MayaPerto do closet estavam nossas malas e sobre os pés da cama, um robe de seda rosa-claro. Antes do banho, resolvi desfazer as malas retirando apenas algumas coisas necessárias que usaríamos nas próximas horas, afinal, embarcaríamos em dois dias para Las Vegas. No banheiro enrolei um pouquinho mais na banheira com a esperança de que Victor aparecesse, mas ele não veio. Devia mesmo estar concentrado no trabalho. De dedos enrugados e sentindo a água já quase fria, saí e fui me deitar. Não demorou muito para que pegasse no sono pesado. Acordei com beijos em minha panturrilha, que subiram por minhas costas até minha nuca, deixando uma leve mordida em meu ombro. Remexi-me preguiçosamente deitada de bruços e suspirei fundo ainda de olhos fechados, sentindo um cheiro másculo que sempre abalava minhas emoções.— Bom dia, querida — sussurrou em meu ouvido.— Bom dia — resmunguei com a voz rouca de sono.— Levante. Vamos tomar café da manhã e depois você virá comigo para um dia de trabalho.
MayaEnquanto caminhava para a saída, Victor parou para assinar algo no balcão. Parei perto da porta esperando por ele e algo à minha esquerda na parede chamou-me a atenção. Era um quadro de moldura metálica com uma foto em preto e branco. Na imagem estava Victor entre duas mulheres. A primeira mulher eu reconheci de imediato como sua irmã, Margot. A segunda, eu desconhecia. Ela era jovem, magra, alta, de postura esbelta, cabelos anelados na altura dos ombros, realmente uma mulher muito bonita. Victor, assim como sua irmã estavam mais novos do que agora, a foto havia sido registrada em dezessete de abril de mil novecentos e noventa e três, segundo a data na descrição abaixo da imagem. No mesmo lugar também, abaixo da data, havia os nomes Margot White, Victor White e Madalene B. White. Eu me recordava daquele último nome.— Esta foto foi tirada na inauguração desta loja — disse Ricco atrás de mim.— Victor é o dono desta loja? — perguntei-o sem tirar meus olhos da mulher “desconhecida”
MayaAlmoçamos em um restaurante não muito longe dali e voltamos para a empresa andando, escoltados por dois dos seus seguranças. Sua próxima reunião seria em duas horas e eu o acompanharia. Até dar a hora de irmos, nós namoramos um pouquinho no sofá da pequena sala do vasto escritório e conversamos sobre eu ficar em Tulsa por mais um tempo com minha família. A reunião que estava marcada para as três da tarde, era a respeito do evento em Las Vegas, no qual Victor me convidou para ser a modelo a posar com as joias. Por isso ele exigiu minha presença, queria me apresentar como o novo rosto propaganda da Crystal Lux ao conselho.— Victor, ainda temos detalhes para acertar até o grande evento como: Qual será a joia de abertura no desfile ou qual a ideia de exposição para a peça central? Ela tem que chamar a atenção entre as outras, precisa estar bem exposta — disse uma mulher.— Também temos a questão de sequer ainda termos decidido qual nome batizar a nova coleção das joias. Isso é um gr
MayaNós nos sentamos e Victor entregou a ela uma caixa de lenços antes de voltar a se sentar na poltrona onde estava anteriormente. Ela o agradeceu e, então, começou a falar do princípio, quando a entrega de drogas foi roubada e ela recebeu a primeira carta. Tudo o que ela me contou fez com que a história que ouvi do Victor se confirmasse em cada detalhe, não que eu duvidasse dela, jamais suspeitei de suas palavras! Depois, ela contou sobre a armação da festa e sobre o seu pavor na manhã seguinte quando acordou e descobriu que também tinha sido drogada e, ao contrário de mim, seu estupro foi muito real. Meu coração doeu por ela. Penny disse ter suspeitado de várias prováveis pessoas que poderiam ter um interesse de vingança em mim, para ter feito isso conosco usando ela. Primeiro ela suspeitou do Mark e seu orgulho ferido. Em seguida desconfiou do Higor e sua obsessão maluca. E por último, cogitou Eliza e antes dela até mesmo a Violet entrou nessa lista. Ela disse que chegou até a im
Maya— Victor tem mais do que razão. Marcel precisa achar que você não renderá mais lucros, então colocará você à venda. Ele não irá deixar que você simplesmente vá, pode imaginar que talvez queira abrir o bico. Se ele achar que você foi vendida para servir como escrava sexual de alguém, se esquecerá de você para sempre.— Mas se ele me colocar à venda, um monte de homens vai aparecer. Como vamos saber se Victor irá conseguir me comprar?— Já disse para não me subestimar. O jogo de compra e venda funciona da seguinte maneira. Darei um jeito de demonstrar interesse em você antes de ser colocada à venda. Só que, é claro, ele vai me pedir muito dinheiro e irei recusar. Quando ele decidir que você não serve mais para ele, irá me procurar para negociar você por um preço que irá julgar justo. E aí nós fechamos o acordo. Se houver um contratempo e mais homens entrarem na jogada, ele vai fazer um leilão de você e quem der mais, leva. Viu só? É assim que funciona o mercado financeiro em muitos
MayaAs portas do elevador se abriram no último andar e saí à sua frente. Victor veio logo atrás de mim e, de repente, senti um forte tapa estalar em minha bunda fazendo-me soltar um gritinho de susto, no exato momento em que uma porta no corredor foi aberta e um casal com a mesma idade que a sua, saiu de dentro da sua suíte. O homem encarou Victor com repulsa, pelo que o viu fazer comigo. Eu sorri envergonhada, mas achando graça da situação. Fomos nos aproximando do casal que caminhava em sentido oposto ao nosso, quando Victor resolveu fazer mais uma gracinha para chamar a atenção. Ele me puxou pelo braço virando-me de frente para ele e em movimentos rápidos, abaixou-se um pouco e me jogou sobre seu ombro, fazendo com que meu curto vestido lilás se levantasse expondo minha bunda e muito mais que foi possível.— Oh, meu Deus! — disse a senhora horrorizada ao passar por nós.Tirei o cabelo do rosto e olhei para eles, que chegavam ao elevador. Victor riu baixo e colocou-me de volta no c
MayaDescemos para o cassino e lá alguns amigos e sócios do Victor já nos aguardavam. Ele me apresentou a todos, incluindo as esposas de cada um. Mas o casal que mais me chamou a atenção foi o que se via de longe que também havia uma grande diferença de idade entre eles. O homem devia ter uma idade aproximada a do Victor e sua esposa, Aurora, era uma jovem mulher de uns trinta anos ou menos. Eu os observei com discrição enquanto conversávamos todos no bar. Era como ver Victor e eu. O carinho entre eles era mútuo e bonito. Ela esbanjava sorrisos e simpatia, não foi difícil gostar dela. Ao contrário das outras mulheres, que pareciam não querer muito papo conosco. Depois de alguns drinques, Victor e seus outros quatro amigos se sentaram à mesa para jogar Blackjack. As esposas ficaram no bar e apenas Aurora e eu os acompanhamos até o jogo. Nós ficamos de pé um pouco afastadas apenas os assistindo jogar. Quando as fichas das apostas chegaram, assustei-me ao ver o valor de cada uma delas.—
MayaEu tinha vontade de bater nele, de xingá-lo aos berros, gritar de raiva e chorar de ciúme, ao mesmo tempo que me odiava por ter me comportado daquela maneira tão infantil e exaltada, mas minhas emoções falaram mais alto. De onde vinha aquele ciúme louco, afinal? Estava confusa, nunca havia sentido isso antes, nem por Victor ou por Mark. Na verdade, não sabia que era possível sentir aquilo. O pior era que eu não poderia jogar a culpa do meu ataque e o escândalo na TPM, desta vez.Entrei no elevador e subi para a suíte. Ao entrar, arranquei as sandálias e as deixei jogadas ali mesmo na entrada. Minhas mãos foram depressa até o fecho da coleira na nuca e a tirei arremessando-a para longe sobre o sofá. A porta foi aberta e fechada em um estrondo alto atrás de mim. Virei-me assustada e vi Victor parar ali encarando-me em silêncio. Seus ombros estavam rígidos e inflados. Seu peito arfava alto com a respiração ofegante. Ele se aproximou a passos firmes e encurralou-me contra a parede co