Era quatro da manhã quando Andressa passou a se mexer de maneira inquieta na cama. Indícios de um terrível pesadelo que se iniciava. No estranho sonho ela estava no interior de um bosque fechado e escuro, contudo, apesar desses detalhes, enxergava com clareza o que tinha a sua volta. Sabia que se tratava do bosque ao fundo de sua cabana. E… Ainda que ela pudesse enxergar com perfeição, seus olhos estavam completamente brancos. Tudo estaria normal se fosse apenas isso, porém, pouco tempo depois ela percebeu que estava paralisada no centro do bosque.
Nos primeiros minutos ainda mostrava certa calmaria. Tentou mover um pé e olhou para baixo. Vestia uma camisola branca e seus pés estavam descalços. Forçou-se mais uma vez a dar um passo, precisava sair dali. P corpo balançou e a perna não se moveu. O nervosismo começava, a energia do lugar não ajudava, passava a ficar tensa demais, a inconodando quase ao ponto de sufocá-la. Tudo piorou quando um odor insuportável invadiu suas narin
Andressa acordou de súbito. Aflita, dolorida e, como sempre, refém da escuridão. Essa era a pior parte após qualquer pesadelo ou sonho. Nunca a luz aparecia. Ela estava ofegante, com o coração apertado, parecia carregar um peso que comprimia seu peito. Um peso causado pelo medo do não natural e ainda desconhecido. A morena se forçou a respirar fundo várias vezes. Precisava diminuir aquela aflição, recuperar qualquer resquício de tranquilidade. Mas a imagem do pesadelo estava tatuada na sua memória. Vívida, clara. Suas sensações eram intensas, reais, profundamente reais. Mais reais do que quaisquer outras.Andressa, agora sentada sobre a cama, lutando contra seu medo, tentava se convencer de que aquele pesadelo fora apenas mais um, foram tantos para assombrá-la nos últimos meses. Ela mesma se boicotava. Precisava parar. No escuro, decidiu
dO trio de amigos estava reunido na pequena sala, sentados de frente ao lado de uma lareira apagada. Erick tinha em mãos os exames. Jean e Andressa estavam sentados lado a lado em um sofá encardido de dois lugares. Ela segurava forte a mão do marido, temia as notícias, não podia enxergar a expressão confiante do amigo. O médico, sentado em uma poltrona, de frente ao casal, organizava alguns envelopes. Ali estavam todos os resultados dos exames. Após abrir um envelope, ele pôs o papel sobre a mesinha de centro e começou a falar, levantando seus olhos na direção da amiga que mantinha seu semblante apreensivo. A partir dali todas suas esperanças poderiam mudar. Sendo assim, Erick decidiu não torturá-la.ᅳ Veja bem… Creio eu que sua maior apreensão é a incerteza de que se poderá voltar a enxergar algum dia.Os homens naquela sala tinham seus olhos fixos sobre a escritora, que mesmo sem confirmar com palavras, dava a certeza de que aquelas palavras estavam corretas. Eri
Caminhavam pelo bosque, o ar fresco preenchia seus pulmões. Após tanto tempo, Andressa sentia sua respiração profunda trazer prazer e calma. Como sempre, ela recusava ajuda, ainda mais agora que tudo estava prestes a ser como antes. Boa parte das preocupações haviam sido apaziguadas. A morena em breve poderia dar continuidade aos seus sonhos e não iria interferir na vida daqueles que amava.Nos últimos meses foi difícil pensar que atrapalhava a vida de muitos. Eles abriram mão de coisas importantes para ajudá-la. Jean era sua maior "vítima", mas em breve não seria mais assim. Obviamente sentir-se dessa maneira não era correto, tampouco saudável. Andressa se sentia culpada e para ela era difícil aceitar as palavras do psicólogo, era difícil aceitar que acidentes acontecem e que por mais que novas dificuldades surjam, não devemos nos encarar como um fardo na vida das pessoas.Uma conversa mais leve acontecia entre os amigos. A princípio eles falavam sobre coisas que
Pouco tempo depois, Jean e Fabrício surgiram em meio às árvores. O segundo, um rapaz de cabelos castanhos que batia na altura dos ombros, tropeçava em galhos, pedras e tudo o que encontrava pelo caminho, até mesmo nos próprios pés. Erick assim que o avistou já percebeu: ainda era manhã e ele estava bêbado mais uma vez. Esse era o tipo de amizade que Jean insistia em manter. Já o marido de Andressa tinha outra preocupação. Mal chegou naquele ponto e enxergou o que seu cão fazia."Não! Ele não pode...!" ᅳ Pensou e avançou na direção do cachorro, por consequência também seguindo rumo à Erick e Andressa.ᅳ Jindo! Chega! Não faz isso. ᅳ Próximo o suficiente, ele tentou pegar o cão. Carregando Andressa nos braços, Erick corria em busca do fim daquele labirinto que parecia ter ganhado muitos metros e desafios mais. O tempo corria, as trilhas se estendiam e no rosto do médico o desespero estava escancarado. Sua ‘pequena’ continuava desacordada e ele não podia fazer nada além do que fazia. Jean vinha bem atrás, caminhando lentamente ajudando seu amigo. Fabrício se apoiava em seus ombros e as marcas em seu pescoço ganhavam mais nitidez. Ele continuava tonto, só que antes de tudo preocupado pela visão que tivera.ᅳ Eu a vi, Jean! Ela ainda está aqui...O rapaz torcia para que tivesse sido apenas mais uma alucinação, Tiffany sempre o assombrava, mas algo foi diferente daquela vez. Agora ela desejava matá-lo e mesmo depois de ter partido, Abandono
Horas depois do acontecido, Andressa havia recobrado a consciência. Permanecia no hospital, deitada na cama. Todos haviam concordado que seria melhor deixá-la em repouso por pelo menos mais um dia. Precisavam de mais certezas, mais exames, precisavam saber que tudo ficaria bem.No começo da noite ela estava desperta e sozinha no quarto, pensava sobre sua última visão. Recobrava-se de todos os acontecimentos e sensações. Já estava certa de que lidava com algo fora do comum, algo que não se ligava ao natural. Nada daquilo era provocado por sua condição, ela não tivera nenhuma visão confusa, aquela mulher existia sim, e com certeza não habitava a terra dos vivos. O que a jovem se perguntava era o que ela queria, qual era seu propósito ao aparecer para ela e atacar Fabrício. Talvez devesse se afastar, mas continuaria fugindo?
A manhã estava prestes a ter início. Andressa permanecia acordada, sentada sobre sua cama hospitalar. A noite havia sido longa e ela não conseguira tirar mais que dez minutos de um cochilo tenso. Passado esse tempo, a morena sempre acordava sobressaltada, assustada, nervosa. Apesar de não ser afligida por nenhum pesadelo, suas lembranças a incomodavam. Preocupações assombravam sua mente, algumas mais intensas que as outras. Haviam duas preocupações com as quais ela não se importava tanto, pelo menos não naquele instante. Uma era o fato de ter ficado indignada com a rápida visita de seu noivo mais cedo. Jean apareceu dizendo que não poderia ficar ao seu lado por causa de Fabrício, pois não era recomendável o rapaz ficar sozinho depois de tudo que havia passado. De certo modo a jovem concordou, Fabrício era perturbado demais, e precisava de companhia. O rapaz havia saído de casa há certo tempo a
Havia se tornado uma obsessão, Andressa não conseguia afastar os pensamentos que envolviam a misteriosa figura. As horas que seguiram pela manhã foram gastas pensando e repensando mais e mais vezes sobre todas as aparições da sinistra mulher. A morena se forçava a lembrar qualquer sinal quase imperceptível. Já havia conseguido recordar de uma forte mancha no pescoço da criatura, era meio arroxeada, com a forma semelhante a marcas de dedos. Isso bastou para a jovem começar a suspeitar que ela teria sido assassinada, vítima de um estrangulamento.Andressa continuou a forçar sua memória. Foram poucas as vezes que havia conseguido enxergar alguma coisa e, além de tudo, ela sabia que não podia confiar em seus olhos, eles continuavam mortos na maior parte d