Júlia ergueu a cabeça, e seu queixo quase tocou a cabeça dela. Se não fosse pelo braço dele a apoiá-la, seria como se ela estivesse praticamente jogada nos braços dele…Ela percebeu a situação e deu dois passos para trás rapidamente. José engoliu em seco e recolheu a mão, dizendo raramente:— Salto alto é fácil de cair, sapato baixo é melhor.Júlia riu levemente e, depois de um tempo, respondeu:— Obrigada.Patrícia estava esperando há um tempo, ouviu o barulho e chamou do andar de cima com intrigada:— Jú? É você?Júlia deu uma olhada para fora:— Tenho que ir, tchau.— Tá.José fechou os punhos e ao subir as escadas, ainda pôde ouvir as vozes que vinham de baixo.Patrícia preguntou:— Por que demorou tanto?— Aconteceu um imprevisto.— Você encontrou meu primo?Patrícia sabia que José morava por perto, mas não sabia que eles eram vizinhos.Júlia apenas assentiu, e Patrícia não dar muita importância, mudou de assunto para onde iriam jantar. Acabaram escolhendo um restaurante tailandê
Ao entrar na sala de prova, Júlia revisou seus documentos e materiais para o exame, certificando-se de que não tinha esquecido nada.Patrícia tinha dito que viria para lhe dar sorte, mas Júlia sabia que ela estava atolada com dois grandes projetos e que provavelmente não conseguiria sair em pleno inverno. De fato, ao olhar ao redor do local da prova, Júlia não viu Patrícia, mas não ficou decepcionada.Havia amizades que não precisavam de conversas constantes ou mensagens no WhatsApp. Você sabia que, mesmo sem contato frequente, a conexão entre vocês permanecia forte. Na internet, chamavam isso de ‘amizade sem necessidade de resposta’.A prova durou duas horas. Ao entregar, Júlia notou as expressões de alívio ou frustração nos rostos dos outros candidatos, mas ela permaneceu calma.Ao sair, uma leve chuva caía e como era difícil conseguir um táxi ali perto, decidiu pegar o metrô para casa.No entanto, não deu dois passos antes de ouvir alguém chamar seu nome.— Júlia Ferreira?Ela olho
Júlia sabia bem o que Bianca estava insinuando, mas apenas sorriu sem responder.Bianca perguntou:— Lembro que você fez a graduação na universidade B, certo? Vai tentar a mesma universidade para o mestrado?— Sim, na universidade B.— E vai fazer um mestrado acadêmico ou profissional?— Acadêmico.— Qual área?— Biologia.Com surpresa, Bianca arqueou as sobrancelhas, já que esse era o mesmo campo que ela estava almejando.Bianca prosseguiu:— Tem algum orientador em mente?Júlia acenou com a cabeça sem esconder:— Tenho sim, a professora Larissa.— Quem? Larissa Neves?— Isso.Bianca lembrou da vez em que viu Júlia na casa da professora Larissa, fazendo algum trabalho doméstico.Sua expressão ficou um pouco estranha:— Você… não acha que só porque foi ajudar na casa da professora vai garantir a orientação dela, né?Júlia explicou:— Aquela vez foi um mal-entendido.— Mal-entendido? Vou ser sincera com você, a professora Larissa é uma das maiores especialistas em biologia e é conhecida
No inverno, escurece cedo. Antes das sete da noite, as luzes da rua já se acendem em sequência, trazendo um pouco de calor à noite fria.No caminho do metrô até a Universidade B, há uma rua comercial cheia de barracas vendendo de tudo. Ao atravessar a ponte, Júlia ouviu o vendedor de milho assado gritando de longe.Ela piscou os olhos, que estavam um pouco irritados pelo vento, e virou-se para José:— Espera aqui um instante.José ficou parado, e dois minutos depois, viu Júlia voltando com duas espigas de milho assado.— Toma.O milho assado estava quente e soltava um aroma delicioso. Ao dar a primeira mordida, Júlia sentiu o sabor adocicado, mas um pouco quente demais para os dentes. Ela assoprou na espiga antes de tentar mais um pedaço, e ao sentir o sabor, um sorriso imediato apareceu em seu rosto.Júlia olhou para ele e perguntou:— A sua tá boa?José assentiu. Era a primeira vez que comia um milho tão doce.Júlia sorriu com satisfeita:— Viu? Tenho sorte, sempre escolho os melhore
No sábado, o tempo estava agradável.O céu nublado deixou passar alguns raios de sol, e quando Júlia fez sua corrida matinal, suou um pouco. Ela voltou para casa, tomou um banho e trocou de roupa antes de pegar um táxi com os medicamentos que havia comprado e ir para a casa da professora Larissa.Júlia disse a Larissa:— Professora, esses medicamentos devem ser tomados três vezes ao dia. O tempo está frio agora, não é necessário guardar na geladeira, apenas esquente um pouco antes de beber.A professora Larissa, que não tinha medo de nada, achava insuportável o cheiro dos remédios tradicionais, além de serem amargos e com um odor desagradável.Observando o líquido escuro, Larissa se afastou um pouco e fez uma última tentativa de evitar o remédio.— É realmente necessário tomar?Júlia respondeu:— Claro que sim, já avisei a empregada para garantir que você tome o remédio três vezes ao dia, sem falta.A professora Larissa fez uma cara de desapontamento:— Ah, tá bom.A boa intenção da al
Júlia sabia o quanto a professora Larissa Neves estava empenhada com o futuro dela.Ela disse com firmeza:— Pode ficar tranquila, eu não vou te decepcionar.…De volta em casa, Júlia começou a revisar o material que trouxe.Comparado com os livros para a prova de admissão, esses materiais eram mais complexos, exigindo não só conhecimento teórico, mas também experiência prática em laboratório e a compreensão de resultados de pesquisa específicos.Ela ficou tão imersa que perdeu a noção do tempo, e só se deu conta quando já era quase madrugada.Júlia esfregou os olhos cansados e decidiu se deitar. Mas assim que se acomodou na cama, uma batida insistente na porta a assustou.— Júlia, abre a porta! Eu sei que você está aí!Mesmo com as portas da sala e do quarto fechadas, a voz de Rafael chegou nítida aos seus ouvidos.As batidas ficaram mais fortes.Lembrando-se do incidente na casa dele, onde quase foi forçada por ele, Júlia empalideceu, apertando as cobertas com força.— Júlia! Abre a
Rafael ficou congelado:— Você…Júlia se lembrou do que aconteceu naquele dia na mansão e olhou para ele com medo e desconfiança:— Não se mexa! Fique longe de mim!Rafael sentiu uma dor no peito:— Jú… Aquele dia, eu…— Não diga mais nada! Vai embora, não temos mais nada para falar.Os olhos de Rafael estavam vermelhos, e ele ficou imóvel:— Jú… Desculpa, eu errei. Vamos parar com isso, por favor? Eu não deveria ter dito ou feito aquelas coisas… Eu… eu só estava com muita saudade de você… acabei agindo por impulso… Eu vim aqui hoje para te pedir para voltar comigo…Júlia levantou os olhos friamente e disse:— Voltar? Voltar para quê? Para ser a amante?Rafael respondeu:— Se você voltar, eu termino com a Viviane na hora.Júlia balançou a cabeça:— Não, eu não aceito.— Jú… — Quando Rafael tentou se aproximar novamente, Júlia rapidamente se virou e correu para o quarto, batendo a porta com força.Ela esperou por um longo tempo, até que o silêncio finalmente tomou conta do apartamento.
Embora Rafael não quisesse perder Júlia, ele acabou se destruindo ao terminar com ela.Agora estava numa enrascada, sem saída. Que situação!…Depois que Rafael foi embora ontem, a casa estava uma bagunça.Júlia passou um bom tempo limpando tudo, e já estava tarde demais para ir à biblioteca. Ela resolveu ficar em casa e fez mais alguns exercícios para terminar a revisão do dia.Para o jantar, preparou pão de queijo e não conseguiu comer tudo, sobrando uma boa parte.Quando terminou de arrumar a cozinha e se sentou, já eram oito da noite.Ela planejava fazer mais um exercício antes de dormir. Acabou de programar o despertador quando o celular vibrou.Era um pedido de amizade. A nota dizia apenas três palavras:[Lucas Santos.]Júlia piscou e ficou confusa. Por que Lucas queria adicioná-la?Ele era amigo íntimo de Rafael, mas ela e Lucas quase não se conheciam…Já tinham jantado juntos várias vezes, mas as conversas entre eles eram poucas. Após hesitar um pouco, Júlia aceitou o pedido, p