Quem de nós nunca ficou cara a cara a solidão em algum momento nossas vidas? SOLIDÃO é a história um homem sem sorte no amor que deu tudo de si para viver o casamento ao lado da mulher de seus sonhos e, após fracassar várias vezes perde tudo o que possui, empobrece, terminando numa favela, cercado de extrema miséria, traficantes, viciados e ébrios. Por fim, arrisca amar mais uma vez e acaba entrando ainda mais pro fundo do poço emocional."
Ler maisHoje completa noventa dias que não bebo nenhum tipo de bebida alcóolica, não tem sido fácil resistir a constante vontade que sinto a de voltar a me afogar na embriaguez, mas tenho conseguido ser forte e resistir à tentação. Preciso alcançar meu propósito que é recuperar o mais breve possível minha forma física, afim de retorna naquele antro de prostituição e pedir revanche àquela infeliz que zombou de mim na cama. Não vejo a hora de ter a chance de invadir outra vez aquele corpo quente e sentir ele vibrar por dentro, só que com mais tesão para não fazer feio novamente. Nem gosto de pensar naquele momento ridículo que passei, caí no primeiro round e não consegui mais me levantar, fui nocauteado bem antes de desferir na adversária um único golpe certeiro. Fiz papel de bobo por não ter parado antes para analisar melhor minha atual situação. Como encarar uma mulher como aquela na cama depois de ter ficado anos só na masturbação? Sim, é a mais pura verdade, desde qu
Essa manhã acordei mais lúcido, tranquilo e satisfeito comigo mesmo, me sentindo de bem com a vida e com uma vontade imensa de sair por aí para desparecer um pouco. O que será que está acontecendo, será que ainda é resultado da repentina mudança que veio sobre mim naquele final de semana, quando fui ao aniversário da Priscila, aquele monumento da neta de Dona Vera? Acredito que sim, desde aquela noite passei a me sentir diferente. Bem menos estressado e com uma visão melhor da vida e de tudo ao meu redor. Cogitei até em correr o risco de me apaixonar novamente. Ora, vejam só, quem diria que eu pudesse voltar a pensar em tal coisa. É maravilhoso, quando estamos em paz com nosso eu interior, passamos a encontrar motivos para viver e buscar a felicidade sem pessimismo e voltamos a acreditar em dias melhores. Pretendo continuar com esse otimismo, pois ele me faz bem ― Nossa, o sol está quentíssimo e no céu nem uma nuvem carregada de água! — Isso po
Alguém bate minha porta, quem pode ser a esta hora? Bem, melhor atender com cautela, afinal, aqui a morte anda rondando as casas e cambaleando pelas ruas atrás de quem possa tragar. Batem na porta, quem será?― Pois não, Boa noite― Boa noite, vizinho, me mandaram lhe entregar isso.― Certo, obrigado.É o “Diabo Louro”, um moleque aqui da rua. O chamam assim por aqui, devido o cabelo queimado pelo sol. O Praga tem a pele escura e os cabelos amarelados. Onde já se viu isso, um negro loiro? Só pode mesmo ser chamado de diabo. Me trouxe um envelope, parece ter um cartão dentro, melhor abrir — Mas que droga é essa, um convite? — Ora mais essa, desde quando me convidam para alguma coisa por aqui? Deixe-me ver, aqui diz que estou sendo convidado para uma festa de quinze anos. E que será amanhã na residência de dona Vera. Mas que gra
Misericórdia, meu Deus, onde vamos parar desse jeito? Todos os caminhoneiros do país entraram em greve por tempo indeterminado, eles reivindicam a retirada dos pesados impostos colocados pelo governo sobre a categoria ou contrário permanecerão de braços cruzados. Como dificilmente assisto televisão estava completamente alheio ao que está acontecendo fora desse maldito bairro. Já está no segundo dia de greve e a nação inteira já começa a sentir os reflexos negativos da ausência da atuação destes profissionais. As vezes menosprezamos essa classe de trabalhadores, mas é nessa hora que vemos a grande importância que eles têm para o perfeito funcionamento comercial do país inteiro. Os noticiários não falam de outra coisa. Começou a faltar de tudo nas feiras, centro de distribuições e também nos supermercados. Os postos de combustíveis estão zerando seus estoques e em poucas horas os veículos deixarão de circular. As filas já são imensas a procura de gasolina
É tanta tristeza, incomodando minha alma cansada de correr atrás de paz e descanso. São tantas desilusões, fracassos, resultados negativos de uma busca sem êxito. Meus dias são eternas horas de sofrimentos e descontentamentos, me sinto sem forças de acreditar num futuro melhor.Pareço como quem a muito tempo já está morto, mas insiste em andar meio aos viventes, mesmo sem vida. Sou igual a uma árvore seca, sem raízes, folhas e frutos. Sou semelhante a uma palha que queima e em cinzas se transforma, soprada em seguida pelos fortes ventos que surgem dos quatro cantos da terra.Lançando ao ar todas as minhas pequenas partículas quase imperceptíveis. Sinto um nó na garganta, um aperto no peito e um gosto amargo na boca. Esse jeito solitário de viver está me matando aos poucos como se fosse um câncer nos meus ossos. Meu sangue circ
Mas, que se danem todos esses fanáticos idiotas, quem manda não buscar conhecer melhor o Deus que dizem servir? Preciso mesmo é pensar nessa situação caótica na qual me encontro, sozinho neste quarto escuro. Não suporto a luz nos meus olhos cansados de tanto olhar para o nada que insiste em permanecer parado diante de mim como uma falsa miragem. Não sei se mereço ou não passar por toda esta depressão. Diante disso só entendo que nasci para sofrer a rejeição de todos que amo. O pior é que amei tantas vezes e pouco fui amado, terrível tem sido o resultado de meus esforços em tentar me realizar no amor. Quantos casais não estão juntinhos em suas camas neste momento, curtindo um ao outro, sentindo o calor de seus corpos que se aquecem mutuamente, aumentando o fogo da paixão que lhes une? Nesta madrugada gelada sou forçado a suportar como posso a ideia de que não tenho sorte, minha sina é mesmo o total isolamento. Estou deprimido, amargurado ao extremo, meu co
Entre estas quatro paredes pintadas de azul celeste, sentado num piso de madeira grosseira e ensebado pela permanente falta de limpeza, apesar de existir ao lado uma poltrona de couro curtido, daquelas que os bacanas exibem nas suas amplas salas de visitas, bem pouco confortável. Foi comprada numa loja de usados semanas atrás, coisa de pobre. Não ligo, estou pouco me importando. Só penso em tirar a própria vida, mas sou tão covarde que sequer tenho coragem de executar tamanha façanha. Desliguei a lâmpada do bocal de plástico preto, típico de quem não tem condições de pendurar no teto um bom lustre. Ou sequer um forro decente para evitar a sujeira causada pela poeira caída das telhas de barro. Essas drogas vivem repletas de teias de aranhas, espalhadas como uma praga por todo o ambiente. É uma verdadeira nojeira. Neste quarto escuro de apenas oito metros quadrados, torna-se difícil definir se é dia ou noite lá fora. Ouço apenas o som das músicas tocadas nos bares das