Despertando, a atenção de Selene foi de imediato para Cedric, encontrando-o acordado. Com o coração carregado de gratidão, sem muito pensar, jogou-se nele, abraçando-o pelo pescoço com lágrimas nos olhos.
— Graças aos deuses, acordou! — Afastou-se e deslizou a mão pelo rosto dele, notando que tinha uma melhor aparência e as feridas tinham desaparecido. Seu olhar recaiu mais abaixo, onde deveria haver faixas cobrindo a ferida funda no peito. — Sumiu! — murmurou maravilhada ao ver as ataduras afastadas e somente uma cicatriz na pele. Ergueu o olhar brilhante de felicidade e voltou a abraça-lo eufórica. — Ayala te curou!
Cedric ergueu o olhar questionador para maga, sem saber ao certo o que dizer.
Acompanhando os orbes negros, Selene percebeu que não estavam sozinhos, que a poderosa feiticeira de ébano estava no recinto.
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O quarto estava mergulhado na semiobscuridade, apenas alguns raios do início da manhã penetravam pela fresta das pesadas cortinas. Cedric acordado muito antes do galo cantar, despertando o reino para o novo dia, contemplava Selene adormecida.Deslizando os dedos pelos fios loiro-platinados, se perdia na beleza do rosto sereno pousado em seu tórax, na respiração cadenciada, os cílios longos descansando, os lábios doces ligeiramente entreabertos, a suavidade de suas feições, quase etéreas na penumbra do quarto.Por um momento, Cedric se permitiu esquecer os deveres do reino e mergulhar na contemplação silenciosa da mulher que, apesar das circunstâncias, havia encontrado um lugar especial em seu coração.Havia algo mágico na maneira como ela repousava, como se seu sono tranquilo fosse capaz de dissipar as sombras que por tanto tempo assombraram Eszter e o
Ainda que deixar seu quarto representasse sofrer as mais diversas pressões, de lordes nervosos com a guerra batendo em seus portões, de súditos apavorados e de Ayala, Cedric juntou-se ao grupo de estratégia no salão real.Sabia que ouviria reclamações; receberia informes dos lordes sobre os cuidados em volta dos territórios; e a maga insistiria quando ficassem sozinhos que precisavam dos poderes curativos de Selene, que ele só necessitava convencer a jovem a aceitar intensas aulas para controlar a magia.Todos estavam preocupados com o recuou do rei Phelix, após dizimar os habitantes das terras do oeste, preocupação aumentada com o ataque contra ele.— Vejo que amanheceu melhor. Os cuidados de uma esposa devem fazer maravilhas — Tristan gracejou aproximando-se dele, de forma que fosse o único a ouvir seu comentário bem humorado.— Sim &mdash
Dando por encerrado a reunião estratégica, Cedric permaneceu próximo ao trono, observando os generais se retirarem com expressões insatisfeitas.A tensão da discussão após a rápida passagem de Selene no local ainda reverberava no ar, estando fixada nos olhos dourados da feiticeira Ayala ao solicitar uma conversa particular com o rei.— Sua atitude diante dos generais foi potencialmente perigosa — a feiticeira alertou ao ficarem sozinhos. — Ao defender Selene com tanta ferocidade pode gerar hostilidade com os lordes e o povo em um momento em que devemos nos unir.— Eles estavam desrespeitando Selene — retrucou ciente das implicações de suas ações e traço de arrependimento. — Avisei a toda Eszter inúmeras vezes nos últimos dias que não permitirei que continuem a destratá-la.Ayala fixou seu olhar penetran
Selene piscou confusa, processando a informação.— Impossível...! — balbuciou, olhando para as próprias mãos, pensando em quantas vezes tentou irradiar magia sem sucesso. — Desde a morte da minha mãe perdi a capacidade de curar...Segurando o rosto de Selene entre suas mãos como se fosse algo precioso e frágil, a fez olhá-lo.— Desde que chegou a Eszter tem emitido doses inconscientes de magia. Você me curou. Seu dom é extraordinário — indicou os dedos traçando os contornos suaves. — É por isso que insisto que deve ter aulas de magia. Para aprender a controlar e canalizar esse poder.— Mas... eu... — engoliu em seco, sentindo um bolor crescente e lágrimas quentes se formarem no canto dos olhos. — Eu não consigo... A ideia de usar magia me assusta...Foi atacada pelas lembranças d
A manhã chegou em Eszter, trazendo consigo os primeiros raios de sol que se infiltravam pelo quarto de Cedric. O Rei Corvo despertou suavemente, sentindo a maciez e o calor reconfortante em seu peito. Seus olhos encontraram Selene, ainda adormecida em seus braços.Acostumou-se fácil em ter a presença dela ao lado, notou ao hesitar em se levantar e aprontar-se para o novo dia. Com cuidado, Cedric acariciou suavemente os cabelos de Selene, perdendo-se na textura sedosa que deslizava entre seus dedos.Admirou a paz que transparecia no rosto dela. Recordações da noite anterior invadiram sua mente. Mesmo com intenções maiores que somente dormir, se contentou em estar ao lado dela em um momento de clara fragilidade, oferecer conforto e segurança após o pânico que acometeu Selene ao pensar em treinar magia.— O que fizeram com você?Seu olhar obscureceu ao imaginar Phelix e M
A atmosfera calma dentro do quarto de Selene contrastava com a agitação do lado de fora. Era estranho para ela estar, novamente, em uma espécie de prisão. Embora pudesse sair do quarto, não tinha autorização para ir além do palácio. Inspirou fundo, os dedos deslizando pelas penas de Aodh, admitindo que nem queria sair. Com seu pai atacando o povo e o rei de Eszter, permanecer ali era uma questão de segurança.A chegada de Cedric a animou, fazendo-a sair da apatia e correr para recepciona-lo.— Como você se sente? A ferida não dói? — questionou com um sorriso gentil que refletia o alívio de vê-lo bem e seguro.— Estou bem. Não se preocupe! — respondeu deslizando o polegar pela boca macia, encantando-se com o tom rosado na face de Selene.— Hoje você terá um longo dia antes do jantar no salão,
Mordendo o lábio inferior, Selene observou da porta as duas longas mesas dispostas nos extremos do salão, repletas de soldados, feiticeiros e empregados de patente alta da fortaleza.Um espetáculo de vozes animadas, cintilantes esferas por todo teto e mesas fartas. O aroma do banquete pairava no ar. A cada risada e conversa trocada entre os presentes, a pressão aumentava nela. Sentia-se mais segura e confortável mantendo-se afastada, só lidando com os poucos empregados que teve contato nos últimos dias.No fundo do salão estava Cedric, com sua própria mesa e cadeiras para pessoas importantes da base de seu reinado. A sua direita estava Ayala, seguida por um homem que ela desconhecia. A esquerda havia uma cadeira vazia e logo depois Tristan.— A senhora ocupará o lugar a esquerda do Rei — Patry indicou atrás dela, notando a insegurança no olhar de sua senhora.P
Ao caminharem lado a lado em direção as acomodações reais, Selene ficou consciente de que, com ambos restabelecidos, e por ela ter concordado em dormirem juntos, Cedric, acabaria exigindo seus direitos de marido. Sentia que o amava, mas não sabia o que esperar, o que era esperado dela. Nas outras noites pareceu tão simples, ficaram conversando, ele a consolou a respeito de seus medos. Mas agora, com ele querendo que ela assumisse seu papel no reino, havia muitas questões perturbando-a a cada passo aproximando-os do quarto dele.Sentindo a mudança corporal dela, e reconhecendo os sinais de pânico reluzindo nas íris azuladas, Cedric, imaginou quais eram os receios povoando a mente da esposa.Ela o aceitar em sua cama, não queria necessariamente dizer que o queria carnalmente.Ao atravessarem a porta, Cedric, a fechou com o pé e, inesperadamente sentou na cama puxando Selene para seu