Caminhavam pelo bosque, o ar fresco preenchia seus pulmões. Após tanto tempo, Andressa sentia sua respiração profunda trazer prazer e calma. Como sempre, ela recusava ajuda, ainda mais agora que tudo estava prestes a ser como antes. Boa parte das preocupações haviam sido apaziguadas. A morena em breve poderia dar continuidade aos seus sonhos e não iria interferir na vida daqueles que amava.
Nos últimos meses foi difícil pensar que atrapalhava a vida de muitos. Eles abriram mão de coisas importantes para ajudá-la. Jean era sua maior "vítima", mas em breve não seria mais assim. Obviamente sentir-se dessa maneira não era correto, tampouco saudável. Andressa se sentia culpada e para ela era difícil aceitar as palavras do psicólogo, era difícil aceitar que acidentes acontecem e que por mais que novas dificuldades surjam, não devemos nos encarar como um fardo na vida das pessoas.
Uma conversa mais leve acontecia entre os amigos. A princípio eles falavam sobre coisas que
Pouco tempo depois, Jean e Fabrício surgiram em meio às árvores. O segundo, um rapaz de cabelos castanhos que batia na altura dos ombros, tropeçava em galhos, pedras e tudo o que encontrava pelo caminho, até mesmo nos próprios pés. Erick assim que o avistou já percebeu: ainda era manhã e ele estava bêbado mais uma vez. Esse era o tipo de amizade que Jean insistia em manter. Já o marido de Andressa tinha outra preocupação. Mal chegou naquele ponto e enxergou o que seu cão fazia."Não! Ele não pode...!" ᅳ Pensou e avançou na direção do cachorro, por consequência também seguindo rumo à Erick e Andressa.ᅳ Jindo! Chega! Não faz isso. ᅳ Próximo o suficiente, ele tentou pegar o cão. Carregando Andressa nos braços, Erick corria em busca do fim daquele labirinto que parecia ter ganhado muitos metros e desafios mais. O tempo corria, as trilhas se estendiam e no rosto do médico o desespero estava escancarado. Sua ‘pequena’ continuava desacordada e ele não podia fazer nada além do que fazia. Jean vinha bem atrás, caminhando lentamente ajudando seu amigo. Fabrício se apoiava em seus ombros e as marcas em seu pescoço ganhavam mais nitidez. Ele continuava tonto, só que antes de tudo preocupado pela visão que tivera.ᅳ Eu a vi, Jean! Ela ainda está aqui...O rapaz torcia para que tivesse sido apenas mais uma alucinação, Tiffany sempre o assombrava, mas algo foi diferente daquela vez. Agora ela desejava matá-lo e mesmo depois de ter partido, Abandono
Horas depois do acontecido, Andressa havia recobrado a consciência. Permanecia no hospital, deitada na cama. Todos haviam concordado que seria melhor deixá-la em repouso por pelo menos mais um dia. Precisavam de mais certezas, mais exames, precisavam saber que tudo ficaria bem.No começo da noite ela estava desperta e sozinha no quarto, pensava sobre sua última visão. Recobrava-se de todos os acontecimentos e sensações. Já estava certa de que lidava com algo fora do comum, algo que não se ligava ao natural. Nada daquilo era provocado por sua condição, ela não tivera nenhuma visão confusa, aquela mulher existia sim, e com certeza não habitava a terra dos vivos. O que a jovem se perguntava era o que ela queria, qual era seu propósito ao aparecer para ela e atacar Fabrício. Talvez devesse se afastar, mas continuaria fugindo?
A manhã estava prestes a ter início. Andressa permanecia acordada, sentada sobre sua cama hospitalar. A noite havia sido longa e ela não conseguira tirar mais que dez minutos de um cochilo tenso. Passado esse tempo, a morena sempre acordava sobressaltada, assustada, nervosa. Apesar de não ser afligida por nenhum pesadelo, suas lembranças a incomodavam. Preocupações assombravam sua mente, algumas mais intensas que as outras. Haviam duas preocupações com as quais ela não se importava tanto, pelo menos não naquele instante. Uma era o fato de ter ficado indignada com a rápida visita de seu noivo mais cedo. Jean apareceu dizendo que não poderia ficar ao seu lado por causa de Fabrício, pois não era recomendável o rapaz ficar sozinho depois de tudo que havia passado. De certo modo a jovem concordou, Fabrício era perturbado demais, e precisava de companhia. O rapaz havia saído de casa há certo tempo a
Havia se tornado uma obsessão, Andressa não conseguia afastar os pensamentos que envolviam a misteriosa figura. As horas que seguiram pela manhã foram gastas pensando e repensando mais e mais vezes sobre todas as aparições da sinistra mulher. A morena se forçava a lembrar qualquer sinal quase imperceptível. Já havia conseguido recordar de uma forte mancha no pescoço da criatura, era meio arroxeada, com a forma semelhante a marcas de dedos. Isso bastou para a jovem começar a suspeitar que ela teria sido assassinada, vítima de um estrangulamento.Andressa continuou a forçar sua memória. Foram poucas as vezes que havia conseguido enxergar alguma coisa e, além de tudo, ela sabia que não podia confiar em seus olhos, eles continuavam mortos na maior parte d
― Você tem ideia da estupidez que está me pedindo? ― Erick tinha seu tom incrédulo, algo que Andressa conhecia muito bem.― Não é nenhuma estupidez. Só assim você poderá confirmar ou não se estou mentindo, ou pior, se estou ficando maluca. ― A morena rebateu.― Se eu me prestar a isso vou estar te dando ainda mais motivos pra continuar a acreditar nessas ilusões. Não posso ser conivente com isso… ― O médico explicou, temia o quanto a amiga estava ficando obcecada por aquela história.― Já que tem tanta certeza de que são ilusões, me prove então. Para de ser tão intransigente e faça o que te pedi, por favor. Vá conferir. Haverá um corpo naquele lugar, estou certa diss
Jean e Fabrício tinham acabado de entrar no restaurante, logo sentiram o cheiro apetitoso da comida do lugar. O advogado não estava mais acostumado a frequentar lugares simples como aquele e lembrou-se do quanto sentia falta daquele tipo de ambiente. Quando morava na casa de seus pais raramente chegava à cozinha e no pouco tempo que viveu em seu apartamento junto a Andressa, ele sequer se lembrou que era preciso fazer comida, usava muito o delivery. Agora estava em um restaurante estilo self-service, com suas várias bandejas, algumas vazias, ainda era cedo. Faltava pouco mais de meia hora para tudo estar servido. Na bandeja apenas alguns molhos e frios para o café. Jean se sentiria irritado se não tivesse sido enfeitiçado pelo cheiro gostoso do frango que estava sendo assado. Já Fabrício se sentiu atra&i
― Então, como já falei, quando mais jovem eu presenciei casos muito misteriosos e não posso ignorar o que a Dona Dayse te disse... ― Caique Jardim ainda conversava com Andressa. No princípio de tudo ela se mostrou arredia, de poucas palavras, até tomar coragem para revelar o que estava acontecendo. Foi quando percebeu que não era julgada que ela teve certa confiança para conversar sobre tudo, até mesmo citou a enfermeira Dayse como a única que acreditou plenamente nela.Caique sabia que pessoas mais sensíveis precisavam sentir essa confiança, precisavam perceber que acreditavam nela. Quando o psicólogo revelou seu passado, detalhes de sua família, tudo passou a fluir com maior facilidade, mas após longas horas de conversa a moça começava a se mostrar alheia às suas palavras. Estava mais concentrada em seus pensamentos e num aperto sufocante em seu peito