MayaFazia sete dias que minha mãe só dormia, sem exibir nenhum reflexo. Outro médico agora era responsável pelo caso dela e assim como nós da família e nossos advogados, ele também achava bastante estranho que não tenha sido notado o inchaço no coração da minha mãe ou a diabetes descontrolada. O próprio acreditava ser negligência médica por parte do médico anterior e das três enfermeiras responsáveis por acompanhar minha mãe no último mês. Victor precisou voltar há dois dias para Houston, foi necessário por causa do seu trabalho que estava boa parte lá. Ele quis muito que eu fosse com ele, mas eu não podia deixar minha mãe e minha família. Todos os dias, tinha quinze minutos com ela na UTI e os aproveitava da melhor maneira. Lendo um capítulo do seu romance favorito: Guerra e Paz, de Tolstói.Meus dias estavam sendo cinzas e pesados, ainda mais depois que o médico nos disse que talvez ela nunca mais acordasse, ou acordasse hoje ou daqui a um mês, não dava para saber quando isso ia aco
MayaVictor saiu do quarto e eu sentei-me na cama. Eu queria ir com ele para Houston, mas minha consciência pesava em deixar minha família em um momento tão difícil.— Por que ainda está sentada? — perguntou Victor, parando na porta do quarto. — As malas já estão prontas? Porque elas não se arrumam sozinha — debochou, sentando-se ao meu lado.Arrumei minhas coisas e despedi-me de todos, principalmente da minha mãe, antes de voltar para Houston na manhã seguinte. Meu pai pediu gentilmente ao Victor que cuidasse bem de mim, já que ele não estava em plenas condições de fazer isso. Minha avó nos desejou uma boa viagem e disse que me ligaria todos os dias para dar notícias da minha mãe, mesmo que elas fossem as mesmas.Quando chegamos em Houston, Victor havia convidado Penny para passar uma tarde comigo em sua mansão. Ele sabia que eu estava morrendo de saudades dela e que também precisava da sua fiel amizade. Passamos o dia à beira da piscina e fazendo bagunça na cozinha, na tentativa de f
Maya— Não mandei você falar! — Bateu com força sua mão direita em minha coxa. — Tire a roupa! — mandou antes de sair do quarto.Despi-me deixando as peças jogadas ao chão, junto à parede e aproximei-me do balanço, tocando seu couro frio com as pontas dos dedos, admirando cada detalhe desde a linha da costura contínua, até marcas de textura do couro. Assustei-me com uma forte chicotada em minha bunda nua, causando ardência em minha pele. Virei-me para trás e encontrei um homem lindo de olhos verdes, completamente nu. Tive que me conter para não o tocar.— Sente-se! — mandou segurando uma das fitas que suspendia o balanço. Sentei-me e ele posicionou-se entre minhas pernas, agarrando meu punho esquerdo. — Vou prender seus punhos.Victor afivelou meus punhos separadamente em algema de couro, cravejadas por Spike prateados pontiagudos, para o alto e acima da minha cabeça. Estar assim era uma mistura de sensações que me recordou a noite na cruz. Senti-me vulnerável, mas isso era extremament
MayaDepois que me despedi do Victor, antes que ele partisse para sua viagem, senti-me com o coração já apertado de saudade. Penny chegou antes do almoço e trouxe com ela, guloseimas e filmes românticos para assistirmos durante toda a tarde. Quando a noite chegou, ela foi embora e fiquei só, deitada no quarto dele, agarrada ao seu travesseiro e sentindo seu cheiro.Já era tarde da noite, quando Victor me ligou. Nos falamos por poucos minutos e sempre tinha alguém no fundo da ligação, chamando por ele.O dia hoje estava quente e lindo, sem nenhuma nuvem no céu azul. Vesti um biquíni, passei bronzeador por todo o corpo e desci para a piscina. Fiquei toda a manhã por lá tomando sol sozinha, já que Penny ainda não havia dado as caras.Passava das duas da tarde quando ela finalmente chegou. Saímos para tomar um café no centro da cidade e depois pegamos uma sessão de cinema, de um filme de comédia que queríamos muito ver. Eram mais de sete da noite quando saímos de lá.Penny insistiu para qu
Maya— Ah, meu Deus! Está se ouvindo? Ele não é seu pai, que vai castigar você por fugir no meio da noite para ir a uma festa que só tem gente maior de idade. Vê se acorda, Maya! Ele tem sessenta anos, já se casou duas vezes, é rico e já transou com muito mais mulheres do que qualquer astro da NBA.— Penny...— Não! — gritou interrompendo-me. — Não vou deixar esse velho babaca estragar os melhores anos da sua vida, que são a faculdade. Vamos para a fraternidade nos arrumar e ir a esta festa, nem que seja escondido. Está me entendendo?— Estou.— Ótimo. Agora larga isso aqui... — pediu tomando a colher da minha mão. — se levanta e vamos embora.Sem pegar nada, além da minha bolsa, Noberto nos levou para a fraternidade, um pouco contra a sua vontade. Victor ainda não havia dado nenhum sinal de vida, o que me deixou ainda mais irritada. Penny emprestou-me uma saia curta de couro preto e uma blusa de tule branco, que mostrava bem meu sutiã de renda preta. Prontas, fomos para a festa fugind
MayaAcordei com a luz do sol batendo forte em meu rosto e deitada no chão acarpetado. Tentei abrir meus olhos, mas a claridade me cegou forçando a fechá-los outra vez. Um enjoo intenso subiu em minha garganta, eu apenas virei para o lado despejando tudo o que tinha em meu estômago. Fraca e sentindo meu corpo todo tremer, sentei-me ao chão e uma ressaca gigantesca bateu em mim, causando uma dor aguda em minha cabeça. Olhei para o lado e deitado no chão de um quarto estranho, estava o Nick, completamente nu. Olhei para o meu corpo desesperada e notei que também estava nua. Tentei levantar-me rápido, mas a fraqueza me jogou de volta no chão.— Vai com calma, gata. — disse ele com a voz rouca de sono. — A noite passada foi intensa — Sentou-se sorrindo para mim.— O que aconteceu? — perguntei tentando cobrir meu corpo com meus braços. — Você abusou de mim? — gritei assustada, recordando-me dos últimos segundos antes de apagar no banheiro.— Eu? Não — disse levantando-se. — Nós transamos. T
VictorDepois que falei com a Maya por telefone, pude sentir que ela havia ficado chateada pela forma como a tratei. Tinha certeza de que ela ouviu a voz da Margot chamando-me. Uma sensação ruim tomou conta do meu peito e soube imediatamente que era hora de voltar para casa, mesmo sendo antes da hora. Liguei para minha secretária e pedi que preparasse o jatinho para voltar o quanto antes a Houston. Disse que ligaria para ela quando amanhecesse nos Estados Unidos, mas achei melhor não, por dois simples motivos: primeiro, eu já estava a caminho de casa e logo mais nos encontraríamos. Segundo, sabia que ela me questionaria sobre a voz que ouviu me chamar de amor e não queria ter que lhe dar explicações por telefone, muito menos iniciar uma discussão.Quando o avião pousou em Houston, era pouco mais das duas da manhã de uma segunda-feira. Noberto aguardava por mim próximo ao carro, com uma feição preocupante no rosto. Nesse momento, meu coração disparou e pensei que algo ruim poderia ter a
VictorQuando escutei o barulho do seu salto ecoar no corredor depois da porta, no piso de madeira, soube que era ela quem estava chegando. Levantei-me da cadeira e virei de costas para a porta, virando o último gole do uísque. Não queria olhá-la agora. Sua voz soou trêmula e amedrontada atrás de mim, quando chamou por meu nome.— Eu mandei você sentar! — disse enfurecido, virando-me para ela. — Seu amor por mim é de arrepiar. Você some e eu fico louco atrás de você! — gritei, parando à sua frente. Ela encolheu seus ombros e olhou-me com um olhar assustado. — Onde você estava? — perguntei querendo ouvir da sua boca, mas ela permaneceu em silêncio, o que me deixou com ainda mais ódio. — Responda! — berrei agarrando seus braços com força, os apertando para machucá-la. Queria lhe causar dor física, seja como for, para que ela pudesse sentir na pele a dor que eu sentia por dentro. — Fale, sua vadia! Assume que estava sendo a puta que você é! Onde eu estava com minha cabeça quando me envolv