a cogitar que, talvez, pudesse ser o Higor a fazer isso c
MayaDe malas prontas, Noberto chegou e as levou para o carro, enquanto eu fui me despedir da Sasha.— Não se preocupe. Vou ficar bem e vamos nos ver em breve.— Você jura?— Juro! — Abracei-a. — Ah, e... enquanto você não conseguir alguém com quem dividir o aluguel, eu irei dar um jeito de continuar mandando minha parte — falei ao soltá-la.— Não tem que se preocupar com isso — disse Victor, próximo de nós, e olhei-o confusa. — O prédio pertence a mim agora.Arregalei meus olhos, completamente surpresa.— Desde quando? — perguntei.— Desde alguns dias atrás.— Mas como conseguiu?— Tenho o meu jeito de conseguir o que quero.Estreitei meus olhos para ele.— Vamos falar sobre isso mais tarde.— Então... eu pago a minha metade do aluguel para você agora? — perguntou Sasha a ele.— Não. Pode ficar aqui o quanto quiser, Sasha, sem se preocupar com aluguel.— Está falando sério? Porque eu não vou bancar a boa samaritana e recusar essa oferta — falou ela com seu jeito Sasha de ser, nos faz