Acordo em uma sala toda branca, eu sabia que era a sala de um hospital, olho para o meu braço e vejo um acesso esquisito no braço, acompanho a mangueira até o alto e vejo uma bolsa de sangue... — Estamos no postinho. Ouço a voz de Ju e meu olhar vai até ela que está sentada em uma cadeira. — O que... Antes que eu pergunte ela já me responde. — Por causa da sua teimosia o tiro atingiu uma artéria sua, você perdeu muito sangue, sorte que ela atravessou seu braço e não precisou de cirurgia... — Preciso do meu telefone... Peço e a mesma tira ele do bolso e me entrega, a sua cara não era nada boa e seu corpo tremia. Pego o mesmo e ligo para Nick. “Fala aí mano, já acordou?” “To de boa parça, preciso de um favor seu.” “ Diz aí!” “Passa lá em casa e pega um moletom meu.” “Ta maneiro!” Assim que desligo o telefone o silêncio volta a reinar no lugar, Ju não diz nada e fica o tempo todo mexendo no celular, talvez esteja dando alguma satisfação ao seu namorado e isso me deixa puto.
Passei a noite no hospital, Ju passou comigo, não conversamos mais sobre nós, no entanto falamos muito sobre como vai ser daqui pra frente. Eu queria que ela viesse morar no morro, mas claro que ela não aceitou, disse que podemos nos falar sempre que eu quisesse, que tudo sobre o bebê será passado para mim e disse que me ajudaria a montar o quarto do bebê aqui na minha casa para quando ele viesse ficar comigo, isso me fodeu, por que tive a certeza que era realmente verdade o que ela disse, que não voltaria pra mim. Eu tinha me despedido dela enquanto ela entrava no carro de Estevão, ele levaria ela até em casa, quando vejo marreta se aproximar. — Não! Digo sério pra ele. — Mas eu preciso me desculpar, porra sheik, isso vai durar até quando? — Não sei, talvez pra sempre! Ele bufa. — Você me fodeu marreta, ela está grávida e não vai voltar pra mim... Tô ligado que nem tudo foi culpa sua, mas tenho certeza que o fato de não ter me metido naquela presepada sua fodeu tudo muito mais
Ju... — Oh meu Deus, o que foi minha filha? Entro em casa chorando e minha mãe me recebe com um abraço bem apertado. — Eu amo aquele idiota, mãe! Amo mais que tudo. Digo aos prantos. — Vocês não se acertaram? Minha mãe acaricia minha cabeça. — Não tem como mãe, eu... Eu o amo, mas ele tem uma bagagem muito pesada para eu carregar... Uma ex doente, uma filha que me odeia, amigos que tem liberdade para me destrataram, não vai dar certo, só vamos nos magoar. — Eu não gosto dele, você sabe neh? Mas agora vocês vão ter um filho, como vai ser? — Eu não sei... A princípio vou deixá-lo informado de tudo sobre o bebê, mas quando ele nascer eu não sei, meu pai não vai querer ele aqui, eu não vou querer ficar no morro... Droga, por que eu quis engravidar? Choro. — Não fala isso, Ju! O bebê pode achar que você não o ama. Minha mãe me repreende. — Tá vendo? Eu sou uma péssima mãe! Me sento no sofá chorando mais ainda. — Não, não é, você só está perdida, mas estamos c
— Eu vou conversar com ele um dia, mas ainda não estou preparada. Digo já no portão da casa da Nathy. — Não se preocupe com isso, vai ser no seu tempo e se você quiser. — Tá bom... Mas, o que você queria conversar? — Queria te levar em um lugar... — Onde? — Lá em casa... — Sheik... Eu já falei... Ele me interrompe. — Não, não é isso... Eu descobri o motivo de eu nunca ter recebido as mensagem e nem as ligações. — Ok... Mas, você pode falar aqui. — Não, tem que ser lá em casa, a pessoa que fez a merda precisa te pedir desculpas. — Então tinha alguém? Pergunto triste, realmente ele estava com alguém. — Não precisa disso, se você já sabe quem foi e já resolveu o problema, por mim está tudo bem. — Não, não está! Vem comigo. Bufo com sua insistência, mas aceito ir. Assim que ele abre a porta da sala um monte de lembranças vem em minha mente, todas as coisas boas que vivemos aqui, cada canto dessa casa que batizamos com nosso sexo, mas também vem as coisas ruins, todas as v
Sheik se aproxima de mim com um meio sorriso. — Então quer dizer que você virou tia agora? O que você falou pra ela? — Nada... Só mostrei a ela que seu amor por ela nunca vai diminuir, pelo contrário, ele vai multiplicar para a chegado do bebê. — Tá, entendi... Mas ela te odiava pela separação... — Ah sim, eu disse que quem ama não divide, que se você tinha três esposas era por que não amava ninguém... Disse que quem ama não divide, mas isso só com adultos, disse que como eu amei você, não poderia te dividir. — Amou? Ele pergunta se aproximando mais de mim. — Sheik... Chamo sua atenção me afastando, mas ele segura minha cintura me puxando para grudar nossos corpos. — Você falou no passado, como se não me amasse mais.... Mas eu sei que não é verdade, eu sinto que ainda existe amor aqui. Ele toca em meu peito. — Amar não é o suficiente, uma relação precisa de muito mais que amor... Respeito, companheirismo, honestidade, atenção, proteção... Tantas coisas sheik. Ele fica me
Whatsapp... — Como você está? — Hoje não muito bem. Respondo. — O que aconteceu desta vez? — A mesma coisa de sempre! “Jhu, abre essa porta! Meu pai grita do outro lado. — Não enche, pai! Grito. " Abre agora ou então vou arrombar! Reviro os olhos com tédio, mas me levanto e abro a porta." — Pronto, satisfeito? Digo e já dou logo as costas a ele, voltando para o meu celular. — Muito! Mantenha essa porta destrancada, ouviu! Respiro fundo e resolvo ignorar, fazendo ele resmungar algo que não prestei atenção e sair do meu quarto. — Ainda seu pai? — Como sempre! Ele pega no meu pé o tempo todo e eu já estou saturada. Volto a digitar bufando. — Falta pouco para você fazer 18 anos e se livrar dessa opressão! — Não vejo a hora, estou contando os dias. — Queria te encontrar... — No momento certo nos encontraremos, mas fala sobre você, como você está? Mudo de assunto e ele demora a digitar. Meu nome é... Bom, podem me chamar de Jhu, é assim que todos me chamam, tenho 17
Foram quatro horas tentando convencê-lo a me deixar na estrada, falei sobre o meu pai, sobre meu irmão, sobre meus padrinhos, mas ele não esboçava medo algum, era como se ele já soubesse quem eu era e já tivesse planejado tudo. Passamos por uma placa dizendo “Bem vindo a Penedo”, eu conhecia o local, já vim a passeio com meus pais em uma época em que eles eram felizes. Era uma cidade turística, conhecida como a Finlândia brasileira, eu só não entendia o por que ele estava me trazendo pra cá, já que aqui não era onde ele morava, pelo menos não foi o que ele me disse. — Meu Deus... Você mentiu pra mim?! Digo assustada. — Sobre o que? Sobre onde eu moro? Ele tem uma voz divertida e eu juro que a cada hora tenho mais pavor dele. — Marcell é pelo menos seu nome verdadeiro? Questiono. — Talvez sim, talvez não! Ele responde irônico. Paramos em frente a um conjunto de casas, casas simples. Era um corredor e passávamos por várias casas amarelas, uma grudada na outra e no final desse
Pegamos as sacolas e seguimos para a casa, a todo tempo ele olha pelo retrovisor. — Você ligou pra quem? Ele grita e eu acabo levando um susto. — Pra ninguém. Respondo gritando também e me arrependo na hora, por que sinto sua mão em cheio acertar minha boca que sangra na hora. — Fala direito comigo sua putinha mimada... Pra quem você ligou, porra! Ele grita mais uma vez. — Pro meu irmão, mas disquei o número errado no nervosismo. Digo chorando e tentando parar o sangramento. Assim que entramos em casa, Marcell já vai me jogando em cima do colchão. — Eu avisei, você não me ouviu... Marcell arranca o cinto que está prendendo suas calças e meus olhos se arregalam, sem demora já sinto a primeira cintada em minhas pernas. — Não grita! Ele diz enquanto me acerta outra e mais outra e mais outra... Estou encolhida no colchão, meu corpo está todo marcado, pernas, braços, minha boca está inchada e meu rosto tem marcas de sua mão. Marcell saiu de casa logo após me bater e não sei