MaluDias depois...Permaneci os últimos dias, depois do ocorrido com o Pardal, na casa da minha sogra. Não, nunca foi minha vontade fazer isso, eu queria mesmo era voltar para minha casa — lugar esse de onde eu nunca deveria ter saído — porém, eu sabia, ou melhor, tinha certeza de que meu marido — se é que ainda posso chamá-lo assim — não me deixaria em paz, tentando me fazer voltar a casa dele. Sim, a casa dele, porque já não sinto mais que é nossa. Tudo mudou a partir do momento em que aquele ogro resolveu meter a mão em minha cara.Mas, ainda assim, ele não facilitou as coisas para mim. No dia seguinte, era domingo, eu estava de folga e não queria vê-lo nem pintado de ouro, contudo, cara de pau do jeito que ele é, teve a audácia de aparecer na casa da mãe dele, quando eu estava de saída, indo levar o Vitor para a instituição. Fiquei puta da vida! Pardal tentou me persuadir, prometendo mundos e fundos, mas eu não conseguia acreditar em uma só palavra do que ele dizia. Não depois d
MaluNaquele momento, eu queria muito parar de sorrir feito uma idiota. Ainda fiquei um tempo encostada na porta, recobrando a consciência de que eu não podia me deixar ser afetada dessa forma pelo Pardal.— Acho que alguém viu o passarinho verde... — minha sogra me fez sair dos meus devaneios, quando saiu da cozinha, secando as mãos em um pano de pratos.— Não é nada disso que está pensando. — me recompus e respondi.— Urrum. Sei... Conheço essa carinha, Malu, não precisa mentir pra mim. A propósito, quem estava aí? — me analisou e meneou a cabeça em direção a porta.— Anh... Seu filho. — falei sem graça, evitando encará-la.— E, porque está com essa cara? Acha que vou te dar esporro por causa disso? — Não, é que... Sei lá, não sei explicar, mas me sinto tão errada. O Pardal sabe que mexe comigo, ele não é bobo, faz essas coisas de propósito. — soltei um longo suspiro e murchei os ombros.— Vem cá, senta aqui. — chamou e deu dois tapinhas no assento do sofá, após sentar.Por sorte,
MaluAo sair do lugar onde eu costumava trabalhar, sigo com meu filho até a farmácia, entramos e nos aproximamos do balcão, onde uma mulher muito simpática nos aguarda.— Bom dia, em que posso ajudar? — ela pergunta.— Bom dia, um teste de gravidez, por favor.— Só um minuto. — ela vira de costas, procurando pelo produto nas prateleiras.Ao virar para o lado, encontro o olhar curioso do meu filho, direcionado a mim.— Eu vou ter um irmãozinho, mamãe? Engulo em seco, sem saber o que dizer.— Não, meu amor. Isso não é para mim — minto — Mas como sabe para que serve o que estou pedindo a moça?De fato, não faço ideia de como isso é possível, ele é apenas um garotinho.— É que outro dia, meu coleguinha da escola disse a professora que a mamãe dele tá grávida e ele teria um irmãozinho. Aí, achei o nome do que você pediu a moça, parecido.Tento conter a vontade de rir, porque está para nascer uma criança mais esperta do que esse menino.— Aqui — a mulher toma minha atenção de volta para si
Malu— Que droga, Pardal! Educação mandou lembranças. — instintivamente, puxo a toalha pendurada no box, colocando na frente do meu corpo.— Educação, minha pica, rapá! Deixa de se fazer, que tu é minha mulher e eu já vi tudo aí. Por que tu pediu ao Perigo pra buscar tua moto? Aconteceu alguma coisa contigo? Algum pau no cu mexeu com você? — vejo-o mexer na cintura, como se fosse pegar a arma.Não que seja alguma novidade para mim, já que ele está acostumado a resolver tudo na base do tiro ou da porrada.— Para de palhaçada, Pardal! Ninguém mexeu comigo, não. — enrolo a toalha no corpo e espremo os cabelos, retirando o excesso de água.— Desculpa, Malu, eu tentei impedir esse troglodita de entrar aqui, mas você o conhece bem, ele só faz o que quer. — dona Suzana se explica, parada na porta do banheiro.— Não se preocupe, sei bem de quem eu era mulher. — enfatizo, para ele saber que não sou mais nada dele.— Era, meu ovo — mexe no pênis, o balançando sob a bermuda — Tu sempre vai ser m
PardalDepois daquele dia em que eu fiz merda com a Malu e ela passou pela porta da minha casa a fora, levando nosso moleque consigo, tudo mudou. Sei lá, os dias pareceram passar mais lentamente, me fazendo perceber a falta que aqueles dois faziam em minha vida. Eu sabia, tinha noção da merda que tinha feito e isso já não era mais novidade em minha mente, mas, mesmo não sendo algo certo usar meus traumas para me justificar, para justificar todas as atitudes do cretino que sou, isso ainda mexe demais comigo.Só uma pessoa com a mente fodida igual a mim, entenderia. Diversas vezes, após chegar em minha goma, depois de um dia estressante, resolvendo os B.O da minha tropa, batia um arrependimento do caralho pelas coisas que eu fiz. Passei até a dormir no sofá, porque entrar no que costumava ser o nosso quarto me fazia lembrar dela, e a saudade se tornou algo inevitável pra porra. Nos primeiros dias, eu até tentei deitar na cama, mas o cheiro dela estava impregnado em tudo ali, era ruim
MaluO convite do Pardal veio de forma repentina, eu queria negar, até pensei em dizer que iria para a faculdade, mas seria uma grande desculpa esfarrapada, porque eu estava de atestado e não iria naquela noite e o fato de ele saber que passei mal, não me ajudaria em nada.As palavras saídas dos lábios dele foram muito bonitas e extremamente encantadoras, mas a verdade é que eu não confiava mais nele e nem sei se um dia voltaria a confiar. Ele tem sido um pai excelente para o Rael, mesmo nós dois não estando mais juntos, mas eu temia muito pela vida do meu filho, caso aceitasse a proposta dele e voltasse para sua casa. Eu o amo e me sinto dividida. Por um lado, todo ser humano merece uma segunda chance — no caso do Pardal, seria a terceira ou quarta — e, talvez, com ele não fosse diferente. Por outro, o medo que eu sentia de que tudo fosse exatamente como antes, ou até pior, me massacrava por dentro.Senti sinceridade nas palavras dele, enquanto estávamos naquela colina e, por um ins
MaluSemanas depois…Eu sabia que tudo poderia mudar, e que meu marido, provavelmente, não conseguiria manter sua palavra de fazer tudo diferente dessa vez, mas eu ao menos esperava que, caso algo viesse a acontecer, levasse um bom tempo. Esperava que conseguíssemos viver uma relação bonita e estável, porém, não foi isso que aconteceu…Na primeira semana, logo quando eu retornei para nossa casa, ele foi super atencioso, do jeito dele, mas foi. Nem parecia o mesmo homem, mas os dias foram passando e ele começou a chegar em casa transtornado outra vez, mesmo não tocando um dedo em mim, aquilo mexia demais comigo, eu sentia um medo absurdo. Até já tinha pensado em contar a ele sobre a gravidez, contudo, essas atitudes dele me fizeram repensar e esperar mais um tempo, até ter certeza do que viria a seguir.Minha sorte foi que minha barriga ainda não havia começado a dar sinal.Em uma noite, quando meu marido chegou da boca, eu estava no quarto, colocando o Rael para dormir, ouvi o que par
MaluA pergunta da Maju me pega completamente de surpresa, quer dizer, eu já tinha percebido que ela estava me encarando demais, desde o momento em que nos vimos aqui no baile, mas tentei ignorar ou pensar que poderia ser a respeito de outra coisa. Achei que a maquiagem que fiz tivesse sido suficiente para esconder essa marca, mas pelo visto, me enganei.— Foi. — respondo, evitando olhar para o Pardal, que não tira os olhos de mim, mesmo estando com os soldados de sua tropa e os da Rocinha.— A queda foi feia, né? Tá até com essas mangas aí pra esconder as marcas. — enquanto ela me questiona, como se isso fosse um interrogatório, a Maju não para de encarar o Pardal.Sinto um medo terrível de que meu marido arrume uma confusão aqui por causa disso.— Tá falando o quê, hein? — Pardal a indaga.— Só tava tirando algumas conclusões, mas a sua reação já confirmou as minhas suspeitas. — o jeito da Maju de peitar ele, começa a me amedrontar ainda mais.— Cuida da tua vida, porra! — ele a res