— Sai daqui!— Rafael...— Eu mandei você sair, não ouviu? — A voz de Rafael ecoou fria e implacável.Viviane mordeu o lábio com força, tremendo de frustração e constrangimento. Seu corpo inteiro parecia vacilar sob o peso das palavras dele. Mas Rafael não demonstrava a menor compaixão. Seus olhos eram duros como pedra.— E mais uma coisa. — Ele acrescentou, sem o menor traço de piedade. — Daqui pra frente, sem a minha permissão, você não entra mais neste quarto. Está ouvindo?— Por quê? — Viviane levantou o rosto, os olhos marejados de lágrimas. — Este é o quarto principal. Deveria ser o nosso quarto. Por que eu não posso entrar?— Nosso? — O sorriso de Rafael, agora, era quase cruel. — Você acha que tem esse direito?Viviane deu um passo em falso, sentindo as pernas fraquejarem. Parecia que iria desabar a qualquer momento. Mas Rafael sequer fez menção de ajudá-la. Pelo contrário, seus olhos mostravam um desprezo claro, como se estivesse assistindo a uma cena de teatro mal encenada, e
— Que remédio?— Aquele... Sabe, que faz o homem... Sentir desejo.Do outro lado da linha, houve um breve silêncio de dois segundos, seguido por uma risada debochada.— Então você chegou ao ponto de precisar dar remédio pra um homem sentir interesse por você?Viviane ficou furiosa, a vergonha queimando suas bochechas.— Só me diz se consegue ou não, o resto não é da sua conta!— Espera aí. — E com essas palavras, a pessoa do outro lado desligou o telefone abruptamente.Viviane ficou deitada na cama, olhando para o teto. Até o teto da casa dos ricos era decorado de um jeito bonito, com detalhes que ela nunca teria imaginado. Depois de experimentar essa vida de luxo, ela sabia que jamais aceitaria voltar ao que tinha antes.Ela precisava conquistar o coração de Rafael. De qualquer jeito.…Na manhã seguinte, Júlia acordou, fez sua higiene matinal e preparou o almoço antes de sair para o laboratório. Ela passou a manhã inteira ocupada, mas ao final, já tinha completado duas rodadas de dad
Júlia assentiu:— Beleza. Vou mandar o endereço no grupo. Daqui a pouco vou comprar as coisas, e vocês vêm depois que terminarem.— Claro!Alan perguntou:— Será que devíamos avisar o José?Andressa respondeu:— Você Avise.Então Alan pegou o celular e disse:— Vou perguntar se ele já saiu da aula…Às duas da tarde, Júlia fechou o computador, organizou a bancada do laboratório e saiu discretamente.Logo ao sair, deu de cara com José.Ele perguntou:— Vai fazer compras?Júlia ficou surpresa:— Você já sabia?— Sim, o Alan mandou uma mensagem. Vamos lá.José ficou confuso por um momento e depois disse:— Não ia ao mercado? Posso te levar de carro.— Hoje não está ocupado?— Nada demais.Ele poderia estar ocupado, ou não. Dependia de quem for acompanhado.Júlia sorriu e concordou:— Certo, obrigada.Ela ainda estava pensando em chamar um táxi, mas José apareceu como uma bênção, economizando sua corrida.E no final, Júlia não economizou só dinheiro, mas também o esforço.José carregou toda
Andressa ficou um tempo sem palavras, parecendo muito surpresa.Os outros estavam igualmente atônitos.Arthur olhou de José para Júlia, como se tivesse acabado de descobrir algum segredo impressionante:— Pro… professor…Amanda apertou os lábios, com um olhar frio.Alan saiu do choque e foi direto ao ponto e perguntou:— E aí, José, o que está acontecendo?José respondeu calmamente:— Ajudando, não está vendo?Ao ouvir isso, Alan brincou meio a sério:— Pelo visto, você está ajudando até na casa da Júlia, você é muito responsável.José deu de ombros:— Parente distante não vale mais que um vizinho próximo. Pelo menos é melhor do que alguém que só chega para comer.— Vizinho próximo? Como assim?Júlia explicou:— O professor mora ao lado, somos vizinhos de porta. Hoje à tarde, quando saí do laboratório e ia ao mercado, encontrei ele e ele se ofereceu para me levar de carro.Andressa suspirou aliviada:— Ah, entendi.Por pouco ela não pensou que tinha algo entre os dois!Foi um susto e t
José ajustou os óculos, mantendo uma expressão impassível.No segundo seguinte, Lucas atravessou a rua e foi ao encontro de Júlia:— Estava indo te procurar, mas olha só, dei sorte de te encontrar aqui.— Há algo errado?— Sim.Ele assentiu com um semblante sério:— Podemos conversar em um lugar mais reservado?Júlia olhou para José, e Lucas também virou o olhar para ele:— Que coincidência, professor José, nos encontramos de novo.José respondeu com frio:— Não é coincidência. Se você está procurando a Júlia, é fácil me encontrar também.Lucas parou um instante e estreitou os olhos.José encarou de volta, sereno, sem desviar o olhar.Júlia olhou rapidamente o relógio:— Meia hora é o suficiente?— Sim.— Vamos àquela cafeteria ali em frente.Por aqui, as cafeterias e restaurantes são os mais comuns. Como ainda não era hora de as aulas terminarem, os estudantes não estavam todos nas ruas.Estava até tranquilo.Júlia se sentou e foi direta:— Diga logo o que é.Lucas disse:— Enquanto i
Lucas percebeu de imediato a intenção de José em relação à Júlia, afinal, ambos eram homens.Mesmo que essa intenção não fosse óbvia, ele tinha certeza de que existia.E só o fato de existir já era o suficiente para não escapar dos olhos atentos de Lucas.Ele parou abruptamente e se virou. Júlia, que vinha um passo atrás, quase esbarrou nele, mas conseguiu se equilibrar a tempo.Lucas olhou para ela:— Desculpa, esqueci de uma coisa.Júlia ficou confusa:— O quê?No instante seguinte, ele colocou um copo de café quente nas mãos dela.O calor através do copo surpreendeu Júlia, e ela olhou para ele com confusa.Lucas disse com sorrio:— Segura bem. Se derrubar, não é problema meu.Ela perguntou com intrigada:— Quando você comprou isso?Ela lembrou que estiveram o tempo todo sentados frente a frente e que ele nem tinha feito pedido.Lucas sorriu de canto:— Segredo.Júlia assentiu:— Vi que está tão acostumado, imagino que use esse truque para impressionar garotas.— Errou. Esse truque s
Lucas continuou:— Se não for o suficiente, eu tenho mais aqui. Uma hora atrás, estávamos conversando numa cafeteria perto da casa dela. Tudo verdade, podem investigar.André deu uma olhada para o lado, onde um certo alguém já estava de cara fechada, agora ainda dá tempo de desligar o viva-voz?Lucas fez questão de provocar mais um pouco:— Ouviram direito? Precisa que eu repita? Talvez alguém queira gravar para estudar depois.André disse em sua mente:“Por favor, não precisa!”E disse:— Então… Lucas, sei que está ocupado. Vou desligar, ok?Sem esperar resposta, André desligou o telefone rápido.Lucas soltou uma risada, pisou fundo e acelerou.André falou com cautela:— Rafa… não escuta o que ele disse, pode nem ser verdade…Rafael estava com a expressão impassível, virou e voltou para o salão privado.André o seguiu rapidamente, pensando consigo: “Pronto, agora complicou…”Bruno estava sentado no sofá, observando a cena e fazendo sinais discretos para André: o que aconteceu? Foi só
Rafael olhou para ela de cima a baixo e soltou uma risada sarcástica:— Não estava com dor de estômago? Pelo que vejo, você está bem normal.Viviane se sentiu exposta sob seu olhar penetrante:— É que sem você aqui, eu fico tão sozinha, não tenho com quem conversar…Ele a interrompeu friamente:— Se está se sentindo sozinha, vai estudar, fazer uma tarefa, qualquer coisa. Você não é estudante? Não precisa estudar para obter diploma de mestrado? Se tem tempo para estar aqui se lamentando, vai ajudar a Ana com o serviço da casa.Viviane engoliu em seco, sem palavras.Rafael a olhava com desdém, irritado pela mesquinhez do teatro dela. Já vi aquela cena tantas vezes, sempre o mesmo, sempre tão previsível e superficial!Ele se virou para sair, mas ela correu e o abraçou por trás, o corpo pressionando contra ele, as mãos envolvendo sua cintura.Rafael sentiu a suavidade em suas costas e as palavras de Viviane:— Por favor, Rafa, não vá embora. Sinto tanto a sua falta, faz tanto tempo que não