MaluA pergunta da Maju me pega completamente de surpresa, quer dizer, eu já tinha percebido que ela estava me encarando demais, desde o momento em que nos vimos aqui no baile, mas tentei ignorar ou pensar que poderia ser a respeito de outra coisa. Achei que a maquiagem que fiz tivesse sido suficiente para esconder essa marca, mas pelo visto, me enganei.— Foi. — respondo, evitando olhar para o Pardal, que não tira os olhos de mim, mesmo estando com os soldados de sua tropa e os da Rocinha.— A queda foi feia, né? Tá até com essas mangas aí pra esconder as marcas. — enquanto ela me questiona, como se isso fosse um interrogatório, a Maju não para de encarar o Pardal.Sinto um medo terrível de que meu marido arrume uma confusão aqui por causa disso.— Tá falando o quê, hein? — Pardal a indaga.— Só tava tirando algumas conclusões, mas a sua reação já confirmou as minhas suspeitas. — o jeito da Maju de peitar ele, começa a me amedrontar ainda mais.— Cuida da tua vida, porra! — ele a res
Malu— Anh... Você promete guardar esse segredo com a sua vida? — Óbvio, né. Que pergunta mais idiota. — responde impaciente.— Eu não sei como te falar isso, Ys — torço os lábios — Eu estou... Grávida.Ela paralisa com os lábios entreabertos, mas não diz nada. Fica olhando para o nada por um instante, depois volta a olhar para mim.— Espera, que agora quem precisa sentar sou eu. — diz, meio desnorteada, sentando no banco ao meu lado.Yasmin chama o barman, pede uma tequila, a entornando goela abaixo e eu acabo rindo de sua reação, porque era eu quem deveria estar assim. Então, olha para minha barriga e depois para meu rosto.— Isso é sério? — pergunta após repousar o copo no balcão.— Muito. Jamais brincaria com isso.— Caraca, mano! Eu vou ser tia? — noto um entusiasmo em sua voz.— Sim. — Você não parece estar feliz. O Pardal não reagiu bem? — Ele não sabe. — Como assim? Porque está escondendo, Malu? Aliás, de quantos meses tu tá? — sei que ela está preocupada.— Quando descobr
MaluAssim que meu marido se afastou, mesmo com o coração dilacerado, peguei somente um pijama e corri o mais rápido que pude para o quarto do Rael. Não, eu não poderia permitir que, mais uma vez, ele tentasse me convencer com suas palavras bonitas e cheias de mansidão, porque isso é apenas algo momentâneo. Assim como eu afirmei a ele, o amo, sim, mas me amo em primeiro lugar.Por muito tempo, esqueci disso, priorizei o que não deveria ter sido priorizado, abdiquei de mim mesma e da minha vida para viver com ele e para ele. Porém, isso acaba aqui e agora. Já chega! Chega de me machucar e me permitir ser machucada. Chega de sofrer nas mãos de uma pessoa que pensa saber o que é amor, quando, na verdade, não faz nem ideia.Assim que chego ao quarto do meu filho, bato a porta e tranco, evitando assim, que o Pardal tente vir até mim e eu sei que ele vai fazer isso. Fico alguns minutos encostada na porta, chorando, deixando as lágrimas levarem consigo toda minha dor e angústia. Escorrego e,
MaluDias depois…— Já vai sair? — lhe pergunto, ao abrir os olhos, pela manhã.— Tenho que colar lá na boca, os cu azul tão ameaçando invadir e já deram voz aos menor. — responde, colocando a glock na cintura e fumando um cigarro de maconha entre os dedos.Ele só costuma fazer isso quando está nervoso.— Não vai assim, Samuel, pelo amor de Deus! — sento na cama, suplicando, sentindo um aperto no peito — É perigoso.— Se liga, mina, nunca fui de me esconder e não vai ser agora que vou passar a fazer isso. Meu negócio é dar a cara pra bater, sacô? Tentei fazer um trato com eles, mas com aqueles pau no cu não tem conversinha, é molhar a mão ou invadir mermo. Esses tempo, nós não pôde ir pro asfalto resolver essa parada, porque tenho problemas maiores agora com a investigação do corpo que encontraram em meu carro.Presto atenção em cada palavra dele.— Então, se não tem conversa, só me resta preparar minha tropa pra o pior, tá ligada? Não posso vacilar, senão, só vai ter os presunto espa
PardalNão foi nada fácil pra mim escutar aquelas parada que a Malu falou. Eu juro, senti como se uma faca estivesse penetrando meu coração. Doeu pra caralho. Só que, às vezes, nós precisa de um choque de realidade pra entender certas coisas.Eu ainda não tinha percebido que poderia perder minha mandada do capiroto, até ouvir aquelas porra. Sério, acho que nunca senti por nenhuma mina o que ela despertou em mim. Já comi várias, mas sempre foi pente e rala, só que, com a Malu, nunca consegui agir assim. Não sei explicar nem pra mim mesmo o que acontece, mas quando minha mina chega perto, o coração acelera e o caralho.Sim, pela primeira vez em tempos, eu chorei e, quando ela se saiu pro quarto da nossa cria, sentei na cama e chorei feito a porra de um garotinho e isso até me fez lembrar da época em que eu era exatamente isso, um garotinho indefeso, porém, isso me fez acordar e perceber que eu não posso mais me vitimizar. A Malu passou por muita coisa quando era mais nova e conseguiu se
MaluNão foi dessa forma que eu planejei contar ao meu marido que estava grávida, esperando um filho dele, mas diante da situação em que eu me encontrava, o meu desespero falou muito mais alto do que a minha razão, porque, naquele momento, mesmo eu tendo planejado tudo minuciosamente e lembrando o quão atencioso ele vinha sendo durante a última semana, eu jamais imaginei que o Pardal fosse reagir daquela forma.Ele nem mesmo queria me permitir explicar, deixou que o ódio falasse mais alto.— Que porra tu tá falando, Malu? — ele me pergunta, abaixando um pouco a arma.Nesse momento, até o Perigo está me encarando, tão surpreso quanto meu marido.— Estou grávida. Estou esperando um filho seu. — minha voz soa praticamente em um sussurro.— E quem garante que não é desse viadinho pau no cu aí ou de qualquer outro? Eu te vi beijando ele, caralho! Acha que sou idiota? — Pardal, pelo amor de qualquer coisa, se ouve! — suplico, tentando me aproximar dele, que me afasta bruscamente.— Não che
Malu— Finalmente você acordou. — meus olhos e minha cabeça estão pesados, mas consigo ouvir perfeitamente essa voz.— Onde estou? — pergunto meio grogue e com sede.— Na Rocinha, Malu. — a Maju aparece em minha frente e, olhando ao redor, vejo que estou em um postinho.— Como assim, na Rocinha? — passo a mão no rosto e sento na maca, totalmente confusa.— Demos um jeito de te tirar do morro ontem. — responde, sentando na brechinha ao meu lado.— Mas como? — franzo o cenho.— Tive ajuda do Grego e do Coringa.— Não tô entendendo nada, Maju. Eles dois são da mesma laia do Pardal, como aceitaram me ajudar? — constato o que havia pensado, mas permaneço incrédula de isso ter, de fato, acontecido.— Tu tá errada, Malu. Eles dois não são nada parecidos com o Pardal, que me dá nojo só em tocar no nome desse escroto de merda — ela faz careta, como se realmente estivesse com muita raiva — Apesar de serem bandidos, são completamente diferentes do que pensei e são capazes de qualquer coisa por m
PardalEu tava com o sangue e a mente fervendo com a invasão no morro, mas isso não era o bastante, porque pra ferrar ainda mais com meu psicológico, encontrei minha mulher nos braços de outro e ela ainda me diz que está grávida de mim. Como assim, caralho? Naquele momento, eu só queria que qualquer um me tirasse do sério ou me dissesse um ai que fosse, porque seria o suficiente pra eu descarregar meu ódio no filho da puta. Fui fazer os corre em relação ao sepultamento das pessoas que morreram e garantir, também, que todos os feridos tivessem um bom atendimento no postinho e ficassem bem.Quando acabei tudo, mandei que um dos meus soldados ficasse de guarda lá no barracão, não pela mandada, já que ela, provavelmente, estaria com medo de mim e não tentaria fugir. Pelo menos era o que eu pensava. Mas fiz isso por causa do Perigo, ele é bem treinado, assim como todos os que trabalham pra mim, então não teria dificuldade alguma em meter o pé e ainda levar minha mina.Depois de tudo já or