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Sob o Véu da Traição
Sob o Véu da Traição
Por: Kah_liimaaa
O Início da Perfeição

Serenità era mais do que uma cidade pequena e charmosa; era um santuário de histórias que pareciam ter saído de um romance. Com suas ruas de paralelepípedo ladeadas por flores coloridas, os cafés aconchegantes e os jardins que exalavam o perfume suave de rosas e jasmim, o lugar parecia existir para acolher amores e sonhos. Naquele final de tarde, a brisa suave trazia consigo uma promessa de celebração.

Laura, uma mulher de 28 anos, estava no jardim de sua casa, finalizando os preparativos para a festa surpresa de Gabriel, seu marido. Cada detalhe tinha sido cuidadosamente pensado: as luzes penduradas nos galhos das árvores, as mesas decoradas com toalhas de linho branco e arranjos florais feitos por ela mesma, e as velas dispostas em lanternas de vidro, que piscavam suavemente enquanto o crepúsculo se aproximava. Ela acreditava que o amor estava nos detalhes, e queria que Gabriel sentisse isso em cada canto daquela noite.

Enquanto ajustava os últimos toques, Laura olhou para o relógio com uma mistura de ansiedade e excitação. Gabriel estava prestes a chegar. Ele era o tipo de homem que exalava carisma sem esforço. Seus olhos azuis, que pareciam guardar segredos do oceano, eram o que mais atraíam as pessoas. Mas para Laura, o que o tornava especial era o modo como ele fazia com que ela se sentisse. Quando estavam juntos, ela sentia que era invencível, como se nada pudesse abalá-los.

Quando Gabriel finalmente chegou, a surpresa em seu rosto era genuína. Ele sorriu de um jeito que iluminou todo o ambiente, seus olhos brilhando ao ver os amigos e familiares reunidos para celebrar seu aniversário.

— Você fez tudo isso para mim? — ele perguntou, puxando Laura para um abraço caloroso.

— Sempre. — respondeu ela, sorrindo.

Gabriel caminhou pelo jardim, cumprimentando os convidados com sua energia contagiante. Ele parecia pertencer àquele cenário, como se cada elemento da festa tivesse sido criado para destacá-lo. Laura o observava de longe, admirando a forma como ele se movia, como ele era generoso com suas palavras e gestos.

Foi então que Clara chegou. Ela era uma amiga de longa data de Laura, mas sua presença sempre vinha com um ar de inquietação. Clara era o oposto de Laura em muitos aspectos: ousada, confiante e muitas vezes exageradamente sedutora. Naquela noite, ela usava um vestido vermelho que abraçava suas curvas de forma provocante, destacando-a no meio dos outros convidados. Seus lábios estavam pintados em um tom escarlate que combinava com o vestido, e seus olhos brilhavam de maneira que Laura não sabia se era admiração ou desafio.

— Laura, querida! — disse Clara, abraçando-a de forma um pouco exagerada. — Você superou todas as expectativas. Essa festa está incrível, mas não é surpresa vindo de você.

Embora suas palavras soassem como elogios, havia algo em seu tom que deixou Laura desconfortável. Clara sempre tinha essa habilidade de dizer coisas que pareciam inocentes, mas carregavam uma ponta de provocação.

Clara se aproximou de Gabriel com um sorriso largo.

— E aí está o aniversariante! Você está cada vez mais charmoso, Gabriel. Laura tem muita sorte, sabia?

Gabriel riu de forma educada, mas desviou o olhar rapidamente, algo que Laura notou de longe. A cena foi breve, mas deixou uma sensação estranha no ar, como um aviso silencioso que Laura tentou ignorar.

Durante a festa, Laura subiu ao pequeno palco que havia montado para fazer um discurso. Com um copo de champanhe na mão, ela olhou para Gabriel, que estava rodeado por amigos, mas cuja atenção estava totalmente voltada para ela.

— Quero agradecer a todos por estarem aqui hoje para celebrar o aniversário do meu marido, Gabriel. Ele é a pessoa que me inspira todos os dias, que me faz acreditar no amor e na força da parceria. Gabriel, você é meu porto seguro, minha aventura, meu tudo.

Os convidados aplaudiram enquanto Laura descia do palco, emocionada. Quando ela se aproximou de Gabriel para beijá-lo, notou Clara ao fundo, segurando sua taça de vinho com uma força que parecia prestes a quebrá-la. Clara virou o rosto no momento em que os lábios de Laura tocaram os de Gabriel, e um sorriso duro se formou em seu rosto.

Enquanto a noite avançava, Laura notou que Clara parecia estar sempre onde Gabriel estava. Seja rindo de suas piadas, tocando levemente em seu braço enquanto falava, ou lançando olhares que duravam um pouco mais do que o necessário. Gabriel, por outro lado, parecia alheio à intensidade de Clara. Para ele, tudo era uma interação casual e sem importância. Mas para Laura, cada gesto era uma pequena faca que cortava sua confiança.

No final da festa, enquanto os últimos convidados se despediam, Laura e Gabriel ficaram sozinhos no jardim. Ele a abraçou por trás, descansando o queixo em seu ombro.

— Você é incrível, sabia? Essa foi a melhor festa que eu já tive.

Laura sorriu, mas algo em seu peito parecia pesado.

— Eu só queria que você soubesse o quanto você é importante para mim, Gabriel.

Ele virou-a para encará-la, seus olhos azuis fixos nos dela.

— Eu sei, Laura. E eu sinto o mesmo.

Ela quis acreditar nele, quis deixar de lado as inseguranças que Clara havia plantado sem dizer uma única palavra direta. Mas o silêncio da noite parecia sussurrar verdades que Laura não estava pronta para ouvir.

Enquanto eles entravam na casa, Clara, ainda no carro estacionado do outro lado da rua, observava. Seus olhos estavam sombrios, e um sorriso frio dançava em seus lábios. Ela sabia exatamente o que estava fazendo.

A perfeição de Serenità começava a mostrar suas falhas, e Laura mal sabia que aquela festa, que deveria ser um símbolo de amor e união, seria o início de algo muito mais sombrio.

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