Malu— Que droga, Pardal! Educação mandou lembranças. — instintivamente, puxo a toalha pendurada no box, colocando na frente do meu corpo.— Educação, minha pica, rapá! Deixa de se fazer, que tu é minha mulher e eu já vi tudo aí. Por que tu pediu ao Perigo pra buscar tua moto? Aconteceu alguma coisa contigo? Algum pau no cu mexeu com você? — vejo-o mexer na cintura, como se fosse pegar a arma.Não que seja alguma novidade para mim, já que ele está acostumado a resolver tudo na base do tiro ou da porrada.— Para de palhaçada, Pardal! Ninguém mexeu comigo, não. — enrolo a toalha no corpo e espremo os cabelos, retirando o excesso de água.— Desculpa, Malu, eu tentei impedir esse troglodita de entrar aqui, mas você o conhece bem, ele só faz o que quer. — dona Suzana se explica, parada na porta do banheiro.— Não se preocupe, sei bem de quem eu era mulher. — enfatizo, para ele saber que não sou mais nada dele.— Era, meu ovo — mexe no pênis, o balançando sob a bermuda — Tu sempre vai ser m
PardalDepois daquele dia em que eu fiz merda com a Malu e ela passou pela porta da minha casa a fora, levando nosso moleque consigo, tudo mudou. Sei lá, os dias pareceram passar mais lentamente, me fazendo perceber a falta que aqueles dois faziam em minha vida. Eu sabia, tinha noção da merda que tinha feito e isso já não era mais novidade em minha mente, mas, mesmo não sendo algo certo usar meus traumas para me justificar, para justificar todas as atitudes do cretino que sou, isso ainda mexe demais comigo.Só uma pessoa com a mente fodida igual a mim, entenderia. Diversas vezes, após chegar em minha goma, depois de um dia estressante, resolvendo os B.O da minha tropa, batia um arrependimento do caralho pelas coisas que eu fiz. Passei até a dormir no sofá, porque entrar no que costumava ser o nosso quarto me fazia lembrar dela, e a saudade se tornou algo inevitável pra porra. Nos primeiros dias, eu até tentei deitar na cama, mas o cheiro dela estava impregnado em tudo ali, era ruim
MaluO convite do Pardal veio de forma repentina, eu queria negar, até pensei em dizer que iria para a faculdade, mas seria uma grande desculpa esfarrapada, porque eu estava de atestado e não iria naquela noite e o fato de ele saber que passei mal, não me ajudaria em nada.As palavras saídas dos lábios dele foram muito bonitas e extremamente encantadoras, mas a verdade é que eu não confiava mais nele e nem sei se um dia voltaria a confiar. Ele tem sido um pai excelente para o Rael, mesmo nós dois não estando mais juntos, mas eu temia muito pela vida do meu filho, caso aceitasse a proposta dele e voltasse para sua casa. Eu o amo e me sinto dividida. Por um lado, todo ser humano merece uma segunda chance — no caso do Pardal, seria a terceira ou quarta — e, talvez, com ele não fosse diferente. Por outro, o medo que eu sentia de que tudo fosse exatamente como antes, ou até pior, me massacrava por dentro.Senti sinceridade nas palavras dele, enquanto estávamos naquela colina e, por um ins
MaluSemanas depois…Eu sabia que tudo poderia mudar, e que meu marido, provavelmente, não conseguiria manter sua palavra de fazer tudo diferente dessa vez, mas eu ao menos esperava que, caso algo viesse a acontecer, levasse um bom tempo. Esperava que conseguíssemos viver uma relação bonita e estável, porém, não foi isso que aconteceu…Na primeira semana, logo quando eu retornei para nossa casa, ele foi super atencioso, do jeito dele, mas foi. Nem parecia o mesmo homem, mas os dias foram passando e ele começou a chegar em casa transtornado outra vez, mesmo não tocando um dedo em mim, aquilo mexia demais comigo, eu sentia um medo absurdo. Até já tinha pensado em contar a ele sobre a gravidez, contudo, essas atitudes dele me fizeram repensar e esperar mais um tempo, até ter certeza do que viria a seguir.Minha sorte foi que minha barriga ainda não havia começado a dar sinal.Em uma noite, quando meu marido chegou da boca, eu estava no quarto, colocando o Rael para dormir, ouvi o que par
MaluA pergunta da Maju me pega completamente de surpresa, quer dizer, eu já tinha percebido que ela estava me encarando demais, desde o momento em que nos vimos aqui no baile, mas tentei ignorar ou pensar que poderia ser a respeito de outra coisa. Achei que a maquiagem que fiz tivesse sido suficiente para esconder essa marca, mas pelo visto, me enganei.— Foi. — respondo, evitando olhar para o Pardal, que não tira os olhos de mim, mesmo estando com os soldados de sua tropa e os da Rocinha.— A queda foi feia, né? Tá até com essas mangas aí pra esconder as marcas. — enquanto ela me questiona, como se isso fosse um interrogatório, a Maju não para de encarar o Pardal.Sinto um medo terrível de que meu marido arrume uma confusão aqui por causa disso.— Tá falando o quê, hein? — Pardal a indaga.— Só tava tirando algumas conclusões, mas a sua reação já confirmou as minhas suspeitas. — o jeito da Maju de peitar ele, começa a me amedrontar ainda mais.— Cuida da tua vida, porra! — ele a res
Malu— Anh... Você promete guardar esse segredo com a sua vida? — Óbvio, né. Que pergunta mais idiota. — responde impaciente.— Eu não sei como te falar isso, Ys — torço os lábios — Eu estou... Grávida.Ela paralisa com os lábios entreabertos, mas não diz nada. Fica olhando para o nada por um instante, depois volta a olhar para mim.— Espera, que agora quem precisa sentar sou eu. — diz, meio desnorteada, sentando no banco ao meu lado.Yasmin chama o barman, pede uma tequila, a entornando goela abaixo e eu acabo rindo de sua reação, porque era eu quem deveria estar assim. Então, olha para minha barriga e depois para meu rosto.— Isso é sério? — pergunta após repousar o copo no balcão.— Muito. Jamais brincaria com isso.— Caraca, mano! Eu vou ser tia? — noto um entusiasmo em sua voz.— Sim. — Você não parece estar feliz. O Pardal não reagiu bem? — Ele não sabe. — Como assim? Porque está escondendo, Malu? Aliás, de quantos meses tu tá? — sei que ela está preocupada.— Quando descobr
MaluAssim que meu marido se afastou, mesmo com o coração dilacerado, peguei somente um pijama e corri o mais rápido que pude para o quarto do Rael. Não, eu não poderia permitir que, mais uma vez, ele tentasse me convencer com suas palavras bonitas e cheias de mansidão, porque isso é apenas algo momentâneo. Assim como eu afirmei a ele, o amo, sim, mas me amo em primeiro lugar.Por muito tempo, esqueci disso, priorizei o que não deveria ter sido priorizado, abdiquei de mim mesma e da minha vida para viver com ele e para ele. Porém, isso acaba aqui e agora. Já chega! Chega de me machucar e me permitir ser machucada. Chega de sofrer nas mãos de uma pessoa que pensa saber o que é amor, quando, na verdade, não faz nem ideia.Assim que chego ao quarto do meu filho, bato a porta e tranco, evitando assim, que o Pardal tente vir até mim e eu sei que ele vai fazer isso. Fico alguns minutos encostada na porta, chorando, deixando as lágrimas levarem consigo toda minha dor e angústia. Escorrego e,
MaluDias depois…— Já vai sair? — lhe pergunto, ao abrir os olhos, pela manhã.— Tenho que colar lá na boca, os cu azul tão ameaçando invadir e já deram voz aos menor. — responde, colocando a glock na cintura e fumando um cigarro de maconha entre os dedos.Ele só costuma fazer isso quando está nervoso.— Não vai assim, Samuel, pelo amor de Deus! — sento na cama, suplicando, sentindo um aperto no peito — É perigoso.— Se liga, mina, nunca fui de me esconder e não vai ser agora que vou passar a fazer isso. Meu negócio é dar a cara pra bater, sacô? Tentei fazer um trato com eles, mas com aqueles pau no cu não tem conversinha, é molhar a mão ou invadir mermo. Esses tempo, nós não pôde ir pro asfalto resolver essa parada, porque tenho problemas maiores agora com a investigação do corpo que encontraram em meu carro.Presto atenção em cada palavra dele.— Então, se não tem conversa, só me resta preparar minha tropa pra o pior, tá ligada? Não posso vacilar, senão, só vai ter os presunto espa