Caíque dedicava suas primeiras horas da manhã e últimas horas da noite às pesquisas sobre os mistérios que envolviam a floresta maldita.
Muito havia acontecido nos últimos seis meses, desde a morte trágica de Andressa, a jovem que ele agora reconhecia como atormentadores…
Jorge Antônio, o pai de Tiffany, indo parar em um manicômio não levantou muitas suspeitas, para muitos a morte da filha tinha enlouquecido o homem, mas Caique dava atenção às suas palavras que saiam em blogs sensacionalistas. Ele estava sendo as
Ela se enxergava. Tinha seus olhos leitosos e mortos, mas algo estava diferente. Pela primeira vez tal detalhe não a limitava. Sua pele parda era acariciada pelos raios da primavera. Os pés caminhavam descalços, a brisa calma fazia seu vestido dançar ao ritmo dos ventos.A morena enxergava seu sorriso e seu fascínio. Rendia-se àquelas lembranças. Viajar para o campo era sinônimo de renovação. E lá estava ele, em meio às rosas de infinitas cores. O rapaz vestia uma camiseta escura e sem mangas. Na parte de baixo um moletom cor de jeans lavado e relavado inúmeras vezes. Os cabelos estavam mais longos. Jean permanecia rebelde como um adolescente, calçando um all star surrado, com seus cabelos escuros presos em um rabo de cavalo mal feito. Os olhos negros se mostravam indecisos. Qual rosa escolher?Em meio aos perfumes, um aroma reconhecido prevaleceu. Andressa se pôs ao lado do namorado. A mesma que os observava sentiu seu coração aquecer. Retornar a um tempo era literalmen
Jean olhava fixamente para o pequeno casebre de madeira. Estava a poucos metros. Os dois eram apenas pontos minúsculos em meio a um terreno gigantesco de puro verde, arames farpados e área remota. Os pássaros estavam simpáticos naquela manhã, cantarolavam com alegria, trazendo o inconfundível som do campo. Seria fácil se render àqueles encantos, mas tal clima ainda não tinha conquistado o rapaz. A proposta era passar ali boa parte de sua vida e ele permanecia indeciso sobre o que desejava.Jean estava pensativo, talvez até arrependido. A simplicidade do local não deveria ser sua realidade. Ele deveria ter erguido uma chácara anos e mais anos atrás, tivera uma ótima oportunidade para isso. Seu pai lhe concedera o terreno e dinheiro para investimento, mas sua irresponsabilidade da juventude não permitira
Os olhos do rapaz se fixaram sobre a mão banhada em sangue.ᅳ O que aconteceu? ᅳ Indagou preocupado, aproximando-se para uma melhor visão.ᅳ Um espinho. ᅳ Andressa segurava sua mão, sentindo o sangue fluir em uma quantidade considerável. O líquido jorrava pelo pequeno furo aberto, banhando todos os dedos da mão esquerda e sendo derramado sobre a terra. Ao ver tamanha quantidade de sangue, de preocupado Jean passou a desesperado. Imediatamente retirou um lenço do bolso e o envolveu contra a mão ferida, pressionando e deixando que ela segurasse.ᅳ Vamos entrar. Preciso cuidar disso. ᅳ O tom apreensivo se intensificou.ᅳ Não foi nada. Eu só fui descuidada, quero ficar mais algum tempo aqui.Mas não havia chance para acordo.ᅳ Você está ferida! Vamos entrar, cuidar disso e depois nós voltamos. ᅳ Ele apoiou suas mãos sobre os ombros da menor, virando-a para a entrada.Andressa pensou em dizer algo. Sua garganta secou. Uma gélida
Jean andava apressado, quase a correr. Desejava com fervor sair daquele bosque. O som das folhas secas sendo amassadas pelos seus pés o deixava ainda mais nervoso. Era como se mais passos o acompanhassem."Não, não pode ser!" ᅳ Ele repetia e repetia em pensamento. Olhou para Jindo, que também guardava um fio de horror no olhar.ᅳ Por que você foi lá, Jindo? É perigoso. Você poderia se perder. ᅳ Repreendeu o cão, tudo para tentar afastar a lembrança da sua memória. A visão do que havia naquele buraco o tinha perturbado ao ponto de deixar suas pernas bambas."Um braço… O braço! Aquela pulseira… Não! Não pode ser!" ᅳ Ele mais uma vez retomava o assunto, não conseguia afastá-lo.
Demorou para que ela adormecesse novamente. Ele ficou ao seu lado até o momento chegar, sempre paciente e zeloso. Já era noite quando aconteceu. Então Jean decidiu deixar o quarto e ligar para Erick, médico de Andressa e amigo de ambos. O rapaz não conseguiria dormir bem naquela noite. Tudo havia dado tão errado. Ele poderia afirmar que ficou mais aterrorizado pelo desespero da mulher do que pelo corpo encontrado no bosque. Aquela que dormia era sempre sua maior preocupação.A cada atitude estranha dela, ele se perdia entre sentimentos e decisões. Os três últimos meses foram um inferno, ele lutou para ser forte por dois. Além da cegueira, que Erick deu grandes esperanças de que seria temporária, foi constatado que Andressa sofria de amnésia. Ela não era capaz de se lembrar de horas ant
Era começo de madrugada e se podia ouvir no coração do bosque o inconfundível som de terra sendo remexida na base da enxada. O responsável pelo trabalho era Jean, que tratava de tapar o buraco que Jindo fizera mais cedo. O rapaz já estava cansado e suado, apesar da noite não estar quente quanto a manhã. Jean tirou sua camisa e continuou a cuidar daquele buraco, mostrando-se ansioso e desesperado para finalizar o que fazia. Já estava exausto, mas não era só por isso que desejava o fim daquilo tudo.Mais meia hora se passou e ele finalmente se viu livre do trabalho. Analisou o espaço, a área parecia de acordo com todo o resto do solo. Ninguém desconfiaria o que repousava por debaixo daquelas inúmeras camadas de terra. Jean respirou aliviado e enxugou várias gotas de suor que caiam pela sua testa. Ajeitou seus cabelos curtos, também empapados pelo suor. Ele olhou para o lugar pela última vez naquela noite. Estava como ele desejava: livre de qualquer suspeita.
Era quatro da manhã quando Andressa passou a se mexer de maneira inquieta na cama. Indícios de um terrível pesadelo que se iniciava. No estranho sonho ela estava no interior de um bosque fechado e escuro, contudo, apesar desses detalhes, enxergava com clareza o que tinha a sua volta. Sabia que se tratava do bosque ao fundo de sua cabana. E… Ainda que ela pudesse enxergar com perfeição, seus olhos estavam completamente brancos. Tudo estaria normal se fosse apenas isso, porém, pouco tempo depois ela percebeu que estava paralisada no centro do bosque.Nos primeiros minutos ainda mostrava certa calmaria. Tentou mover um pé e olhou para baixo. Vestia uma camisola branca e seus pés estavam descalços. Forçou-se mais uma vez a dar um passo, precisava sair dali. P corpo balançou e a perna não se moveu. O nervosismo começava, a energia do lugar não ajudava, passava a ficar tensa demais, a inconodando quase ao ponto de sufocá-la. Tudo piorou quando um odor insuportável invadiu suas narin
Andressa acordou de súbito. Aflita, dolorida e, como sempre, refém da escuridão. Essa era a pior parte após qualquer pesadelo ou sonho. Nunca a luz aparecia. Ela estava ofegante, com o coração apertado, parecia carregar um peso que comprimia seu peito. Um peso causado pelo medo do não natural e ainda desconhecido. A morena se forçou a respirar fundo várias vezes. Precisava diminuir aquela aflição, recuperar qualquer resquício de tranquilidade. Mas a imagem do pesadelo estava tatuada na sua memória. Vívida, clara. Suas sensações eram intensas, reais, profundamente reais. Mais reais do que quaisquer outras.Andressa, agora sentada sobre a cama, lutando contra seu medo, tentava se convencer de que aquele pesadelo fora apenas mais um, foram tantos para assombrá-la nos últimos meses. Ela mesma se boicotava. Precisava parar. No escuro, decidiu