Sombras da Floresta
Sombras da Floresta
Por: Gabriel Kley
A cidade

A cidade de Earthcea era cituada em uma provincia de Quebec no canada e sua localidade é um pouco distante das outras cidades. A cidade era de porte médio e muito chuvosa, chovia pelo menos uma vez por semana e a neve que lá caia era branca como algodão. A cidade era cercada por uma densa floresta de pinheiros que a escondia completamente do mundo, porém ela era bastante conhecida por ser um lugar calmo para se morar. O centro de Earthcea era composto por lojas e restaurantes e no meio uma prefeitura, onde ficava o prefeito da cidade. Earthcea tinha apenas duas escolas, uma primaria e uma secundaria e lá estavam estudando todos os jovens da mesma.

Existia um ditado na cidade que dizia ‘‘ Podemos ter mar no nome e não ter mar perto de nós, porém temos um grande lago ‘‘. Não rima e nem tem uma boa sonoridade, mas funcionava para os turistas loucos que banhavam-se no grande rio mesmo com a região tendo uma das temperaturas mais baixas do canada. O rio era chamado de Emerald por sua cor verde sintilante e ele atravessava a floresta que Earthcea era banhada, ele vinha da montanha perto da cidade e passava cortando a única entrada que a cidade tinha, uma antiga estrada de asfalto.

Raphael Tristan acabou de completar dezoito anos de idade e se mudou para a cidade. Ele foi morar com sua avó em uma fazendinha nos arredores de Earthcea.

Dirigiu por três horas do centro de Quebec até chegar a entrada da cidade. A estrada era envolta de árvores e não se via nada dentro da densa floresta, só os pinheiros altos de sua fachada. Ao entrar na cidade ele virou a primeira direita seguindo uma pequena estrada velha de asfalto com alguns buracos e logo viu sua avó na estrada o esperando enfrente ao portão de madeira da grande casa. Ela o abre e faz sinal para que ele possa entrar e estacionar dentro do quintal da casa.

Raphael olhou para casa ao entrar pelo portão e lembrou-se de sua infãncia. Ele já havia morado lá quando pequeno com sua mãe Ana e seus avôs, mas por conta de um desintendimente entre eles, Ana o levou embora para o centro de Quebec para morarem sozinhos. Ele nunca conheceu seu pai, pois ele faleceu quando Raphael era pequeno. Após o recente falecimento de sua mãe, Raphael ficou sozinho e sem ampâro e por conta disso, foi morar com sua avó em Earthcea. A casa que ele morou por oito anos e se separou por dez voltava a ser a sua única moradia, porém totalmente diferente, de alguma forma.

Após estacionar o carro, Raphael saiu e deu um abraço em sua avó que o recebeu com um grande sorriso no rosto. Fazia anos que eles não se viam e a hora de matar a saudade havia chegado, mesmo nas condições que os dois estavam, um perdeu a mãe e a outra a filha.

– Rafa... Como você cresceu meu filho. – Disse sua avó Amelia enquanto o abraçava.

– Que saudade eu senti da senhora vó... É bom te ver. – Respondeu ele.

– Deixe me ajudar com as malas. – Disse ela já se abaixando para pegar as malas.

– Não precisa eu carrego.

– Então vamos entrar logo, está muito frio aqui fora.

Raphael então terminou de retirar todas as malas do carro e pões tudo em seus ombros. Enquanto caminhavam ele reparou em todo o quintal e o jardim da casa, que continuavam iguais desde que ele foi embora. As rosas que só existiam tinham naquela região eram brilhantes e bonitas, seu vermelho escarlate reluzia por conta da luz do sol nas gotas de orvalho e os lírios davam ainda mais cor ao jardim.

– Você e o vovô cuidam bem do jardim não é mesmo? – Disse ele.

– Como assim? – Respondeu Amelia.

– Como assim o que? Disse que vocês cuidam bem do jardim.

– Vocês? O meu amor seu avô faleceu tem quatro anos.

Raphael parou e a encarou. Não acreditou nas palavras de sua avó. Como assim seu avô havia falecido, isso não fazia sentido, como sua mãe nunca contou para ele?

– Minha mãe não me disse nada sobre isso! – Exclamou Raphael.

– Aah... Quando sua mãe se foi, ela cortou laços completamente conosco, eu nem soube para onde vocês foram, nunca pûde dizer que seu avô havia partido.

Raphael ficou parado no quintal, inconformado. Sua mãe sempre dizia que eles conversavam todos os fins de semana sobre como era a vida em Montreal e que algum dia iriam visita-los, mas era tudo mentira.

– Vamos filho, vamos entrar logo. – Disse sua avó.

Eles entraram na casa passando por uma grande varanda e adentrando pela porta branca. A casa tinha dois andares, o primeiro havia a cozinha, a sala, uma porta de entrada para o porão e uma para o fundo da casa e no segundo os quartos.

– Qual meu quarto vó? – Questionou ele olhando para o segundo andar.

– O mesmo de antes. – Respondeu ela.

Raphael subiu os degraus rangentes segurando suas bolsas até o segundo andar e passou pelo corredor até o último quarto a direita. Colocou suas bolsas na frente da porte e a abriu,  uma briza de poeira soprou em seu rosto. Estáva tudo lá, tudo que ele deixou a dez anos estáva nos mesmos locais, parados e cheios de poeira, como se nunca tivessem sido mexidos.

– Eu não mexi em nada. – Disse sua vó que tinha subido logo atrás.

– Mas porque vó? Por dez anos você nunca jogou nada fora?

– Seu avô e eu esperamos o retorno de vocês dois, esperamos por muito tempo. Seu avô se sentia culpado de mexer em algo. Ele foi o que mais esperou e no final não pôde ver seu neto voltar a está casa. Acabou que eu também não sentia certo em mexer e deixei parado. E o quarto foi acumulando poeira pelos dez anos... Eu vou descer e preparar a janta. Seja bem-vindo de volta filho. – Enquanto Amelia descia as escadas, ele viu que seus olhos estavam cheios de lágrimas.

– Obrigado vó. – Disse ele baixinho.

Ao entrar no quarto sentiu a maior nostalgia de sua vida, todas as memorias do passado vieram atona em sua mente, de quantas vezes ele brincou com seus amigos naquele quarto e uma memoria especifica veio forte em sua mente,

Quarta-feira, 14:40. 2007

Senhor, estamos ficando sem gasolina! – Disse  Thomas seu amigo de infância.

– Capitã Lia, o que faremos. – Disse Raphael.

– Parem o cara, precisamos descer! – Gritou Lia.

– Raphael o jantar está na mesa! – Gritou sua avó o trazendo de volta para o presente.

O tempo antigamente era muito bom e calmo pensou ele. Ter crescido foi a pior coisa que o aconteceu. Raphael não era um jovem religioso, mas o tanto de vezes que ele rezou para poder voltar no tempo e consertar tudo que foi quebrado, deus perdeu as contas. Ele olhou novamente para o quarto e deixou suas malas na porta. ‘‘ Limpo isso depois ‘‘, pensou ele e desceu para ver o que era o jantar.

Ao passar novamente pelo corredor do segundo andar notou na parede ao lado da porta de seu quarto algumas linhas desenhadas a lápis. Eram linhas que sua mãe fez, ela marcava todo ano a altura dele logo após seu aniversário. Era quase uma tradição, porém depois de partirem ela nunca mais o fez.

Ainda no corredor ele sente o cheiro da comida de sua avó, era um cheiro peculiar de alho e noz-moscada caracteristico de seu strogonoff e apertou seu passo, desceu as escadas quase correndo e lá estava na cozinha, uma panela cheia de strogonoff.

– Vó... Meu preferido! – Disse ele quase gritando.

– Eu sei... Pode comer bastante vamos, coma.

Os dois se sentaram a mesa para jantar.

– Pode comer tudo se quiser. – Disse sua avó. – Eu mesma nunca gostei. Só fazia por conta que sua mãe e você amavam.

– Obrigado vó... A sua comida sempre foi a melhor. – Disse ele enquanto devorava o prato.

Lá fora a chuva começou a cair e o telhado começou a ranger com o som das gotas pesadas que o atingiam. No jantar Raphael ficou imaginando como estariam seus amigos de infãncia, será que ainda estavam pela cidade?

– Vó, você sabe de algo sobre Lia e Thomas? – Indagou ele.

– A Lia está no colégio da cidade cursando o ensino médio.

– Ela ainda está por aqui é? E o Thomas?

– Meu filho... O Thomas faleceu tem dois anos, sinto muito por te contar isso...

– O Thomas morreu? Como assim vó? O que houve? – Raphael largou o garfo no prato.

– A polica encontrou seu corpo na floresta. Eles disseram que foi um ataque de urso, toda a cidade foi ao enterro. Foi horrível como aconteceu.

Raphael não podia acreditrar naquilo. Sua mãe havia morrido não tem nem um mês, ele se mudou para a cidade para um novo começo e descobriu que seu avô e um de seus melhores amigos havia morrido. Perdeu a fome na hora. Pediu licença para sua avó e disse que lavaria o prato mais tarde e logo subiu para seu quarto. Quando ele entrou começou a arrumar ele por inteiro, ele queria se acalmar e pensou que se arrumasse algo para fazer mudaria seu foco do que estava pensando. Em uma hora seu quarto estava tinindo de limpo e só o que restou foram seus brinquedos e roupas antigas guardadas no armário.

Ele se debruçou na janela e de lá dava para ver a cidade entre gostas da chuva que já estava passando. Não era tão longe, apenas cem metros de distancia e ela se ilimunava toda. Pareciam estrelas que ele não podia ver por conta do céu nublado. Enquanto debruçado, ele mexeu em seus antigos soldadinhos verdes de plástico que ficavam na janelaa e pensou novamente o quanto ele queria voltar a ter oito anos de idade. Assim ele poderia brincar com eles a noite inteira e na manhã seguinte o dia inteiro sem se preocupar com nada.

E ele se jogou na cama com as mesmas roupas, estava dolorido do dia cansativo que teve e tentou dormir logo. A noite não foi fácil para ele. Acordava a todo momento entre pesadelos, ou, um único pesadelo, era o mesmo e foi o único a noite toda repeditamente.

Ele acordava na cama dele, mas não no quarto e sim no meio da floresta, só o que via eram os pinheiros a sua volta e atrás deles uma escuridão total. Ele levantou da cama que estava no meio da floresta e começou a caminhar pela mesma, estava vestindo a mesma roupa, porém descalço. O caminhar pela floresta doía, seus pés quebravam galhos pelo caminho, ele caminhou pelo que pareceu uma eternidade até chegar em frente a uma cabana. No seu ouvido zumbia o som das corujas nas árvores e sua respiração ecoava. A cabana era feita de madeira escura, como a dos pinheiros a sua volta, ela tinha uma chaminé, duas janelas quebradas e uma entrada sem porta. Enquanto ele observava a cabana, da chaminé começou a sair uma fumaça escura que se mesclava com a noite e desaparecia nas copas das árvores. Na porta começou a fluir uma névoa cinza como da fumaça de um fogo, que logo já havia inundado seus pés e o chão de toda a floresta. Da janela, um par de olhos brilhantes o obeservava. Pela altura dos olhos a pessoa deveria ter pelo menos um metro e deznta, os olhos o encararam enquanto a névoa começava a subir até sua cintura e cada vez mais ela subia até atingir seu pescoço. Ele estava imóvel, vidrado nos olhos como se a névoa o segura-se para ele poder ver. Quando a névoa chegou a seu pescoço os olhos na janela piscaram três vezes, na terceira eles desapareceram da janela e reapareceram no topo da entrada. Agora a ‘‘ criatura ‘‘ parecia ter pelo menos dois metros e aparentava se mexer em sua direção. Duas sombras referentes aos braços atravessaram a porta como se estivesse com dificuldade para passar e os dois olhos brilhantes subiram acima da casa. Agora ele parecia ter três metros, uma criatura coberta por um manto escuro, como o céu norturno, que o fazia confundir se estava olhando para ela ou para o escuro da noite. Ao olhar parecia que sua mente e seus olhos eram levados até ela, como se caisse em um abismo ou fosse sugado por um buraco negro. Ela começou a se abaixar como se estivesse agachando e entrou completamente na nevóa. A nevóa balançava como água para la e para cá, como se a criatura estivesse nadando nela, então a névoa cobriu por completo a cabeça de Raphael o fazendo mergulhar. Dentro dela ele não via nada,  nem sua mãos próprias mãos, somente a névoa, mas um som o chamou atenção, um grunido de porco resoou atrás de sua cabeça, quando se virou a criatura estava o encarando a milimetros de seu rosto, apenas o olhando, vidrada nele. Ela abriu a boca e dela saiu o som mais estridente que Raphael já ouviu, junto com algumas palavras que a mesma tentava proferir.

‘‘ ENTÃO VOCÊ VOLTOU MEU PEQUENO BEZERRO!? PARA O ABATE! ‘‘

Ao terminar de ‘‘ falar ‘‘ piscou mais três vezes, na terceira o fez acordar. Realmente, a noite não foi fácil para ele.

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