O vento cortava a noite enquanto Laura e Samuel corriam pela estrada deserta, ainda sentindo a adrenalina da fuga. As luzes do armazém haviam ficado para trás, mas eles sabiam que Marcelo não desistiria tão facilmente.Samuel olhou para Laura, que ainda segurava o celular com a tela acesa. A mensagem desconhecida piscava diante deles como um alerta silencioso.— Quem enviou isso? — Samuel perguntou, mantendo a voz baixa enquanto continuavam se movendo.— Não faço ideia. — Laura respondeu, sua mente trabalhando rápido. — Mas quem quer que seja, sabe mais do que deveria.Ela digitou rapidamente uma resposta: "Quem é você?"Os segundos pareciam se arrastar até que uma nova mensagem chegou."Não há tempo para perguntas. Eles já sabem a sua rota."Samuel apertou o passo, seu olhar escaneando o caminho à frente.— Se isso for verdade, precisamos mudar de direção agora.Laura assentiu, tomando uma decisão rápida.— Vamos sair da estrada e cortar caminho pela mata.Samuel hesitou por um segun
O silêncio dentro da cabana era quase sufocante. A única luz vinha de um lampião pendurado no canto, lançando sombras que dançavam nas paredes de madeira envelhecida. Laura e Samuel estavam parados na porta, os olhos fixos na mulher que havia se apresentado como Helena.Ela parecia tranquila, mas havia uma intensidade em seu olhar que fazia Laura manter a guarda alta.— Como sabemos que podemos confiar em você? — Samuel quebrou o silêncio, a voz firme, mas cautelosa.Helena sorriu levemente, cruzando os braços.— Se eu quisesse entregá-los para Marcelo, vocês já estariam nas mãos dele.Laura manteve o olhar fixo nela, tentando decifrar suas intenções.— Como você sabe tanto sobre nós? Sobre o que está acontecendo?Helena deu um passo à frente, mas manteve uma distância segura.— Porque já estive exatamente onde vocês estão. Marcelo me enganou, como fez com vocês. Mas eu consegui sair antes que fosse tarde demais.Samuel franziu a testa.— Você trabalhou com ele?— Por um tempo. — Hele
O silêncio que se seguiu ao envio dos dados foi quase ensurdecedor. Laura ainda segurava o celular, o dedo pressionando o botão que acabara de expor todas as provas contra Marcelo para o mundo. Ela sentiu o coração acelerar, não de medo, mas de alívio. Finalmente, o que haviam lutado tanto para alcançar estava feito.Mas o olhar de Marcelo não refletia derrota. Pelo contrário, seus olhos brilhavam com uma fúria contida, misturada a algo mais perigoso: um plano que ainda não havia sido revelado.— Vocês acham que venceram? — Marcelo quebrou o silêncio, sua voz baixa, mas carregada de ameaça. — Acreditam que a verdade basta para derrubar alguém como eu?Samuel deu um passo à frente, a expressão dura.— A verdade sempre encontra um jeito. Você não pode controlar tudo.Marcelo riu suavemente, balançando a cabeça como se estivesse ouvindo uma piada.— Vocês realmente não entendem como o mundo funciona. Não é a verdade que importa. É quem a controla.Laura manteve o olhar firme em Marcelo,
O silêncio pairava no prédio abandonado enquanto Laura, Samuel e Helena tentavam processar os próximos passos. As provas contra Marcelo estavam expostas, mas isso não significava que ele havia sido derrotado. Pelo contrário, agora ele estava encurralado — e um inimigo encurralado era o mais perigoso de todos.Laura olhava para a tela do celular, esperando qualquer sinal de Gabriel. Ele ainda estava desaparecido, e a incerteza corroía seu peito.— Precisamos encontrá-lo. — A voz dela soou firme, mas carregada de preocupação.Samuel cruzou os braços, seu semblante sério.— Concordo. Mas temos que ser inteligentes. Marcelo está nos caçando agora mais do que nunca.Helena olhou para ambos antes de se levantar.— E se não formos nós a procurá-lo?Laura franziu a testa.— O que quer dizer?Helena pegou um laptop de sua mochila e o abriu sobre uma mesa empoeirada.— Se Marcelo ainda tem Gabriel, ele precisa mantê-lo em um lugar seguro, longe dos holofotes. Agora que a polícia está no encalço
O tempo parecia ter parado. O som distante das sirenes, os passos apressados dos homens de Marcelo e o leve zumbido da eletricidade remanescente no armazém tornavam a cena ainda mais tensa.Laura, Samuel e Gabriel estavam de frente para Marcelo, que mantinha a arma apontada para eles. Seu olhar não era de um homem derrotado — era de alguém que ainda acreditava ter o controle.— Vocês vieram até aqui acreditando que tudo terminaria com a exposição das provas. — Marcelo começou, sua voz fria e calculada. — Mas se tem algo que aprendi ao longo dos anos, é que sempre há uma maneira de virar o jogo.Laura deu um passo à frente, mantendo a postura firme.— O jogo já acabou para você, Marcelo. Você perdeu.Marcelo riu suavemente, balançando a cabeça.— Perdi? Então por que sou eu quem está com a arma?Samuel olhou para os lados, analisando suas opções. Helena estava lá fora, tentando manter os sistemas fora do ar, mas eles precisavam de algo mais para sair dali.— Se fosse tão simples assim,
Serenità era mais do que uma cidade pequena e charmosa; era um santuário de histórias que pareciam ter saído de um romance. Com suas ruas de paralelepípedo ladeadas por flores coloridas, os cafés aconchegantes e os jardins que exalavam o perfume suave de rosas e jasmim, o lugar parecia existir para acolher amores e sonhos. Naquele final de tarde, a brisa suave trazia consigo uma promessa de celebração. Laura, uma mulher de 28 anos, estava no jardim de sua casa, finalizando os preparativos para a festa surpresa de Gabriel, seu marido. Cada detalhe tinha sido cuidadosamente pensado: as luzes penduradas nos galhos das árvores, as mesas decoradas com toalhas de linho branco e arranjos florais feitos por ela mesma, e as velas dispostas em lanternas de vidro, que piscavam suavemente enquanto o crepúsculo se aproximava. Ela acreditava que o amor estava nos detalhes, e queria que Gabriel sentisse isso em cada canto daquela noite. Enquanto ajustava os últimos toques, Laura olhou para o relóg
Clara sempre foi uma presença intrigante na vida de Laura. Amigas desde os tempos da faculdade, suas personalidades contrastantes haviam criado uma amizade improvável. Clara era o espírito livre, ousada e destemida, enquanto Laura representava estabilidade, doçura e um otimismo que cativava todos ao seu redor. Mas, por trás do sorriso encantador de Clara, havia um vazio que nem mesmo suas aventuras e conquistas podiam preencher.Na manhã seguinte à festa, Clara sentava-se em frente ao espelho em seu apartamento, relembrando os acontecimentos da noite anterior. O jeito como Gabriel ria de suas piadas, a proximidade ocasional quando ele se inclinava para ouvi-la em meio ao barulho da música, tudo isso alimentava um desejo que ela há muito tempo tentava sufocar. Clara não desejava apenas Gabriel; ela desejava aquilo que ele representava: estabilidade, segurança e o tipo de amor que ela nunca conheceu.Enquanto Clara revivia mentalmente cada detalhe, Laura estava em casa preparando o café
O céu de Serenità estava pintado com tons de laranja e rosa, prenunciando o cair da tarde. A cidade parecia perpetuamente mergulhada em uma tranquilidade de sonhos, mas, no apartamento de Clara, o contraste era evidente. Sentada em sua poltrona de veludo vinho, ela observava a paisagem pela janela enquanto girava lentamente uma taça de vinho tinto na mão. Seus pensamentos não eram serenos como o cenário; pelo contrário, estavam tomados por uma tempestade de intenções que se desenrolava com precisão. Gabriel. O nome ecoava em sua mente como uma melodia obsessiva, um chamado ao mesmo tempo doce e corrosivo. Clara não queria apenas Gabriel. Queria o que ele representava: a estabilidade, a atenção, o carinho que ela nunca acreditou que Laura merecesse. Por anos, assistiu à felicidade do casal de longe, ruminando ressentimentos que cresciam como ervas daninhas. Agora, estava decidida a agir. Não seria mais espectadora da perfeição alheia. No dia seguinte, Clara apareceu inesperadamente n