Júlia assentiu:— Beleza. Vou mandar o endereço no grupo. Daqui a pouco vou comprar as coisas, e vocês vêm depois que terminarem.— Claro!Alan perguntou:— Será que devíamos avisar o José?Andressa respondeu:— Você Avise.Então Alan pegou o celular e disse:— Vou perguntar se ele já saiu da aula…Às duas da tarde, Júlia fechou o computador, organizou a bancada do laboratório e saiu discretamente.Logo ao sair, deu de cara com José.Ele perguntou:— Vai fazer compras?Júlia ficou surpresa:— Você já sabia?— Sim, o Alan mandou uma mensagem. Vamos lá.José ficou confuso por um momento e depois disse:— Não ia ao mercado? Posso te levar de carro.— Hoje não está ocupado?— Nada demais.Ele poderia estar ocupado, ou não. Dependia de quem for acompanhado.Júlia sorriu e concordou:— Certo, obrigada.Ela ainda estava pensando em chamar um táxi, mas José apareceu como uma bênção, economizando sua corrida.E no final, Júlia não economizou só dinheiro, mas também o esforço.José carregou toda
Andressa ficou um tempo sem palavras, parecendo muito surpresa.Os outros estavam igualmente atônitos.Arthur olhou de José para Júlia, como se tivesse acabado de descobrir algum segredo impressionante:— Pro… professor…Amanda apertou os lábios, com um olhar frio.Alan saiu do choque e foi direto ao ponto e perguntou:— E aí, José, o que está acontecendo?José respondeu calmamente:— Ajudando, não está vendo?Ao ouvir isso, Alan brincou meio a sério:— Pelo visto, você está ajudando até na casa da Júlia, você é muito responsável.José deu de ombros:— Parente distante não vale mais que um vizinho próximo. Pelo menos é melhor do que alguém que só chega para comer.— Vizinho próximo? Como assim?Júlia explicou:— O professor mora ao lado, somos vizinhos de porta. Hoje à tarde, quando saí do laboratório e ia ao mercado, encontrei ele e ele se ofereceu para me levar de carro.Andressa suspirou aliviada:— Ah, entendi.Por pouco ela não pensou que tinha algo entre os dois!Foi um susto e t
José ajustou os óculos, mantendo uma expressão impassível.No segundo seguinte, Lucas atravessou a rua e foi ao encontro de Júlia:— Estava indo te procurar, mas olha só, dei sorte de te encontrar aqui.— Há algo errado?— Sim.Ele assentiu com um semblante sério:— Podemos conversar em um lugar mais reservado?Júlia olhou para José, e Lucas também virou o olhar para ele:— Que coincidência, professor José, nos encontramos de novo.José respondeu com frio:— Não é coincidência. Se você está procurando a Júlia, é fácil me encontrar também.Lucas parou um instante e estreitou os olhos.José encarou de volta, sereno, sem desviar o olhar.Júlia olhou rapidamente o relógio:— Meia hora é o suficiente?— Sim.— Vamos àquela cafeteria ali em frente.Por aqui, as cafeterias e restaurantes são os mais comuns. Como ainda não era hora de as aulas terminarem, os estudantes não estavam todos nas ruas.Estava até tranquilo.Júlia se sentou e foi direta:— Diga logo o que é.Lucas disse:— Enquanto i
Lucas percebeu de imediato a intenção de José em relação à Júlia, afinal, ambos eram homens.Mesmo que essa intenção não fosse óbvia, ele tinha certeza de que existia.E só o fato de existir já era o suficiente para não escapar dos olhos atentos de Lucas.Ele parou abruptamente e se virou. Júlia, que vinha um passo atrás, quase esbarrou nele, mas conseguiu se equilibrar a tempo.Lucas olhou para ela:— Desculpa, esqueci de uma coisa.Júlia ficou confusa:— O quê?No instante seguinte, ele colocou um copo de café quente nas mãos dela.O calor através do copo surpreendeu Júlia, e ela olhou para ele com confusa.Lucas disse com sorrio:— Segura bem. Se derrubar, não é problema meu.Ela perguntou com intrigada:— Quando você comprou isso?Ela lembrou que estiveram o tempo todo sentados frente a frente e que ele nem tinha feito pedido.Lucas sorriu de canto:— Segredo.Júlia assentiu:— Vi que está tão acostumado, imagino que use esse truque para impressionar garotas.— Errou. Esse truque s
Lucas continuou:— Se não for o suficiente, eu tenho mais aqui. Uma hora atrás, estávamos conversando numa cafeteria perto da casa dela. Tudo verdade, podem investigar.André deu uma olhada para o lado, onde um certo alguém já estava de cara fechada, agora ainda dá tempo de desligar o viva-voz?Lucas fez questão de provocar mais um pouco:— Ouviram direito? Precisa que eu repita? Talvez alguém queira gravar para estudar depois.André disse em sua mente:“Por favor, não precisa!”E disse:— Então… Lucas, sei que está ocupado. Vou desligar, ok?Sem esperar resposta, André desligou o telefone rápido.Lucas soltou uma risada, pisou fundo e acelerou.André falou com cautela:— Rafa… não escuta o que ele disse, pode nem ser verdade…Rafael estava com a expressão impassível, virou e voltou para o salão privado.André o seguiu rapidamente, pensando consigo: “Pronto, agora complicou…”Bruno estava sentado no sofá, observando a cena e fazendo sinais discretos para André: o que aconteceu? Foi só
Rafael olhou para ela de cima a baixo e soltou uma risada sarcástica:— Não estava com dor de estômago? Pelo que vejo, você está bem normal.Viviane se sentiu exposta sob seu olhar penetrante:— É que sem você aqui, eu fico tão sozinha, não tenho com quem conversar…Ele a interrompeu friamente:— Se está se sentindo sozinha, vai estudar, fazer uma tarefa, qualquer coisa. Você não é estudante? Não precisa estudar para obter diploma de mestrado? Se tem tempo para estar aqui se lamentando, vai ajudar a Ana com o serviço da casa.Viviane engoliu em seco, sem palavras.Rafael a olhava com desdém, irritado pela mesquinhez do teatro dela. Já vi aquela cena tantas vezes, sempre o mesmo, sempre tão previsível e superficial!Ele se virou para sair, mas ela correu e o abraçou por trás, o corpo pressionando contra ele, as mãos envolvendo sua cintura.Rafael sentiu a suavidade em suas costas e as palavras de Viviane:— Por favor, Rafa, não vá embora. Sinto tanto a sua falta, faz tanto tempo que não
Rafael chutou a tigela derrubada, quebrou-se com um estalo alto ao atingir o chão, o que fez Viviane tremer de medo.Ele continuou dizendo:— Já falei para você parar com essa palhaçada na minha frente! Vou te dar três segundos para subir para o seu quarto e sumir da minha frente.Ele apontou para o andar de cima, os olhos cheios de fúria.Viviane não ousou ficar ali mais nenhum segundo, tremendo, subiu as escadas apressadamente....Após o almoço, Júlia percebeu que sua relação com os colegas havia se tornado um pouco mais amigável, principalmente por conta de suas habilidades na cozinha.Tanto que agora, todos os dias, ela fazia questão de preparar um pouco mais de comida para o almoço, para que todos pudessem compartilhar um pouco.Andressa e outros colegas também começaram a retribuir a gentileza, ajudando-a em questões complexas dos experimentos por vezes.A mudança mais evidente, no entanto, era em Alan.Desde que Júlia leu e absorveu suas técnicas de cálculo rápido, o olhar dele
Júlia acabou claramente de acordar. Ela estava de pijama com estampa de ursinhos, com os olhos um pouco avermelhados.Ela deu um bocejo, ainda meio devagar, reagindo mais lenta que o normal.José perguntou com preocupado:— Te acordei?O prédio era antigo e as paredes deixavam passar sons de passos no corredor mesmo com a porta fechada. Ele achava que tinha feito barulho e a despertado.Júlia esfregou os olhos e balançou a cabeça:— Eu já estava para acordar. Já são seis e meia.Ela teria que sair com a mãe de Patrícia, Lívia Cunha, mais tarde para fazer compras, então acordou mais cedo para ler artigos e buscar referências para a pesquisa.Notando o estado sonolento dela, José abaixou o tom da voz:— Ainda está cedo, você pode descansar mais um pouco.Antes mesmo de terminar a frase, percebeu que Júlia o olhava atentamente. Ele parou e perguntou:— Por que está me olhando assim?Júlia respondeu:— Você está resfriado, né?Ele soltou uma risadinha desconcertada:— Ah, não acreditava qu