Mordendo o lábio inferior, Selene observou da porta as duas longas mesas dispostas nos extremos do salão, repletas de soldados, feiticeiros e empregados de patente alta da fortaleza.
Um espetáculo de vozes animadas, cintilantes esferas por todo teto e mesas fartas. O aroma do banquete pairava no ar. A cada risada e conversa trocada entre os presentes, a pressão aumentava nela. Sentia-se mais segura e confortável mantendo-se afastada, só lidando com os poucos empregados que teve contato nos últimos dias.
No fundo do salão estava Cedric, com sua própria mesa e cadeiras para pessoas importantes da base de seu reinado. A sua direita estava Ayala, seguida por um homem que ela desconhecia. A esquerda havia uma cadeira vazia e logo depois Tristan.
— A senhora ocupará o lugar a esquerda do Rei — Patry indicou atrás dela, notando a insegurança no olhar de sua senhora.
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Ao caminharem lado a lado em direção as acomodações reais, Selene ficou consciente de que, com ambos restabelecidos, e por ela ter concordado em dormirem juntos, Cedric, acabaria exigindo seus direitos de marido. Sentia que o amava, mas não sabia o que esperar, o que era esperado dela. Nas outras noites pareceu tão simples, ficaram conversando, ele a consolou a respeito de seus medos. Mas agora, com ele querendo que ela assumisse seu papel no reino, havia muitas questões perturbando-a a cada passo aproximando-os do quarto dele.Sentindo a mudança corporal dela, e reconhecendo os sinais de pânico reluzindo nas íris azuladas, Cedric, imaginou quais eram os receios povoando a mente da esposa.Ela o aceitar em sua cama, não queria necessariamente dizer que o queria carnalmente.Ao atravessarem a porta, Cedric, a fechou com o pé e, inesperadamente sentou na cama puxando Selene para seu
Pego de surpresa com a presença de Selene naquela área, Cedric fitou Tristan com o cenho franzido, culpando-se por não ter avisado o melhor amigo para mantê-la longe dali.Segurando o aborrecimento, despediu-se de Gael e de Tristan, e entrelaçou a mão na dela para saírem para longe dali.— Tristan... — Selene murmurou olhando para trás, em que o amigo a fitava com o semblante culpado.— Ficará bem — Cedric disse marchando com ela para longe. — Precisamos conversar.— Se for sobre meu... o rei de Magdala, não precisa — disse desanimada.Puxando-a para dentro de um cômodo, que logo Selene percebeu se tratar de um escritório, Cedric deslizou os dedos pelo cabelo, os olhos fixos nela com desanimo.— Gael foi precipitado em seu comentário, resolveremos esse caso sem a necessidade de mortes — Cedric falou a
O aroma tentador do pão recém-assado e das frutas frescas na mesa pairava no ar do quarto de Cedric. Desfrutando o desjejum com Selene, o silêncio era quebrado apenas pelo som suave dos pássaros lá fora e ocasionalmente pelos grasnos de Aodh solicitando a atenção da jovem.Perturbado pelo sono agitado de Selene, após o pesadelo que os despertou de madrugada, Cedric questionou controlando o tom de voz:— Selene, por que você tem tanto medo do Mamba. É só por causa do acha que ele fez com Phelix, ou ele fez algo grave contra você? — questionou com olhar atento, a raiva queimando em seu centro elemental só em imaginar que a resposta fosse a segunda opção.Fugindo do olhar dele, o que aumentou as suspeitas e temores de Cedric, Selene continuou a dar frutas para Aodh enquanto respondia melancólica:— Não “acho”, sei
No escritório que ganhou para cuidar das necessidades da fortaleza, de forma a se entrosar com os populares, Selene revisava a lista de afazeres. Era uma forma de esquecer os problemas pessoais, ignorar os falatórios, olhares velados, e ser útil ao reino naquele momento delicado.Benji, o mordomo, estava atento, pronto para atender às necessidades da jovem rainha e responder suas dúvidas. Selene segurava a lista com delicadeza, enquanto Patry permanecia ao seu lado em silêncio, aguardando os pedidos de sua senhora.Enquanto discutiam os detalhes a respeito do estoque de grãos e carnes – que Benji assinalou serem para o inverno, mas Selene sabia que o motivo era a preocupação com o retorno da guerra -, o pajem de Cedric entrou apressadamente no escritório.O jovem de cerca de quinze primavera se curvou respeitosamente diante das três figuras presentes, mantendo a cabeça baixa
Chegando ao topo, Cedric a pousou no chão e em um instante uma sombra saiu do peito dele, indo pousar no ombro de Selene.— Amorzinho! — o corvo soltou afagando o rosto dela com a cabeça.— Aodh...! — murmurou olhando impressionada para a ave. — É através dele que consegue as asas?Cedric confirmou, estendendo a mão para ela.— A Montanha do Corvo abriga vários espécimes carregados de magia e poder, principalmente corvos, e é costume em minha família o rei conectar seu centro elemental a de um deles — iniciou entrelaçando seus dedos e levando-a para o local que desejava.— O que significa conectar o centro elemental?— Meu centro elemental e o de Aodh são um, batendo na mesma sintonia e dividindo o mesmo poder. — Analisou o corvo mexendo suavemente nos fios loiro-platinados, como uma carícia
Contando com as demonstrações de Cedric de que estavam a caminho de uma relação em que era vista como pessoa, e não a extensão da perversidade feita contra o povo de Eszter, Selene afastou o temor de que a qualquer momento seria novamente rejeitada por ele.— Cedric, porque o reino segue o formato da Constelação Corvus? — perguntou para tirá-lo do transe, corando ao perceber que talvez chama-lo de forma ínttima naquele momento não seria o ideal. — Quer dizer... Rei Cedric... É que percebo que Eszter tem muitas conexões com corvos, então pensei...Inclinando-se, Cedric a interrompeu tomando os lábios dela com os seus em um beijo amoroso. Ao erguer o rosto, o brilho vermelho tinha se extinguido e um suave sorriso enfeitava sua boca.— Gosto que me chame de Cedric — disse esfregando o nariz contra o dela devagar, a respiraç&a
Compartilhando o lanche, rindo e conversando, Selene e Cedric só notaram o passar das horas quando o céu adquiriu tonalidade alaranjada, indicando que o entardecer se iniciava. Estavam prestes a ir embora quando Selene, dando uma última olhada para a paisagem, viu uma bela flor de largas pétalas alaranjadas, quase âmbar, desabrochando no penhasco não muito longe.— Que linda! — exclamou gostando muito das cores por lhe causar uma sensação de familiaridade. Os olhos de sua mãe tinha exatamente aquela cor.Percebendo seu fascínio pelo lírio e sabendo que devia muito a ela, pois o tinha curado de um ferimento grave, Cedric tirou a capa e pousou a cesta no chão.— O que foi? — Selene questionou estranhando seu comportamento.— Fique bem aqui — pediu dando um beijo rápido nos lábios dela antes de se encaminhar para o penhasco.
E não era nada boa a notícia. As notícias fizeram Cedric, chamar Ayala, Tristan e Gael ao salão do trono.Assim que os dois chegaram, Kinur, diferente do que fez na presença de Selene, informou o que havia no bilhete deixado na muralha.— As plantações de trigo que ficam no sudeste foram devastadas por Ogros e goblins. O povo que habita aquela parte sofreu grandes perdas, além dos grãos, aldeões foram sequestrados e mortos, moradias e até o Lar da Fé foram demolidos e queimados.— Os selos não funcionaram — Ayala soltou entredentes, aborrecida por não ter recebido nenhum alerta.Tinha enviado aprendizes para cobrir cada canto do reino, colocar selos que envolveriam Eszter e alertariam intrusos. Porém, para que um ataque de tamanha magnitude ocorresse, significava que um ser poderoso corrompeu a magia protetiva. Também havia out